sábado, 31 de outubro de 2009

Pedófilo confessa crimes na Internet


O chefe da secretaria da Escola EB 2,3 de Alcanede, Santarém, que está em prisão preventiva indiciado de ter abusado sexualmente de, pelo menos, cinco rapazes com idades entre os 12 e os 14 anos, escreveu uma carta a assumir os crimes mas diz ser vítima de uma cabala por "miúdos ávidos de dinheiro". Fernando Vitorino enviou o manuscrito ao portalwww.alcanedefreguesia.com, onde está publicado na integra.

O alegado pedófilo, de 56 anos, foi detido no dia 3 de Outubro quando estava numa boda que se realizou no Castelo de Alcanede, estando indiciado de vários crimes de abuso sexual de crianças, actos sexuais com adolescentes e recurso à prostituição de menores.

Na sua carta, Fernando Vitorino começa por dirigir-se aos dois autores do portal da freguesia de Alcanede, pedindo-lhes que divulguem o seu texto, que classifica como "um pouco saudosista e talvez poético" em virtude da "difícil situação" em que se encontra.

O autor da carta não nega os crimes de que está indiciado mas defende-se dizendo ter sido "nitidamente alvo de uma cabala organizada por miúdos ávidos de dinheiro e outras coisas, para alimento dos seus vícios".

"Embora, em consciência, não me sinta 100% culpado (...) a minha voz não é ouvida e sei que vou passar muitos anos nesta situação", escreve o homem, que a seguir se dirige aos amigos pedindo-lhes "perdão" por ter traído a sua confiança, o que o faz sentir-se "sujo e vazio".

Os seus dias na cadeia da Polícia Judiciária de Lisboa, relata, são passados a conversar com o companheiro de cela e a ler jornais e revistas já desactualizados. "Nem os resultados das eleições sei. Estou completamente afastado do Mundo. Talvez seja isso que mereça", escreve. É através de orações que Fernando Vitorino encontra "coragem para enfrentar o dia-a-dia", contando o tempo através do seu relógio de pulso.

"A minha vida terminou no passado dia 3 de Outubro.

Embora, em consciência, não me sinta 100% culpado, porque fui nitidamente alvo de uma cabala organizada por miúdos ávidos de dinheiro e outras coisas, para alimento dos seus vícios. A minha voz não é ouvida e sei que vou passar muitos anos nesta situação.

De qualquer modo, amigos, sinto-me sujo, vazio. Sinto que nunca mais vou conseguir olhar, olhos nos olhos os meus amigos. Sinto-me um traidor da confiança que tinham em mim e do valor que me atribuíam e que agora concluíram ser inócuo.

Peço-vos perdão e agradeço que transmitam este meu pedido aos meus amigos com quem convivi.

Aqui, tenho como companhia, as minhas orações a pedir coragem para enfrentar o dia-a-dia, o meu companheiro de cela e os jornais e revistas, já desactualizados, que me vão chegando por outros reclusos.

Nem os resultados das eleições sei. Estou completamente afastado do mundo. Talvez seja isso que mereça. Desculpem a letra, estou nervoso e emocionado.

Bem Hajam

Fernando Vitorino

22/10/2009 (Tenho relógio com calendário e horas enquanto duram as pilhas)". n


A investigação da Polícia Judiciária, que se prolongou por várias semanas, foi desencadeada por denúncias de cinco encarregados de educação de alunos da escola onde o alegado pedófilo trabalhava. A detenção ocorreu num sábado.

Segundo fonte policial, Fernando Vitorino atraía as vítimas para a sua residência, no Bairro dos Mortais, nos arredores de Alcanede. Em troca dos actos de cariz sexual oferecia-lhes dinheiro, roupa e outros artigos caros. Todas as vítimas são do sexo masculino.

Fernando Vitorino é solteiro, vivia sozinho e trabalhou 16 anos naquela escola de Alcanede. Antes foi funcionário da junta de freguesia, de onde saiu para se candidatar ao executivo. Quem o conhece diz que tem "uma orientação sexual diferente".

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