segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Notícia - Turismo em Portugal - Portinho da Arrábida
É um verdadeiro paraíso à beira-mar plantado. A 14 quilómetros de Setúbal, o Portinho da Arrábida é uma baía magnífica e foi declarada como uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, na categoria de Praia e Falésias. A praia é de uma beleza incomparável, com a areia branca e fina e as águas transparentes e luminosas a contrastar com a imponente austeridade da serra da Arrábida.
Informação retirada daqui
Notícia - Observações da sonda Messenger obrigam a repensar formação de Mercúrio
Não há nada como ver os objectos de perto para os conhecer melhor, e a última vez que se olhou com atenção para Mercúrio foi há 37 anos, com a sonda Mariner 10. Teorias sobre o planeta mais pequeno do Sistema Solar foram feitas a partir destes resultados, mas tudo mudou com a Messenger. A sonda lançada em 2004 começou a orbitar o planeta a 18 de Março deste ano e os dados dos primeiros 90 dias já obrigaram os cientistas a deitar fora aquelas teorias, de acordo com sete artigos publicados nesta quinta-feira na revista Science.
“A presença em abundância de enxofre e potássio na superfície de Mercúrio mostra que o planeta não sofreu as altas temperaturas no início da sua história que pareciam prováveis nas teorias sobre a formação de Mercúrio”, disse Sean Solomon, um dos vários autores dos sete artigos, que trabalha no Instituto Carnegie, em Washington, e que foi o cientista escolhido pela Science para comentar o trabalho, através de um podcast.
Solomon explica que o tamanho de Mercúrio e as forças gravíticas entre os planetas do Sistema Solar levaram gerações de cientistas a concluir que a quantidade de ferro presente no planeta tinha que ser muito maior do que a que existe nos outros planetas do interior do Sistema Solar - Vénus, Terra e Marte. Ou seja, Mercúrio é um planeta densíssimo, com um terço do diâmetro da Terra, com imenso ferro. Em 1974, a Mariner 10, que fez três aproximações a Mercúrio - mas que nunca orbitou o planeta como a Messenger - confirmou esta visão.
As teorias que foram nascendo sobre a sua formação envolviam ou altas temperaturas vindas do Sol, que queimaram uma parte mais externa e mais rochosa do planeta e deixaram a versão mais pequena e mais metálica que hoje conhecemos, ou um outro objecto com um tamanho semelhante ao de Mercúrio que embateu contra este e arrancou essa camada mais rochosa, com a ajuda de altas temperaturas. Em ambos os casos e de acordo com o que se sabe hoje, se isto realmente tivesse acontecido, grande parte do potássio e do enxofre que se encontrou agora à superfície do astro teria sido volatilizada. Por isso, o cientista é peremptório: há que “repensar todas as ideias sobre a formação de Mercúrio”.
Um espectrómetro de raio-X foi o instrumento que permitiu medir estes elementos na superfície do planeta e faz parte dos seis instrumentos principais da Messenger, cujo nome é uma espécie de acrónimo para Mercury Surface, Space Environment, Geochemistry and Raging.
Os instrumentos trouxeram mais surpresas. Os cientistas descobriram uma camada de lava solidificada que cobre seis por cento da área do planeta, o equivalente a três quintos dos Estados Unidos, e tem uma espessura de mais de um quilómetro. A lava brotou de rachas na superfície em grandes quantidades, num fenómeno de vulcanismo que durou pouco tempo e aconteceu entre 3,5 e quatro mil milhões de anos atrás. Esta lava seria tão quente que derretia a superfície, provocando sulcos.
A equipa também descobriu uma paisagem nunca vista, formada por muitos buracos sem bordas salientes, que ocorrem em zonas de substratos brilhantes no meio de crateras de impacto de meteoritos. “A melhor explicação é que há um material destes depósitos que sublimou”, defendeu Solomon. As altas temperaturas diurnas de Mercúrio podem ter volatilizado alguma substância, formando estas concavidades. Isto mostra que ainda “é possível que Mercúrio esteja geologicamente activo”, disse o cientista, acrescentando que a sua superfície pode estar a alterar-se pela perda de alguns materiais.
A sonda tem pelo menos mais seis meses de observação, se a NASA não quiser prolongar os trabalhos. Solomon espera que prolongue. O Sol está a atingir o pico do seu ciclo de actividade e, segundo o cientista, é um privilégio ter um observatório que testemunha esta interacção com o planeta mais próximo da sua estrela. Isto e tentar perceber como é que astros irmãos como Mercúrio, Vénus, Marte e Terra são hoje tão diferentes.
domingo, 5 de fevereiro de 2017
Notícia - Turismo em Portugal - Montalegre
Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, esta região oferece deslumbrantes paisagens, em que a Natureza ainda conserva todo o seu encanto. A vila de Montalegre é dominada pelo castelo construído no séc. XIII sobre restos de uma fortificação mais antiga, o que demonstra a importância deste local como ponto estratégico de defesa do território.
Nas redondezas, junto à típica aldeia comunitária de Pitões das Júnias, o pequeno e curioso Mosteiro de Santa Maria das Júnias, hoje em ruínas pertenceu à Ordem de Cister (sécs. XIII-XIV). Sob o ponto de vista gastronómico, Montalegre é famosa pela produção de enchidos e presunto, sendo a Feira do Fumeiro que se realiza anualmente em Janeiro, a oportunidade ideal para adquirir estas iguarias
Informação retirada daqui
Notícia - XMM Newton - Uma década de descobertas
O satélite de observação de Raio-X XMM Newton da ESA celebra uma década de descobertas de astronomia, desde as estrelas que nos estão próximas aos buracos negros bastante afastados.
Conteúdo - Grécia Antiga 2
A atitude de Sócrates acabou por lhe custar a vida. Seus adversários conseguiram levá-lo a julgamento por impiedade e corrupção de jovens. Sócrates foi condenado à morte – mais especificamente, a envenenar-se com cicuta. Segundo o relato de Platão, o seu mais famoso discípulo, Sócrates cumpriu a sentença com absoluta serenidade e destemor.
Coube a Platão levar adiante os ensinamentos do mestre e superá-los. Platão realiza a primeira grande síntese da filosofia grega. Em seus diálogos, combinam-se as antigas questões dos pré-socráticos com as urgentes questões morais e políticas, o discurso racional com a intuição mística, a elucubração lógica com a obra poética, os mitos com a ciência.
Segundo Platão, os nossos sentidos só nos permitem perceber uma natureza caótica, em que as mudanças e a diversidade aparentam não obedecer a nenhum princípio regulador; mas a razão, ao contrário, é capaz de ir além dessas aparências e captar as formas imutáveis que são as causas e modelos de tudo o que existe. A geometria fornece um bom exemplo. Ao demonstrar seus teoremas os geômetras empregam figuras imperfeitas. Por mais acurado que seja o compasso, os desenhos de círculos sempre conterão irregularidades e imperfeições. As figuras sensíveis do círculo estão sempre aquém de seu modelo – e esse modelo é a própria ideia de círculo, concebível apenas pela razão. O mesmo ocorre com os demais seres: os cavalos que vemos são todos diferentes entre si, mas há um princípio unificador – a ideia de cavalo – que nos faz chamar a todos de cavalos. Com os valores, não seria diferente. As diferentes opiniões sobre questões morais e estéticas devem-se a uma visão empobrecida das coisas. Os que empreenderem uma busca sincera alcançarão a concepção do Belo em si mesmo e do Bem em si mesmo.
Ao contrário do que o termo "ideias" possa sugerir, Platão não as considera como meras construções psicológicas; ao contrário, ele lhes atribui realidade objetiva. As ideias constituem um mundo suprassensível – ou seja, uma dimensão que não podemos ver e tocar, mas que podemos captar como os “olhos” da razão. Essa é a famosa teoria das ideias de Platão. Ele a ilustra numa alegoria igualmente célebre – a alegoria da caverna.
Platão nos convida a imaginar uma caverna em que se acham vários prisioneiros. Eles estão amarrados de tal maneira que só podem ver a parede do fundo da caverna. Às costas dos prisioneiros há um muro da altura de um homem. Por trás desse muro, transitam várias pessoas carregando estátuas de diversas formas – todas elas são réplicas de coisas que vemos cotidianamente (árvores, pássaros, casas etc.). Há também uma grande fogueira, atrás desse muro e dos carregadores. A luz da fogueira faz com que as sombras das estátuas sejam projetadas sobre o fundo da parede. Os barulhos e falas dos carregadores reverberam no fundo da caverna, dando aos prisioneiros a impressão de que são oriundos das sombras que eles veem. Nessa situação imaginária, os prisioneiros pensariam que as sombras e os ecos constituem tudo o que existe. Como nunca puderam ver nada além das sombras projetadas na parede da caverna, acreditam que apenas as sombras são reais.
Após apresentar esse cenário, Platão sugere que, se um desses prisioneiros conseguisse se libertar, veria, com surpresa, que as estátuas que sempre estiveram atrás dos prisioneiros são mais reais do que aquelas sombras. Ao sair da caverna, a luz o ofuscaria; mas, após se acostumar com a claridade, veria que as coisas da superfície são ainda mais reais do que as estátuas. Esse prisioneiro que se liberta é o filósofo, e a sua jornada em direção à superfície representa a o percurso da razão em sua lenta ascensão ao conhecimento perfeito.
sábado, 4 de fevereiro de 2017
Notícia - Google defronta o iPhone

A principal novidade do telemóvel da Google não é propriamente o aparelho mas o sistema operacional que o equipa, o Android. Uma aposta da Google num futuro em que mais pessoas vão ligar-se à internet por meio do telemóvel.
O G1, que ameaça destronar o iPhone, é um desses aparelhos com sistema operativo da Google e equipamento móvel da HTC. Chegou às lojas norte-americanas em Outubro do ano passado, com um preço de 200 dólares (155,20 euros) e obrigatoriedade de um contrato com a T-Mobile de dois anos.
Um mês depois chegava ao Reino Unido mas o resto da Europa deverá tê-lo, talvez numa versão actualizada e em telefones de várias marcas – HTC, LG, Motorola, Samsung e Sony Ericsson estão preparadas para lançar telemóveis com a plataforma Google – ainda no primeiro semestre deste ano. As confirmações de operadores ou fabricantes de telemóveis são nulas sobre o início da comercialização no nosso país. Continuam as negociações, dizem entretanto.
Para já, foram precisos três gigantes nas indústrias respectivas para apresentar um dispositivo capaz de competir com o iPhone da Apple. A T-Mobile vai garantir a distribuição do G1 pelo Mundo fora com tarifas interessantes, a Google desenvolveu a plataforma livre Android, permitindo assim à comunidade de programadores desenvolver aplicações eficazes e gratuitas, e a HTC forneceu um hardware capaz de tirar proveito das possibilidades do Android.
Na maioria dos telemóveis, os sistemas só podem ser alterados pelo fabricante. Trabalhar com um sistema operacional aberto é parte da estratégia da Google para transformar o Android na plataforma-padrão dos telemóveis no Planeta. Com isso, os programadores podem explorar e modificar códigos em todos os níveis do software, tornando o sistema cada vez mais atraente, divertido e rico em possibilidades.
A Google não ganha dinheiro directamente com o sistema operacional mas a audiência que atrai para os seus sites é garantia de lucro com a publicidade on-line, que representa 98% da facturação da empresa. O Android é também uma forma de a Google manter a sua supremacia na internet.
O telemóvel é uma história de sucesso. Poucas invenções podem orgulhar-se de uma adesão tão rápida pelos consumidores, que hoje o consideram um elemento fundamental da vida moderna. A par da internet, é uma das mais importantes revoluções tecnológicas.
Em 1973, a 3 de Abril, Martin Cooper, investigador da Motorola, efectuou a primeira chamada móvel. Em passeio pelas ruas de Nova Iorque, Cooper utilizou um protótipo de telemóvel que, 10 anos depois, viria a dar origem ao primeiro modelo destinado ao grande público: o DynaTAC 8000X, com o preço de 4000 dólares e um peso de quase um quilo! A bateria durava apenas para 20 minutos, o suficiente já que ninguém aguentava mais tempo com um quilo na mão...
A grande atracção do Google G1 é o sistema operacional Android, feito para ser também utilizado noutros ‘smart-phones’. Mais que um telemóvel, o G1 é uma máquina portátil de acesso à internet.
O Android é um sistema operacional aberto. Pode ser modificado e personalizado por qualquer programador.
Contactos, compromissos e arquivos não ficam guardados no telemóvel mas na conta on-line do Google.
O sistema de GPS localiza os contactos que estão on-line e mostra no Google Maps em que parte da cidade cada um deles está. Útil para localizar os filhos, o cônjuge ou outros familiares.
A câmara do telemóvel lê códigos de barras de produtos e compara preços na internet.
O Google Maps mostra quais as praças de táxi mais próximas. Para chamar um táxi, basta clicar no link que aparece no mapa.
Mário Gil
Conteúdo - República, Estado Novo e democracia
A República é pouco depois instaurada, a 5 de outubro de 1910 e o jovem rei D. Manuel II parte para o exílio em Inglaterra. Após vários anos de instabilidade política, com lutas de trabalhadores, tumultos, levantamentos, homicídios políticos e crises financeiras (problemas que a participação na Primeira Guerra Mundial contribuiu para aprofundar), o Exército tomou o poder, em 1926. O regime militar nomeou ministro das Finanças António de Oliveira Salazar (1928), professor da Universidade de Coimbra, que pouco depois foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros (1932).
Ao mesmo tempo que restaurou as finanças, instituiu o Estado Novo, regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo pelo menos até 1945. Em 1968, afastado do poder por doença, sucedeu-lhe Marcelo Caetano.
A recusa do regime em descolonizar as províncias ultramarinas resultou no início da guerra colonial, primeiro em Angola (1961) e em seguida na Guiné-Bissau (1963) e em Moçambique (1964). Apesar das críticas de alguns dos mais antigos oficiais do Exército, entre os quais o general António de Spínola, o governo parecia determinado em continuar esta política. Com o seu livro Portugal e o Futuro, em que defendia a insustentabilidade de uma solução militar nas guerras do Ultramar, Spínola seria destituído, o que agravou o crescente mal-estar entre os jovens oficiais do Exército, os quais, no dia 25 de abril de 1974 desencadearam um golpe de estado, conhecido como a Revolução dos Cravos.
A este sucedeu-se um período de confronto político muito aceso entre forças sociais e políticas, designado como Processo Revolucionário em Curso (PREC), com especial ênfase durante o Verão de 1975, a que se chamou Verão Quente, no qual o país esteve prestes a entrar em guerra civil. Foram feitos ataques às sedes de partidos de esquerda como o PCP. Neste período, Portugal concede a independência a todas as suas antigas colónias em África.
A 25 de novembro de 1975 diversos setores da esquerda radical (essencialmente pára-quedistas e polícia militar na Região Militar de Lisboa), provocados pelas notícias, levam a cabo uma tentativa de golpe de estado, que no entanto não tem nenhuma liderança clara. O Grupo dos Nove reage pondo em prática um plano militar de resposta, liderado por António Ramalho Eanes. Este triunfa e no ano seguinte consolida-se a democracia. O próprio Ramalho Eanes é no ano seguinte o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal. Aprova-se uma Constituição democrática e estabelecem-se os poderes políticos locais (autarquias) e governos autónomos regionais nos Açores e Madeira.
Entre as décadas de 1940–60, Portugal foi membro cofundador da NATO (1949), EFTA (1960) e OCDE (1961), saindo da EFTA em 1986, para aderir à então Comunidade Económica Europeia (CEE). Em 1999, Portugal aderiu à Zona Euro, e ainda nesse ano, entregou a soberania de Macau à República Popular da China. Desde a sua adesão à União Europeia, o país presidiu o Conselho Europeu por três vezes, a última das quais em 2007, recebendo a cerimónia de assinatura do Tratado de Lisboa.
Notícia - A Terra sob ameaça ... o perigo de 20 mil asteróides
Será um pedregulho espacial a causar o fim do mundo? Conversámos com Richard Binzel, especialista em meteoritos e asteróides do MIT, que criou um método para calcular as probabilidades de eles colidirem com a Terra.
Rochas informes de estranhas órbitas e obscuras intenções, os asteróides têm sido tradicionalmente considerados cidadãos de quarta categoria do Sistema Solar. Porém, os planos de Obama de enviar astronautas para sobrevoar a sua superfície e o lançamento de outras missões não-tripuladas (como a europeia Don Quijote) para desviar os mais perigosos estão a mudar a perspectiva que tínhamos desses corpos celestes. O astrónomo Richard Binzel, do Instituto Tecnológico do Massachusetts, explica por que motivo os asteróides não são assim tão sinistros. Binzel e outros investigadores, como Pierre Vernazza, da ESA, adiantaram várias hipóteses que mostram as rochas espaciais (e os seus representantes na Terra, os meteoritos) a uma nova luz.
As observações que efectuou em telescópios de infravermelhos, complementadas por estudos comparativos de meteoritos em laboratório, proporcionam várias conclusões interessantes. A primeira é que a “pedreira” de origem da maioria dos fragmentos que caem sobre o nosso planeta é a longínqua Cintura de Asteróides, situada entre Marte e Júpiter. Alberga numerosos objectos que datam da formação do Sistema Solar, há 4550 milhões de anos, e que não chegaram a transformar-se em planetas devido às perturbações gravitacionais de Júpiter. A segunda conclusão é que essa localização afecta não apenas a composição interna dos asteróides como as probabilidades de virem a colidir com a Terra, o que poderá ajudar-nos a encontrar formas de nos defendermos de um impacto devastador. Finalmente, Binzel e os seus colegas provaram que a gravitação terrestre pode, por sua vez, deixar marcas na superfície dos asteróides.
“É o caso do homem que morde o cão”, explica o especialista do MIT, acrescentando: “Os telescópios forneceram-nos dados sobre os chamados ‘objectos próximos da Terra’ [NEO, da sigla inglesa para near Earth objects], os quais são asteróides que viajam a menos de 48 milhões de quilómetros, e conseguimos comprovar que, se algum deles chegar a aproximar-se até uma distância de 95 mil quilómetros, pode sofrer um sismo suficientemente intenso para fazer subir rególitos (fragmentos rochosos, minerais e outros materiais não consolidados) até à sua superfície”.
Do mesmo modo que a atracção de Júpiter altera a fisionomia da sua lua Europa, a força de gravidade terrestre pode transformar um asteróide. “O mais surpreendente é que esse poder se manifeste em objectos que estão a uma distância que é 16 vezes o raio terrestre. A nossa gravidade é um milhão de vezes superior à desses corpos, mas, para a Terra poder produzir essa alteração, o asteróide tem de possuir determinada estrutura. Verifica-se apenas com os rochosos (os que qualificamos de classe S), e não com os de ferro fundido (classe M)”, esclarece Binzel. “Esses pedregulhos transformados por influência terrestre não se podem observar na Cintura de Asteróides, pois ficam obscurecidos pelo Sol; porém, quando se aproximam, tornam-se visíveis.”
A espectrografia dos asteróides modificados coincide com os meteoritos caídos no nosso planeta que foram estudados por Binzel em laboratório. Isso permitiu resolver um dilema, pois os astrónomos procuravam compreender por que motivo não se conseguia encontrar no espaço asteróides compatíveis com os meteoritos descobertos na Terra. Quem poderia imaginar que se tinham tornado irreconhecíveis por estarem bronzeados pela luz solar?
“Está a produzir-se uma revolução no estudo dos asteróides”, afirma o astrónomo Clark Chapman, do Southwest Research Institute, no Colorado. “Antigamente, pensava-se que eram as colisões que causavam as alterações. Agora, sabemos que há mais personagens envolvidas na história. Talvez esteja a nascer uma nova ciência que se poderia chamar ‘sísmica de asteróides’. ” Binzel, que criou, entre outras coisas, a chamada “Escala de Turim”, uma ferramenta para determinar as probabilidades de colisão destes corpos com a Terra, descobriu também a razão pela qual as marcas espectrais (o reflexo e absorção da radiação electromagnética) dos asteróides da Cintura coincidem com as dos meteoritos encontrados no nosso planeta, assim como o motivo para terem viajado de tão longe: “É o chamado ‘efeito Yarkovsky’, que modifica as órbitas dos corpos espaciais em rotação, pois as diferentes faces da sua superfície recebem a radiação solar de forma desigual, o que faz que acabem por alterar a trajectória ao longo do tempo. O fenómeno torna-se mais acentuado nos objectos de menor dimensão, e é por isso que exerce tanta influência nos asteróides.”
Binzel acrescenta: “Dois terços dos objectos da Cintura de Asteróides equivalem a uma classe de meteoritos designados por ‘condritos LL’, que representam apenas oito por cento dos que foram descobertos. Pareceu-nos estranho que, havendo tantos asteróides desse tipo, recebêssemos tão poucos meteoritos equivalentes, e descobrimos que a causa é o efeito Yarkovsky, que limita o tamanho das rochas provenientes da Cintura.”
Os condritos LL são meteoritos ricos em minerais, como piroxeno e olivina, e pobres em ferro. “Conhecer a sua composição é importante para saber como desviá-los da Terra, pois são uma das principais ameaças para nós”, adverte Binzel. O grupo dos condritos em geral, que inclui várias espécies além dos LL, engloba os meteoritos mais comuns: representam 80% dos que chegam ao nosso planeta, enquanto existem apenas cem fragmentos de rochas marcianas ou lunares em instituições científicas de todo o mundo. A análise dos condritos é igualmente fundamental para se estudar a origem da vida, pois trata-se de rochas que não foram derretidas ou passaram por um processo de fusão, pelo que contêm informação sobre a síntese de compostos orgânicos ou a existência de água na Terra.
Estima-se que a Cintura de Asteróides seja formada por 1,9 milhões destes objectos com mais de um quilómetro de diâmetro, e por vários milhões de exemplares mais pequenos. Mais além, nos limites do Sistema Solar, estão situados os asteróides da Cintura de Kuiper e os corpos transneptunianos da Nuvem de Oort, o principal depósito de cometas adormecidos, ou sem actividade. A maior parte dos asteróides é porosa, de modo que metade é quase oca, segundo Binzel. Alguns têm luas, enquanto outros ocupam sistemas binários ou viajam em grupo, superficialmente unidos pela gravidade. Por outro lado, descobriu-se recentemente a existência de alguns asteróides com água gelada nas suas entranhas, que poderiam ter transportado para a Terra em tempos remotos. Outros, mais densos, são compostos por ferro e não passam de resíduos de núcleos mortos de asteróides maiores.
Alguns desses corpos são tão escuros que passaram despercebidos durante anos. Contudo, o telescópio espacial infravermelho WISE, da NASA, foi desmascarando pouco a pouco os objectos carbonáceos, que emitem muito pouca luz, graças a um rastreio verdadeiramente exaustivo, explica Binzel. Os cientistas estimam que haja cerca de cem mil asteróides e cometas nas proximidades da Terra, dos quais 20 mil têm possibilidades de atingi-la. A NASA localizou cerca de um terço, mil dos quais em órbitas potencialmente ameaçadoras.
Actualmente, há várias missões não-tripuladas com o objectivo de estudar os asteróides. A nave japonesa Hayabusa regressou, recentemente, de uma visita destinada a recolher amostras do asteróide Itokawa. Dawn, uma sonda da NASA propulsada por iões, dirige-se para a Cintura de Asteróides a fim de se encontrar com Vesta, uma das maiores rochas do Sistema Solar. Depois, numa manobra sem precedentes na história dos voos espaciais, sairá da órbita desse corpo celeste para viajar até outro, o asteróide Ceres. Todavia, talvez a mais emocionante de todas seja a missão Don Quijote, da ESA, cujo objectivo é o asteróide Apophis, de 270 metros, que se aproximará muito da Terra em 2029. A ideia é dar-lhe um pequeno toque na direcção oposta ao seu movimento. O plano envolve duas naves espaciais: Sancho estudará a composição do asteróide antes e depois do impacto, enquanto Hidalgo se encarregará da investida para modificar a sua direcção e velocidade.
“Conhecer a microporosidade e a densidade de grânulos de Apophis ajudar-nos-ia a calcular a energia que teremos de lhe aplicar”, afirma Binzel: “Sabemos que se trata de um condrito LL e que poderá regressar em 2036. A probabilidade de colidir connosco nessa data é de 1 em 250 mil. Se se verificasse, não devastaria o planeta, pois não possui dimensões para isso, mas provocaria muitos danos.”
“O método para nos defendermos de um asteróide dependerá, também, do tempo que tivermos. Se for superior a 30 anos, o plano Don Quijote é válido. Noutros casos, poder-se-ia recorrer ao chamado ‘tractor de gravidade’, que consiste em colocar uma nave espacial ao lado do objecto, para o desviar da sua órbita. Contudo, se a rocha tiver mais de 2 km e se estimar que possa chegar dentro de duas décadas, a melhor opção é uma detonação nuclear para alterar a trajectória”, indica Binzel.
Entre os apocalípticos, 2012 constitui uma data fundamental (já se escreveram rios de tinta sobre a alegada profecia dos maias, que vaticina para esse ano o fim dos tempos), mas os asteróides não podem, desta vez, ser considerados suspeitos. Segundo o especialista, não foi detectado qualquer corpo celeste em órbita de intersecção terrestre para essa altura. No entanto, as colisões são uma realidade: a Terra possui 170 crateras de impacto. A maior, Vredefort, na África do Sul, tem 300 km de diâmetro. E os dinossauros talvez ainda cá estivessem se tivesse existido um programa espacial anti-asteróides no seu tempo.
Os sete magníficos
Estes são os principais asteróides, com a classificação dos especialistas:
Ceres. Foi o primeiro a ser descoberto, em 1801. Agora, foi reclassificado como um planeta anão. Com 950 quilómetros de diâmetro e cor escura, é o maior objecto da Cintura de Asteróides. Classe espectral C (carbonáceo).
Vesta. É o segundo asteróide em termos de massa, o terceiro maior da cintura e o mais brilhante do Sistema Solar. Tem 530 km de diâmetro e uma cratera no centro com 456 km2. A sonda Dawn deverá chegar a Vesta em 2011, e a Ceres em 2015. Classe espectral V (semelhante aos rochosos).
Ida. Tem 56 por 24 km. A sua idade é um mistério, mas a quantidade de crateras que contém indica que deve rondar os mil milhões de anos. Classe espectral S (rochoso).
Eros. Foi o primeiro NEO (objecto próximo da Terra) descoberto e é o segundo em tamanho: 33 por 13 km. A sua órbita cruza-se com a de Marte, mas não com a da Terra. Classe espectral S (rochoso).
Gaspra. Tem 19 por 12 km. Descoberto em 1916, foi fotografado pela sonda Galileo em 1991. É alongado e jovem, quase sem crateras. Classe espectral S (rochoso).
Cleópatra. Trata-se de um asteróide metálico, de classe espectral M, em forma de osso e com 124 km de extensão. Provém do nucleo derretido de outro asteróide maior.
Apophis. O mais falado actualmente, pois existe uma possibilidade em 250 mil de colidir com a Terra em 2036. De classe espectral S, tem 270 metros e vai ser visitado por missões da ESA e da Rússia.
A.P.S.
SUPER 149 - Setembro 2010
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Notícia - Google Earth permite ‘mergulho’ nos oceanos

Mais do que navegar literalmente pelos oceanos da Terra, tanto à superfície como debaixo de água, o Google Ocean permite que os utilizadores acompanhem o trajecto feito por um tubarão branco monitorizado. O acesso a informações sobre a temperatura da água e os melhores locais para a prática de desportos como o surf, kitesurf e mergulho representam algumas das novas potencialidades.
O internauta pode ainda constatar as mudanças realizadas pelo Homem, ao longo dos tempos, graças às imagens históricas disponibilizadas. O Google Earth 5.0 está disponível em quarenta idiomas, entre os quais o português.
LUSA
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