A possibilidade de um boicote às notas dos alunos, no final dos períodos de aulas ou na altura dos exames, não foi discutida oficialmente pelos sindicatos nem é consensual entre estes, mas é assumida como uma forma de luta "em cima da mesa"
É "uma bomba atómica" que, oficialmente, ainda não foi discutida entre os sindicatos - nem está previsto que o seja na reunião de hoje da "plataforma", onde deverão ser anunciadas novas greves até ao Natal -, mas que está em cima da mesa: na guerra contra a avaliação do Ministério da Educação, os professores podem vir a recorrer à greve às avaliações... dos alunos.
A hipótese está longe de ser consensual entre as estruturas do sector. A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) é assumidamente contra essa via, cujo maior risco seria o isolamento dos professores perante a sociedade e até alguns dos partidos da oposição que os têm apoiado.
Ms também há quem a considere um último recurso admissível se o ministério não recuar perante outras formas de pressão: "Tudo é possível. Até uma greve às avaliações [dos estudantes], que seria a bomba atómica", admitiu Carlos Chagas, secretário--geral do Sindicato Independente e Democrático dos Professores (Sindep). "Essa hipótese ainda não foi discutida, mas é uma carta que está em cima da mesa", avisou. "Temos evitado o prejuízo dos alunos, mas tudo tem limites. Até porque também é em nome deles que fazemos esta luta."
No site do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), afecto à Federação Nacional dos Professores (Fenprof), o DN encontrou uma "sondagem" sobre a possibilidade de se avançar com esta abordagem já no 1.º período. Entre 785 respostas, 74% consideravam-na "viável e útil".
Mas o próprio secretário-geral da Fenprof relativizou a questão: "As sondagens internas são muito úteis para entendermos algumas questões, mas não representam a opinião da maioria dos professores", avisou Mário Nogueira. "Temos um mandato de confiança, que nos foi dado pelos 120 mil professores que foram à manifestação de dia 8, e não podemos pô-lo em causa com voluntarismos excessivos."
Mário Nogueira admitiu que o facto de a hipótese ainda não ter sido discutida oficialmente "não significa que o não venha a ser". Mas considerou que "só com uma adesão em massa" um protesto dessa natureza seria eficaz no primeiro período de aulas. "Antigamente, nas reuniões de conselho de turma, se um professor faltasse, os restantes não podiam classificar o aluno. Agora, a avaliação é feita pelos que lá estão e, quando o professor regressa, pedem-lhe logo que dê a sua nota." Já "na altura dos exames nacionais", o cenário seria outro. De resto, já houve uma greve durante as provas de 2005.
Entre os movimentos independentes de professores, a posição também é de cautela: "Não tenho dúvidas que as formas de luta têm de ser radicalizadas", disse Mário Machaqueiro, da APEDE. "Há vozes que falam nisso [não avaliar alunos]. É algo sobre o qual teremos de reflectir."
ANA BELA FERREIRA
É "uma bomba atómica" que, oficialmente, ainda não foi discutida entre os sindicatos - nem está previsto que o seja na reunião de hoje da "plataforma", onde deverão ser anunciadas novas greves até ao Natal -, mas que está em cima da mesa: na guerra contra a avaliação do Ministério da Educação, os professores podem vir a recorrer à greve às avaliações... dos alunos.
A hipótese está longe de ser consensual entre as estruturas do sector. A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) é assumidamente contra essa via, cujo maior risco seria o isolamento dos professores perante a sociedade e até alguns dos partidos da oposição que os têm apoiado.
Ms também há quem a considere um último recurso admissível se o ministério não recuar perante outras formas de pressão: "Tudo é possível. Até uma greve às avaliações [dos estudantes], que seria a bomba atómica", admitiu Carlos Chagas, secretário--geral do Sindicato Independente e Democrático dos Professores (Sindep). "Essa hipótese ainda não foi discutida, mas é uma carta que está em cima da mesa", avisou. "Temos evitado o prejuízo dos alunos, mas tudo tem limites. Até porque também é em nome deles que fazemos esta luta."
No site do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), afecto à Federação Nacional dos Professores (Fenprof), o DN encontrou uma "sondagem" sobre a possibilidade de se avançar com esta abordagem já no 1.º período. Entre 785 respostas, 74% consideravam-na "viável e útil".
Mas o próprio secretário-geral da Fenprof relativizou a questão: "As sondagens internas são muito úteis para entendermos algumas questões, mas não representam a opinião da maioria dos professores", avisou Mário Nogueira. "Temos um mandato de confiança, que nos foi dado pelos 120 mil professores que foram à manifestação de dia 8, e não podemos pô-lo em causa com voluntarismos excessivos."
Mário Nogueira admitiu que o facto de a hipótese ainda não ter sido discutida oficialmente "não significa que o não venha a ser". Mas considerou que "só com uma adesão em massa" um protesto dessa natureza seria eficaz no primeiro período de aulas. "Antigamente, nas reuniões de conselho de turma, se um professor faltasse, os restantes não podiam classificar o aluno. Agora, a avaliação é feita pelos que lá estão e, quando o professor regressa, pedem-lhe logo que dê a sua nota." Já "na altura dos exames nacionais", o cenário seria outro. De resto, já houve uma greve durante as provas de 2005.
Entre os movimentos independentes de professores, a posição também é de cautela: "Não tenho dúvidas que as formas de luta têm de ser radicalizadas", disse Mário Machaqueiro, da APEDE. "Há vozes que falam nisso [não avaliar alunos]. É algo sobre o qual teremos de reflectir."
ANA BELA FERREIRA
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