Professores e alunos em casa não equivalem a dias santos na escola. Se os estabelecimentos de ensino fecharem ou grande parte dos funcionários faltarem ao trabalho devido à gripe A, os conselhos executivos vão ter que encontrar formas de "manter as actividades escolares consideradas essenciais". Colocar os docentes "em teletrabalho e distribuir actividades aos alunos por e-mail" são duas das medidas previstas para os planos de contingência das escolas numa epidemia.
As orientações da Direcção- -Geral da Saúde (DGS) para creches, jardins de infância, escolas e outros estabelecimentos de ensino sugerem formas alternativas para manter as aulas em dois cenários: quando fecharem para evitar a propagação do vírus ou quando a epidemia provocar um elevado absentismo nos funcionários. Em ambos os casos, os pais podem vir a assumir o papel de educadores, através de "estratégias de informação e envolvimento que lhes permitam apoiar a realização de trabalhos escolares em casa".
As escolas são apontadas como o grande perigo para a criação de focos de contágio e de cadeias de transmissão do vírus. O H1N1 tem afectado mais os jovens e o contacto próximo nos estabelecimentos de ensino é um desafio para as autoridades. Assim, dentro das escolas, as orientações agora divulgadas impõem uma verdadeira revolução nos hábitos de higiene.
Usar e deitar fora. Aumentar as reservas de produtos de limpeza, fazer uma avaliação dos equipamentos para lavar as mãos e reparar deficiências, "preferencialmente antes do início das aulas", instalar toalhetes de papel nas casa de banho, colocar nas paredes soluções de limpeza à base de álcool nas salas sem lavatório. A DGS vai mais longe e diz mesmo que "chupetas, brinquedos que possam ser levados à boca, copos, pratos e talheres não devem ser partilhados".
Estes hábitos de higiene serão ensinados às crianças através de desenhos, mas, nas idades mais jovens, evitar que levem as mãos e os brinquedos à boca é uma tarefa impossível. Por isso, nas creches e nos jardins de infância, "os brinquedos devem ser higienizados com detergente doméstico e passados por água limpa no final da sua utilização".
São 43 as tarefas que integram a lista da DGS para as instituições seguirem na criação dos seus planos de contingência. Até ao início do ano lectivo, em Setembro, as escolas vão ter que pensar em tudo e encontrar soluções para os vários cenários possíveis durante uma epidemia: do reforço das escalas de limpeza de espaços e superfícies de trabalho ao transporte dos alunos, passando pela alimentação.
Se os estudantes forem obrigados a permanecer em casa, "sempre que a escola forneça alimentação, é muito importante prever soluções alternativas para a manutenção deste serviço, em particular para as crianças carenciadas". O que terá de ser pensado com as autarquias. Os contactos dos pais serão integrados numa base de dados e cada escola terá de fazer reuniões de esclarecimento para funcionários, encarregados de educação e alunos.
Os responsáveis das escolas vão ter que contactar os fornecedores e perceber se eles estão preparados para responder ao "fornecimento de refeições, os transportes escolares ou os materiais escolares" em situação de crise. Caso uma destas áreas seja afectada, aconselha-se a criação de "reservas de água engarrafada e alimentos não perecíveis". Sempre que um caso de infecção é detectado, o aluno tem que ser imediatamente retirado do contacto com os outros. Deve "ser prevista a existência de uma sala para o eventual isolamento de alunos que evidenciem sinais de gripe, durante a permanência na escola, até que os pais sejam contactados", refere a DGS. E este espaço não pode ser utilizado para qualquer outro fim.
As regras para a utilização desta sala de isolamento devem ser definidas previamente. "Idealmente, deve dispor de janela, a fim de poder ser ventilada para o exterior, mantendo a porta fechada, bem como de dispositivo dispensador de solução anti--séptica de base alcoólica para desinfecção das mãos", enumera a DGS. Depois de utilizada, terá de ser limpa e arejada.
Questionado pelo i sobre como estas medidas serão aplicadas e se está previsto um reforço dos orçamentos das escolas, o Ministério da Educação remeteu todos os esclarecimentos sobre a gripe para o Ministério da Saúde. Ontem foram divulgados mais dez casos positivos de gripe A, passando para um total de 140. A maioria dos doentes já regressou à sua vida normal. Rute Araújo
Sem comentários:
Enviar um comentário