Foi a primeira surpresa do dia em que foram conhecidos os resultados dos exames nacionais do Secundário. “Menos investimento, menos trabalho e menos estudo” do lado dos alunos, comentou a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, a propósito dos resultados no exame de Matemática A, realizado por 38.303 estudantes.
A média dos alunos internos (os que frequentam as aulas todo o ano lectivo, que são a maioria) desceu de 14 para 11,7 e a percentagem de retenções mais do que duplicou (de sete para 15 por cento), o que, segundo a ministra, se deve à difusão, pela comunicação social, “da ideia de que os exames eram fáceis”.
Em conferência de imprensa, o secretário de Estado Valter Lemos alargou o leque de responsáveis, juntando a Sociedade Portuguesa de Matemática e “partidos e pessoas com responsabilidades políticas”. “É um desincentivo ao estudo e ao trabalho”, sublinhou.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1390758&idCanal=58
Não se registaram saltos como no ano passado, quando as médias do exame de Matemática A subiram de 10 para 14 valores, nem novidades como a registada também em 2008 com os resultados da totalidade dos alunos (internos e externos) no exame de Português B a descerem, pela primeira vez em 12 anos de exames nacionais, abaixo dos 10 valores e os chumbos a treparem para oito por cento. Este ano, as reprovações baixaram para metade, de oito para quatro por cento (a Matemática, pelo contrário, duplicaram) e a média a Português dos alunos internos e externos subiu de 9,7 para 11.1. Mas ao longo do dia foram muitos os estudantes a dar conta de que, afinal, se passara algo de que não estavam à espera com este exame que tinham intitulado de “muito fácil”, quando da sua realização no passado dia 16. Sobretudo entre os bons estudantes, as notas ficaram muito aquém do que estavam à espera. Foi a segunda surpresa do dia.
Questionado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do Ministério da Educação informou ao princípio da noite de que não tinham sido ali recebidas quaisquer reclamações ou pedidos de esclarecimento. Uma professora correctora indicou, pelo contrário, que tem conhecimento de vários relatórios enviados ao Gabinete de Avaliação Educacional pelos docentes que corrigiram o exame de Português B, dando conta de dúvidas e objecções tanto em relação a algumas questões da prova, como aos critérios de correcção.
Citação infeliz
Esta docente, que pediu o anonimato, corrigiu 45 exames. A sangria foi quase total na pergunta B do grupo 1, onde se pede o seguinte: “Comente a opinião a seguir transcrita [da autoria de António Mega Ferreira], sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, referindo-se a poemas relevantes para o tema em análise. “É na poesia ortónima que o Pessoa 'restante’, o que não cabe nos heterónimos laboriosamente inventados, se afirma e 'normaliza’: é então que ele 'faz’ de si e os seus poemas são 'chaves’ para compreender o seu extraordinário universo literário”.
“Não posso dizer que trate de uma armadilha, de um buraco intencional, mas escolheram uma citação muito infeliz. Só podia baralhar os alunos”, comenta. Mesmo os bons estudantes que, embora em muito menor grau, partilham de duas características comuns ao universo dos alunos: “Pouca riqueza de vocabulário” e “grande dificuldade em interpretar, decifrar, sentidos implícitos”. Outro ponto negro do exame: o grupo III, onde se pedia “uma reflexão sobre o significado da liberdade, partindo da perspectiva exposta” no excerto de um texto de José Jorge Letria sobre direitos e deveres. “Demasiadamente amplo”, aponta a docente, que chocou, prova a prova, como a maior das “dispersões”. “Desde o ano passado que mudou qualquer coisa nos exames de Português”, frisa. O exame de Português B é o que foi realizado por mais estudantes: 64.993.
As médias ontem divulgadas confirmam que é nas áreas das Ciências que se registam “maiores dificuldades”, sublinhou o ME. A Biologia e Geologia registou-se uma descida de 10,5 para 9,5 valores (alunos internos e externos), e a média de Física e Química voltou também a descer. Há quatro anos que se mantém negativa. Pior do que os 8,4 obtidos nesta disciplina, só o quatro que os alunos internos tiveram como média numa das provas de Inglês. À frente das melhores notas volta a estar um dos exames de Espanhol (16,5), Para além de Biologia e Geologia e Física e Química A, dos 27 exames realizados houve mais dois com médias inferiores a 10: Geometria Descritiva A (9,8) e Latim A (9,8). Em 2008 tinham sido seis as provas com médias negativas.
Público
A média dos alunos internos (os que frequentam as aulas todo o ano lectivo, que são a maioria) desceu de 14 para 11,7 e a percentagem de retenções mais do que duplicou (de sete para 15 por cento), o que, segundo a ministra, se deve à difusão, pela comunicação social, “da ideia de que os exames eram fáceis”.
Em conferência de imprensa, o secretário de Estado Valter Lemos alargou o leque de responsáveis, juntando a Sociedade Portuguesa de Matemática e “partidos e pessoas com responsabilidades políticas”. “É um desincentivo ao estudo e ao trabalho”, sublinhou.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1390758&idCanal=58
Não se registaram saltos como no ano passado, quando as médias do exame de Matemática A subiram de 10 para 14 valores, nem novidades como a registada também em 2008 com os resultados da totalidade dos alunos (internos e externos) no exame de Português B a descerem, pela primeira vez em 12 anos de exames nacionais, abaixo dos 10 valores e os chumbos a treparem para oito por cento. Este ano, as reprovações baixaram para metade, de oito para quatro por cento (a Matemática, pelo contrário, duplicaram) e a média a Português dos alunos internos e externos subiu de 9,7 para 11.1. Mas ao longo do dia foram muitos os estudantes a dar conta de que, afinal, se passara algo de que não estavam à espera com este exame que tinham intitulado de “muito fácil”, quando da sua realização no passado dia 16. Sobretudo entre os bons estudantes, as notas ficaram muito aquém do que estavam à espera. Foi a segunda surpresa do dia.
Questionado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do Ministério da Educação informou ao princípio da noite de que não tinham sido ali recebidas quaisquer reclamações ou pedidos de esclarecimento. Uma professora correctora indicou, pelo contrário, que tem conhecimento de vários relatórios enviados ao Gabinete de Avaliação Educacional pelos docentes que corrigiram o exame de Português B, dando conta de dúvidas e objecções tanto em relação a algumas questões da prova, como aos critérios de correcção.
Citação infeliz
Esta docente, que pediu o anonimato, corrigiu 45 exames. A sangria foi quase total na pergunta B do grupo 1, onde se pede o seguinte: “Comente a opinião a seguir transcrita [da autoria de António Mega Ferreira], sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, referindo-se a poemas relevantes para o tema em análise. “É na poesia ortónima que o Pessoa 'restante’, o que não cabe nos heterónimos laboriosamente inventados, se afirma e 'normaliza’: é então que ele 'faz’ de si e os seus poemas são 'chaves’ para compreender o seu extraordinário universo literário”.
“Não posso dizer que trate de uma armadilha, de um buraco intencional, mas escolheram uma citação muito infeliz. Só podia baralhar os alunos”, comenta. Mesmo os bons estudantes que, embora em muito menor grau, partilham de duas características comuns ao universo dos alunos: “Pouca riqueza de vocabulário” e “grande dificuldade em interpretar, decifrar, sentidos implícitos”. Outro ponto negro do exame: o grupo III, onde se pedia “uma reflexão sobre o significado da liberdade, partindo da perspectiva exposta” no excerto de um texto de José Jorge Letria sobre direitos e deveres. “Demasiadamente amplo”, aponta a docente, que chocou, prova a prova, como a maior das “dispersões”. “Desde o ano passado que mudou qualquer coisa nos exames de Português”, frisa. O exame de Português B é o que foi realizado por mais estudantes: 64.993.
As médias ontem divulgadas confirmam que é nas áreas das Ciências que se registam “maiores dificuldades”, sublinhou o ME. A Biologia e Geologia registou-se uma descida de 10,5 para 9,5 valores (alunos internos e externos), e a média de Física e Química voltou também a descer. Há quatro anos que se mantém negativa. Pior do que os 8,4 obtidos nesta disciplina, só o quatro que os alunos internos tiveram como média numa das provas de Inglês. À frente das melhores notas volta a estar um dos exames de Espanhol (16,5), Para além de Biologia e Geologia e Física e Química A, dos 27 exames realizados houve mais dois com médias inferiores a 10: Geometria Descritiva A (9,8) e Latim A (9,8). Em 2008 tinham sido seis as provas com médias negativas.
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