segunda-feira, 18 de maio de 2015
Conteúdo - Anorexia
A anorexia é uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar e stress físico. A anorexia é uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. Uma pessoa com anorexia nervosa é chamada de anoréctica. A anorexia afecta principalmente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres do Hemisfério Ocidental, mas também afecta alguns rapazes. No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de auto-imagem, dimorfismo, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying. A taxa de mortalidade da anorexia nervosa é de aproximadamente 10%, uma das maiores entre qualquer transtorno psicológico.
Fonte: Anorexia | Planeamento Familiar
Notícia - O reino dos gigantes
Os oceanos pré-históricos eram lugares perigosos, povoados pelos mais sanguinários monstros marinhos. Reconstituímos esses tempos.
O mar tem sido tradicionalmente considerado um lugar perigoso, cheio de mistérios. Privado das adaptações necessárias para poder viver dentro de água, o ser humano criou uma mitologia diversificada de terríveis criaturas ocultas nas profundezas, numa atitude que reflectia o grau de desconhecimento que tinha, até há pouco tempo, de tão extenso meio. Na realidade, porém, não era necessário recorrer à mitologia nem à imaginação: durante boa parte da sua história, os oceanos foram espaços habitados por perigosas feras, autênticos monstros aquáticos. Esses seres eram o resultado da evolução ao longo de dezenas de milhões de anos e o reflexo dos processos de adaptação ao meio marinho. O estudo dos vestígios petrificados permitiu aos paleontólogos desvendar os remotos mundos oceânicos, actualmente sepultados sob as rochas abissais. Os estratos geológicos contêm uma antiquíssima história da qual, por enquanto, ainda só conseguimos arranhar a superfície.
Os mares de finais do Devónico (há cerca de 375 milhões de anos) tinham águas cálidas e eram ricos em fauna e flora marinhas. Entre os invertebrados, havia abundantes briozoários, braquiópodes, corais, amonites e trilobites. Havia também uma grande variedade de peixes, como os ostracodermos, que não possuíam mandíbulas, e os placodermos, que apresentavam, pelo contrário, um maxilar forte e contavam com férreas couraças protectoras. Neste último grupo, o rei incontestado era o Dunkleosteus, um terrível gigante cuja secção frontal estava protegida por uma autêntica armadura de placas. Em vez de dentes, o predador possuía um conjunto de projecções pontiagudas de osso que podiam penetrar na carne das vítimas ou mesmo partir-lhes o esqueleto. Um estudo elaborado, em 2007, pelos zoólogos Philip S.L. Anderson e Mark W. Westneat indica que exercia uma extraordinária força quando mordia, capaz de penetrar a couraça de qualquer outro placodermo que tivesse o azar de atravessar-se no seu caminho. A poderosa mordedura, aliada ao comprimento de seis metros, transformava o Dunkleosteus terrelli no campeão daqueles mares.
Ao longo do Devónico, os peixes diversificaram-se de forma impressionante. Todavia, não foram os únicos vertebrados a dominar o meio marinho. Cerca de 60 milhões de anos depois, durante o Pérmico (há 290 milhões de anos), os répteis começaram a invadir os habitats marinhos. O seu apogeu chegaria no Mesozóico (há cerca de 250 milhões de anos), a “idade de ouro” dos dinossauros. Naquele período, que se prolongou por 185 milhões de anos, os grandes lagartos também cederam parte do protagonismo aos répteis de água salgada, os quais viveram os seus dias de glória durante o Triássico, primeira etapa da era secundária.
No início, surgiram três grupos: Sauropterygia, Ichthyopterygia e Thalattosauria (este juntou-se aos outros dois passados seis milhões de anos). Os sauropterígios chegaram a alcançar uma diversidade próxima dos cem géneros, mas foi no grupo dos ictiopterígios que se encontravam alguns dos gigantes mais espectaculares, incluindo os ictiossauros, cuja forma, semelhante à de peixes e golfinhos, lhes valeu a denominação: em grego, ichthyosauria significa “lagartos-peixes”.
Foi no Triássico que se registou a maior diversidade de ictiossauros. O que atingiu maior tamanho foi o género Shonisaurus, que chegou até nós através de duas espécies. Nas montanhas Shoshone, no estado norte-americano do Nevada, o paleontólogo Charles Camp descobriu a primeira variedade, o Shonisaurus popularis. Os ictiossauros devem ter-se sentido confortáveis naquelas águas, pois a equipa de Camp recuperou mais de uma trintena de exemplares do réptil, que chegava a alcançar 15 metros de comprimento.
Uma segunda jazida, desta vez situada na Colúmbia Britânica (Canadá), permitiu descobrir outra espécie ainda maior. Tratava-se do Shonisaurus sikanniensis, que ostentava uns fabulosos 21 metros de comprimento. Apesar disso, os especialistas Elizabeth L. Nicholls e Makoto Manabe consideram que pode ter havido espécimes ainda mais corpulentos, uma proeza que transformaria o Shonisaurus no maior réptil marinho da história. Dado que os exemplares adultos não tinham dentes, podemos imaginar como seriam estes enormes e plácidos animais a alimentar-se através da sucção de enormes quantidades de lulas e belemnites (moluscos cefalópodes).
Em finais do Triássico (há cerca de 199 milhões de anos), produziu-se uma extinção em massa e grande parte das famílias de répteis neptunianos desapareceu. No entanto, alguns grupos de sauropterígios e ictiossauros sobreviveram e deram origem a novas formas ao longo do período jurássico (há 199 a 145 milhões de anos). Alguns podem ser incluídos na lista de predadores mais sinistros que os oceanos conheceram. Por sua vez, a Plesiosauria é uma das ordens do grupo dos Sauropterygia cujos membros atingiram grandes dimensões. A característica fundamental foi a evolução das extremidades para uma forma de barbatana rígida; importantes modificações ao nível do pulso e do joelho permitiram que utilizasse essas barbatanas para nadar mais vigorosamente do que outros sauropterígios.
Em função da forma do corpo, a ordem divide-se em dois tipos diferentes. Os que tinham o pescoço comprido e uma cabeça pequena são os plesiossauros, enquanto os que exibem o aspecto oposto (pescoço curto e cabeça maior) apresentam a disposição física característica dos pliossauros.
É entre estes gigantes de pescoço comprido que encontramos um monstro que aterrorizava a fauna marinha do Jurássico médio, há 164 milhões de anos: o Liopleurodon. Era um majestoso superpredador que passeava pelos oceanos, orgulhosamente, um corpo que atingia os cinco ou seis metros. Além disso, exibia um aspecto verdadeiramente ameaçador, com fabulosos dentes afiados de tamanho diferente, marca inconfundível de um carnívoro voraz.
Todavia, aquelas águas não foram apenas o cenário escolhido por numerosos répteis, pois houve também peixes enormes. De facto, foi no Jurássico médio que viveu o maior peixe de todos os tempos, o Leedsichthys. Com cerca de nove metros, tratava-se de um gigante sem dentes que pertencia a uma estranha família aquática já extinta, a Pachycormidae. Pensa-se que o Leedsichthys,tal como os actuais grandes vertebrados oceânicos, se alimentava de organismos muito pequenos, como plâncton e peixinhos diminutos. Assim, para comer, só tinha de abrir a boca e filtrar selectivamente a água e os alimentos. Além disso, do ponto de vista paleoecológico, os cadáveres de Leedsichthys devem ter sido como uma espécie de “bufete de praia”, pois propocionavam uma espectacular quantidade de nutrientes a répteis marinhos necrófagos e outros organismos.
O domínio dos “pescoços curtos” e “cabeçudos”, ou seja, dos pliossauros, estende-se até ao Jurássico superior (há 161 a 145 milhões de anos), se tomarmos em consideração uma recente descoberta ocorrida no arquipélago de Svalbard (Noruega), junto das águas do Árctico. Ali, uma equipa de paleontólogos da Universidade de Oslo, liderada por Jorn Hurum, encontrou um espécime espectacular. Em Junho de 2008, desenterraram do gélido solo polar um enorme pliossauro com cerca de 15 metros, um dos maiores descobertos até agora e um verdadeiro tesouro que ainda está a ser estudado. Os jornais baptizaram-no como “o Monstro”, mas os especialistas que se dedicam à sua análise preferem chamar-lhe “Predador X 3”, pois ainda não recebeu uma denominação científica específica.
Com 147 milhões de anos, o mediático Monstro parece bater todos os records pliossáuricos: os primeiros estudos preliminares indicam que pesava cerca de 45 toneladas, que se tratava de um nadador rápido e enérgico, e que possuía uma força de mordedura absolutamente demolidora. O biólogo evolutivo Gregory M. Erickson, que se especializou no estudo de dentadas de répteis, concluiu que o bichinho tinha uma força de mordida dez vezes superior à de qualquer animal actual. Assim, parece que nenhum habitante dos mares jurássicos estaria a salvo dos maxilares da fera.
A dinastia de pliossauros predadores não termina no Jurássico. Durante o Cretácico inferior (há 145 a 100 milhões de anos), os oceanos foram habitados por outro sinistro senhor dos mares, o Kronosaurus: com nove a dez metros, exibia um crânio robusto de dois metros de comprimento e cada dente possuía uma coroa de 12 centímetros.
No decurso do Cretácico superior, manteve-se a rica diversidade de peixes e répteis de água salgada, moradores de oceanos que continuavam a ser lugares extremamente arriscados. Partilhavam as águas tanto gigantes pacíficos, como o Bonnerichthys, com seis metros de comprimento, como sanguinários caçadores, caso do Xiphactinus, de cinco metros. Equipado com enormes dentes afiados que enchiam uma boca semelhante à de um buldogue, este caçador foi um feroz carnívoro.
Um exemplar célebre foi descoberto, em 1952, pelo paleontólogo George Fryer Sternberg no condado norte-americano de Gove (Kansas). Sternberg desenterrou um espécime de Xiphactinus em excelente estado de conservação e que até continha um “brinde”no seu interior: outro peixe inteiro, um Gillicus, de 1,8 metros de comprimento. A explicação mais provável é que o animal engolido, ao agitar-se com toda a força, tenha causado lesões irreversíveis em alguns órgãos internos do sôfrego Xiphactinus. Bem diz o ditado que “pela boca morre o peixe”; neste caso, o glutão não reparou no tamanho da iguaria, pelo que também se poderia dizer que “quem com ferro mata, com ferro morre”.
Não eram os únicos “vizinhos” dos oceanos, pois por ali também navegavam os plesiossauros, esses gigantes de cabeça pequena e pescoços que chegavam a alcançar uma extensão difícil de imaginar. O campeão, até à data, parece ser o Styxosaurus, que tinha 12 metros no total e um pescoço que atingia os seis metros de comprimento (o das girafas ronda os dois metros). Muito se tem debatido a função e a utilidade de semelhante anatomia, e trata-se de uma questão para a qual ainda não se encontrou uma resposta definitiva. O facto é que a flexibilidade do pescoço era muito limitada, devido às rígidas articulações entre as vértebras cervicais. Por isso, o Styxosaurus não podia dobrá-lo de forma ondulante, nem pôr a cabeça fora de água como se fosse um periscópio. O longo cachaço talvez lhe servisse para se aproximar das presas sem que estas pudessem detectar o seu grande corpo.
Os plesiossauros devem ter sido perseguidos por formidáveis esqualos como o Cretoxyrhina e o Squalicorax, os quais podiam alcançar sete e cinco metros, respectivamente, com uma envergadura e porte semelhantes aos dos actuais tubarões brancos. No entanto, apesar de grandes e bem equipados, estes peixes não podiam competir com os grandes senhores da época, os mosassauros. Um espécime, o Tylosaurus, foi encontrado numa jazida norte-americana. Com cerca de 15 metros de comprimento, tinha uma alimentação carnívora variada: alguns dos fósseis mostram o conteúdo das últimas refeições, que incluem peixes, aves marinhas e mesmo outros mosassauros menos ditosos. Houve também géneros mais sibaritas que se especializaram em comer marisco, como é o caso do Globidens e do Prognathodon. Os seus membros possuíam dentes arredondados em forma de cavilha que podiam triturar conchas e outros moluscos.
Grandes carapaças
As tartarugas também não quiseram ficar para trás e, após um tímido começo no Cretácico inferior, chegaram a produzir majestosos espécimes. Podemos referir o Protostega, de três metros, e o Archelon, que, com quatro metros de comprimento, é a maior tartaruga de todos os tempos. É difícil imaginar semelhantes animais, do tamanho de um automóvel utilitário e com um estilo de vida provavelmente não muito distinto daquele das actuais tartarugas. Todavia, a maior parte dos répteis marinhos desapareceu há 65 milhões de anos devido a uma gigantesca catástrofe: o impacto de um enorme bólide contra a Terra provocou a célebre extinção do Cretácico, a qual acabou também com os dinossauros.
A estirpe dos esqualos não terminou na altura mas atingiu, pelo contrário, o seu apogeu, com exemplares como o megalodon, com perto de 20 metros de comprimento. Não se dispõe de muitos dados sobre o animal, pois nunca se recuperou um exemplar completo, mas sabe-se que foi o maior tubarão da história e que dominou, durante mais de 20 milhões de anos, os oceanos do planeta. Para alívio de mergulhadores e surfistas, o megalodon extinguiu-se há 1,8 milhões de anos, possivelmente devido ao arrefecimento das águas ou porque a sua principal fonte de alimentação (os cetáceos) começou a diminuir.
As histórias dos monstros marinhos pré-históricos chegaram até nós na forma de fósseis, e essas rochas são verdadeiros tesouros que nos revelam como eram esses déspotas das profundezas.
Grandes dentadas
Os estudos de Jeff Liston, o maior especialista do mundo em Leedsichthys, indicam que o enorme peixe também não estava a salvo das mandíbulas dos superpredadores jurássicos. Liston estudou um exemplar de Leedsichthys com uma dentada de cerca de 13 centímetros e marcas de dentes de 47 mm de diâmetro. Uma mordedura de semelhante calibre só pode ter sido feita por um pliossauro que tentava caçá-lo sem o conseguir, pois a zona mostra um processo regenerativo. O segundo peixe analisado por Liston apresenta uma mordedura mais pequena, possivelmente feita por um plesiossauro ou um pliossauro ainda jovem.
Super Interessante
M.G.B.
domingo, 17 de maio de 2015
Notícia - O Clima
O conhecimento do clima de uma região é fundamental para o planeamento e gestão das atividades sócio-económicas, e também essencial para mitigar as consequências dos riscos climáticos.
A palavra clima provém de vocábulo grego que designava uma zona da Terra limitada por duas latitudes e era associada à inclinação dos raios solares e, por extensão, às características meteorológicas predominantes.
Na aceção geral o clima é a síntese do tempo e a nossa expectativa sobre as condições meteorológicas. E este é, em essência, o conceito que convém preservar. Cientificamente há que definir os atributos da definição em termos quantitativos, sendo que no clima os fenómenos interessam pela sua duração ou persistência, pela sua repetição e são caracterizados por valores médios, variâncias, probabilidades de ocorrência de valores extremos dos parâmetros climáticos.
Frequentemente ocorre confusão conceptual entre clima e tempo, duas grandezas que se distinguem, designadamente, pelo espaço temporal de referência. Numa simplificação de abordagem poderá dizer-se que o estado de tempo refere-se ao conjunto das condições meteorológicas num dado local, designadamente a temperatura e a humidade do ar, a precipitação, a nebulosidade, o vento e à sua evolução no a dia a dia. Por seu lado o Clima poderá traduzir-se pelo conjunto de todos os estados que a atmosfera pode ter num determinado local, durante um tempo longo, mas definido. Este intervalo de tempo durante o qual podemos dizer que existe um determinado tipo de clima é escolhido como “suficientemente longo”, em geral 30 anos.
O clima de um dado local depende do intervalo de tempo utilizado e não é o mesmo para um ano, um decénio, ou um século. Na descrição quantitativa do clima é necessário indicar o período (intervalo de tempo) a que correspondem os valores numéricos apresentados. Com efeito, o clima varia com o tempo e por isso não devem comparar-se climas utilizando valores que correspondam a intervalos de tempo com números diferentes de anos, ou que correspondam ao mesmo número de anos, mas em épocas diferentes.
Com o conhecimento do clima em Portugal, matéria de responsabilidade do IPMA, podem desenhar-se respostas à escala nacional e internacional, para os desafios da variabilidade e alterações climáticas, tendo em consideração um novo paradigma para os serviços de clima, baseados na premissa de que decisões económicas poderão beneficiar de um melhor conhecimento das condições climáticas.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) fixou para este fim 30 anos começando no primeiro ano de cada década (1901-30, ..., 1931-1960, 1941-1970, ..., 1961-1990, 1971-2000).
Os apuramentos estatísticos referentes a estes intervalos são geralmente designados por Normais Climatológicas (sendo, nomeadamente as normais de 1931-1960 e 1961-1990 consideradas as normais de referência).
As Fichas Climatológicas disponíveis no IPMA, I.P., fornecem, para a estação climatológica selecionada, os valores mensais e os valores anuais de alguns dos principais parâmetros climáticos sob a forma de gráficos e Tabela: valores médios da temperatura máxima e mínima do ar; precipitação; insolação; vento; valores extremos da temperatura máxima e mínima do ar.
Sendo a definição do índice de duração da onda de calor ( HWDI – Heat Wave Duration Index) segundo a Organização Meteorológica Mundial (WCDMP-No.47, WMO-TD No. 1071),considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é supeior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência.
De realçar, no entanto, que esta definição está mais relacionada com o estudo e análise da variabilidade climática (em termos de tendências) do que propriamente com os impactos na saúde pública de temperaturas extremas que possam observar-se num período mais curto. Por exemplo, a ocorrência de 3 dias em que a temperatura seja 10 °C acima da média terá certamente mais impacto na saúde que 7 dias com temperatura 5 °C acima da média.
As ondas de calor, que podem ocorrer em qualquer altura do ano, são mais notórias e sentidas pelos seus impactos quando ocorrem nos meses de verão (junho, julho e agosto). De referir ainda que Junho é o mês de verão em que as ondas de calor ocorrem com maior frequência em Portugal Continental.
Desde a década de 1940, período em que existe informação meteorológica diária num maior numero de estações, têm-se verificado ondas de calor de extensão espaço-temporal variável; no entanto, é a partir da década de 90 que se regista a maior frequência deste fenómeno.
Merecem particular referência, pela intensidade, duração e extensão espacial e também pelos impactos socio-económicos, as ondas de calor de Junho de 1981, julho de 1991 e julho/agosto de 2003.
de 15 a 23 de junho de 2005
de 30 de Maio a 11 de junho 2005
de 29 de Julho a 15 de agosto 2003
de Julho de 10 a 18 de julho de 1991
de 10 a 20 de junho de 1981
A análise estatística das séries climatológicas longas da temperatura do ar em Portugal Continental no período de 1931 a 2004, permite verificar que a partir de 1972 há uma tendência crescente dos valores da temperatura média anual à superfície, tendo sido o ano de 1997 o mais quente nos últimos 74 anos.
Os 6 anos mais quentes ocorreram nos últimos 12 anos, sendo 2004, o 18º ano consecutivo com a temperatura mínima do ar acima da média 1961-1990.
A análise estatística da quantidade de precipitação anual no período 1931 – 2004, permite afirmar que nos últimos 20 anos, apenas 8 apresentaram valores da quantidade de precipitação acima da média de 1961-1990. O ano de 2004 registou o valor mais baixo do total de precipitação anual desde 1931. A evolução sazonal dos valores médios, entre 1931-2004 apresenta uma redução sistemática da precipitação na primavera, estatisticamente significativa.
Numa análise à variabilidade sazonal da precipitação verifica-se no período de aquecimento um aumento da quantidade de precipitação no outono e uma diminuição nas outras estações do ano.
Identificam-se na variabilidade mensal da precipitação valores positivos significando que os respetivos meses foram mais chuvosos no período de aquecimento (1976-2004) que no período de arrefecimento (1946-1975); de realçar a diminuição significativa no mês de março e o aumento nos meses de outubro e dezembro. O aumento da quantidade de precipitação neste último mês não compensa a diminuição nos meses de janeiro e fevereiro.
Notícia - Lançamento do novo iPad atrasado
A próxima versão do iPad deverá ser lançada em Junho e não em Abril, como inicialmente previsto. O adiamento deve-se a atrasos na produção do novo tablet
A informação está a ser avançada pela agência financeira Yuanta Securities, originária de Taiwan, que refere que a fábrica onde o iPad 2 está a ser produzido está a ter algumas dificuldades no processo de fabrico, devido ao novo design do tablet da Apple.
De acordo com documentos da Yuanta Securities citados pela agência Reuters, o problema está relacionado com alterações ao design do dispositivo, apresentadas pela empresa de Steve Jobs no início deste mês.
Estas alterações provocaram uma alteração nos processos de produção e consequentemente atrasaram o lançamento do novo iPad.
Com este atraso o lançamento do novo modelo do tablet da Apple passou a estar previsto para Junho e não para Abril, como esperado por vários analistas.
sábado, 16 de maio de 2015
Conteúdo - O que é o bullying?
O bullying é um tipo de violência que se caracteriza por ser intencional, continua e de carácter físico, verbal e/ou psicológico sobre um ou mais indivíduos.
O bullying ocorre em qualquer lugar, data e hora. Este problema torna-se possível a partir do momento em que alguns estudantes têm maior poder do que outros e várias vezes as consequências de se ser vítima deste fenómeno são extremas, como é o caso do suicídio.
A primeira pessoa a estudar o bullying foi o Professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen (1978 a 1993), na Noruega.
- As formas de bullying mais comuns são:
Físico | ü Bater ü Empurrar ü Roubar ü Praxes violentas ü Vandalizar e/ou quebrar pertences |
Verbal | ü Insultar ü Ofender ü Gozar e contar piadas ü Ameaçar e provocar ü Contar histórias sobre a vítima |
Psicológico | ü Imitar ü Humilhar ü Fazer sofrer ü Perseguir ü Discriminar e excluir ü Chantagear e amedrontar ü Assediar ü Não falar e ignorar ü Dominar e tiranizar ü Isolar |
Abrapia, 2006
O bullying surge a partir do momento em que alguns estudantes têm maior poder do que outros e caracteriza-se pela adopção, para com os seus colegas, de atitudes agressivas sem motivo aparente, magoando-os quer física, quer psicologicamente (Abrapia, 2006; McCarthy, Sheehan, Wilkie e Wilkie, 1996:51). O bullying cada vez mais assume proporções alarmantes, atingindo todas as faixas etárias (Abrapia, 2006), desde o nascimento à morte do indivíduo, e sendo cada vez maior o número de praticantes.
Muitos pesquisadores em todo mundo estudaram este fenómeno e, nas suas pesquisas, concluíram que o bullying está a alastrar a todas as classes sociais e há uma tendência para o aumento desse comportamento com o avanço da idade (Abrapia, 2006). De notar que os adolescentes que praticam bullying têm mais probabilidade de praticar violência doméstica durante a idade adulta (Pereira, 1997).
Segundo Almeida (cit. in Cortellazzi, 2006:1), os casos de bullying não se resumem a conflitos acidentais mas a “situações reiteradas que geram mal-estar psicológico e afectam a segurança, o rendimento e a frequência escolar”, uma vez que o objectivo do agressor é o de ganhar controlo sobre a vítima (Carvalhosa, Lima e Matos, 2001).
Segundo Beane (cit. in Marques, 2006:1), o bullying é uma disciplina da violência e, dentro desta, vale tudo, sendo cada vez mais comum os alunos mais velhos e com maior popularidade intimidarem os mais novos, uma vez que estes são, à partida, vítimas fáceis (Carvalhosa, Lima e Matos, 2001).
O bullying assume duas formas: o bullying físico/directo e o bullying social/indirecto (Marques, 2006). O bullying físico/directo chama-se assim porque se caracteriza pela violência de carácter físico, como bater e empurrar, sendo também a prática mais comum dos rapazes. Por sua vez o bullying social/indirecto, assume esta definição por se voltar para a vertente psicológica, sendo mais praticado por raparigas e cujo objectivo principal é o de levar a vítima ao isolamento social, regra geral através de práticas como espalhar histórias maldosas, rejeitar, ofender e gozar com os aspectos socialmente significativos da vítima (Wikipédia, 2007; McCarthy, Sheehan, Wilkie e Wilkie, 1996:50).
O bullying ocorre em qualquer lugar, data e hora onde as pessoas interajam umas com as outras, sendo a escola o local onde mais casos se dão (Wikipédia, 2007).
Porém, o bullying não ocorre unicamente nas escolas, actuando em todos os locais onde as pessoas interajam, como é o caso do local de trabalho e da Internet [o chamado cyber-bullying], entre outros.
Estudo feito por Seixas (2005) aos alunos do 3ºciclo de Lisboa:
Agressores – 12%
Testemunhas – 34%
Vítimas – 54% (destes, 30% são vítimas passivas e 24% vítimas/agressores)
Porém este fenómeno faz-se sentir desde cedo, o que é mostrado pelo estudo feito no norte do país, em que 21% dos alunos dos 7 aos 12 anos admitem ser vítimas de bullying, sendo que, destas, 5% sofre maus tratos muitas vezes (Carvalhosa, Lima e Matos, 2001).
Segundo Beanne (2007), o facto das pessoas conhecerem mas optarem por ignorar a existência do bullying, é um dos motivos porque este fenómeno continua a permanecer uma constante na nossa sociedade, constituindo uma espécie de violência secreta (Seixas, 2007), dada a desvalorização que sofre ao ser considerado algo normal e característico do crescimento do jovem, sendo por muitos pais e educadores considerado saudável (Porto Editora, 2007). Outras vezes, este fenómeno perpetua-se pelo facto das pessoas lidarem com ele em silêncio: há crianças que tentam ignorar e esconder o problema por vergonha ou pelos motivos mais diversos, e ninguém sabe o quanto é doloroso e penoso fazê-lo (Porto Editora, 2007).
Porém, a continuação deste fenómeno deve-se ao facto de nos habituarmos a resolver os problemas que vão surgindo como se pode e, na maioria das vezes, não os participando por escrito, já que é comum ignorarem-se denúncias de casos violentos por se considerarem residuais (Portugal Diário, 2007). No entanto, o facto das escolas não disporem de recursos humanos suficientes para agilizar processos também contribuiu para que o bullying continue e existir (Portugal Diário, 2007).
O que falta para que o bullying comece a diminuir é o encorajamento das vítimas a denunciar os agressores e deixarem, assim, de sofrer em silêncio, por medo de represálias (Cortellazzi, 2006).
O bullying é uma constante nas nossas escolas e que, apesar do fenómeno ser conhecido e quase todos saberem o que é e que ele existe, é raramente admitida a sua existência naquele espaço em concreto, apesar de todos saberem que existe. O bullying tende a ser considerado um fenómeno a esconder, pois admitir a sua existência é um acto de coragem. As vítimas continuam a permanecer na escuridão, escondidas do mundo, enquanto os agressores são acompanhados e auxiliados a superar este problema.
Notícia - No rasto das trilobites
Uma viagem aos mares do Paleozóico
As trilobites surgiram, viveram e extinguiram-se sem deixar quaisquer descendentes muito antes de o Homem ter surgido na Terra. O biólogo Jorge Nunes segue a pistas destes artrópodes marinhos e desvenda algumas das suas inúmeras curiosidades.
As trilobites, parentes afastados dos crustáceos actuais, foram os principais representantes dos artrópodes (grupo a que também pertencem, por exemplo, os caranguejos e os insectos) nos mares do Paleozóico (há 540 a 250 milhões de anos). Dominaram todos os ambientes marinhos, de uma forma similar ao domínio exercido pelos dinossauros durante o Jurássico e o Cretácico, e eram de tal modo abundantes que esse período de tempo geológico também é denominado como “Era das Trilobites”.
Esses organismos surgiram do Big Bang biológico (explosão de vida, com variadas formas) que ficou conhecido por “Explosão Câmbrica” e que correspondeu a uma enorme diversificação evolutiva dos animais, em que a maioria dos filos actuais e outros extintos surgiram. Tiveram uma ampla distribuição geográfica e uma pequena repartição estratigráfica, isto é, cada espécie teve um período de vida relativamente curto, sendo por isso considerados bons fósseis de idade, uma vez que permitem datar as rochas onde se encontram.
Atingiram o seu apogeu durante o Ordovícico (500 a 435 M.a.), quando terão existido 63 famílias agrupadas em oito ordens, entrando em progressivo declínio que culminou com o seu desaparecimento no final do Pérmico (280 a 230 M.a.), altura em que ocorreu uma extinção em massa, a maior da história da vida na Terra, em que terão desaparecido cerca de 90 por cento das espécies marinhas e terrestres.
Criaturas enigmáticas
Pensa-se que terão existido cerca de 15 mil espécie de trilobites. Contudo, uma vez que constituem um grupo de artrópodes marinhos completamente extinto, se quisermos ter uma ideia do seu aspecto teremos de nos deslocar a um oceanário para contemplar o caranguejo-ferradura (Limulus sp.), o organismo actual (vive nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico) mais parecido com uma trilobite. Trata-se de um crustáceo que é considerado um “fóssil vivo”, uma vez que quase nada evoluiu quando comparado com o seu registo fóssil do Triássico (230 a 195 M.a.), período em que se julga que terá aparecido na Terra.
No entanto, apesar das parecenças entre ambos, muitas são as diferenças que os distinguem, pelo que, se pretendemos conhecer verdadeiramente as famosas trilobites, não nos resta outra alternativa que não seja vasculhar as jazidas fossilíferas à cata dos seus vestígios, esperando que eles nos dêem pistas sobre estas misteriosas criaturas. Neste capítulo, Portugal está bem servido.
As trilobites, cuja designação resulta de o seu corpo estar segmentado longitudinalmente em três lobos, também apresentam uma nítida divisão transversal em três partes articuladas entre si (céfalo, tórax e pigídio). O lobo central continha a maioria dos órgãos vitais associados aos sistemas alimentar e nervoso, enquanto os laterais ofereciam protecção aos apêndices ventrais e a órgãos relacionados com o sistema circulatório. O facto de os segmentos torácicos serem articulados permitia que se enrolassem como resposta a alterações bruscas no meio ou, possivelmente, quando pressentiam algum perigo, como acontece na actualidade com o bicho-de-conta.
As suas carapaças rígidas mineralizadas ofereciam protecção mas obrigavam, de modo similar ao que se verifica com os artrópodes actuais que possuem exosqueletos quitinosos, a mudas regulares, para permitir o crescimento dos respectivos inquilinos. Sob as suas carapaças couraçadas, escondiam-se corpos moles, dotados de numerosos pares de patas, que só muito raramente ficaram fossilizados.
O tamanho das trilobites é muito variável, podendo ir de alguns milímetros até várias dezenas de centímetros, embora na maior parte dos casos apresentem um comprimento que varia entre os três e os dez centímetros. Apesar de serem muito raros os espécimes com mais de 30 centímetros, em Portugal, mais precisamente nas ardósias do Ordovícico com 465 milhões de anos extraídas na Pedreira do Valério em Canelas (Arouca), espécimes com essas dimensões são relativamente comuns.
São oriundas dessa jazida fossilífera as maiores trilobites do mundo, que atingem cerca de 70 cm (Ogyginus forteyi). Existe mesmo um exemplar incompleto com 21 cm, da espécie Hungioides bohemicus, em que a reconstrução do resto do animal permitiu deduzir que teria aproximadamente 90 centímetros de comprimento. Este gigantismo nas trilobites de Canelas ainda constitui um verdadeiro mistério, dado que as mesmas espécies surgem noutras localizações da Península Ibérica com dimensões bem mais modestas.
Para além das deformações provocadas pela tectónica (forças que actuam no interior da Terra), que terão originado o achatamento das carapaças, pensa-se que os tamanhos XL poderão ter sido uma adaptação às baixas temperaturas da água, tal como acontece nas faunas boreais de artrópodes marinhos actuais, dado que Canelas corresponderia à margem de um grande paleocontinente que no Ordovícico se localizava no pólo sul (a região correspondente à actual Península Ibérica situava-se na plataforma continental desse continente).
Estes organismos, que se reproduziam através de ovos, possuíam antenas e um par de apêndices locomotores articulados por segmento, localizados na face ventral. A maioria tinha olhos compostos por várias lentes mais ou menos desenvolvidos, de natureza idêntica à dos insectos actuais, existindo no entanto algumas espécies cegas, como acontecia com a Placoparia sp., relativamente comum em algumas jazidas fossilíferas portuguesas.
A rota das trilobites
Em diferentes lugares, as camadas rochosas fazem lembrar páginas petrificadas de gigantescos livros onde se pode ler a história da vida na Terra e conhecer as estórias do seu passado mais remoto. Dado que chegámos tarde para podermos observar as trilobites no seu ambiente natural, resta-nos procurar esses lugares e escutar com atenção os segredos que podem revelar-nos sobre os mares primitivos onde elas reinavam. Ao calcorrear o país num memorável roteiro geológico que permite fazer uma viagem ao passado recuando mais de 250 milhões de anos, podem encontrar-se vestígios diversificados dessas criaturas, desde somatofósseis (que correspondem a partes do corpo fossilizadas) até icnofósseis (indícios da sua actividade vital, como pistas de locomoção, fezes fossilizadas, ninhos com ovos, etc.).
Curiosamente, apesar de estarmos a falar de animais marinhos, as principais jazidas fossilíferas portuguesas do Paleozóico localizam-se longe do mar, algumas a centenas de quilómetros do oceano. Isto explica-se porque esses lugares, terrestres na actualidade, estiveram submersos pelas águas costeiras e fizeram parte do fundo marinho onde se formaram as rochas que actualmente podemos contemplar à superfície e que guardam nos seus estratos valiosos tesouros: os fósseis de trilobites e de muitos outros habitantes dos mares paleozóicos.
Para escolher o rumo e descobrir onde aportar, basta consultar a Carta Geológica de Portugal e procurar os terrenos da Era Paleozóica. Como o objectivo é achar os vestígios das trilobites, será importante saber que em Portugal estes são mais frequentes em rochas dos períodos Câmbrico, Ordovícico e Silúrico. Do Câmbrico, destaca-se Vila Boim, próximo de Elvas; do Ordovícico, Valongo e Arouca, nas proximidades do Porto, e Penha Garcia, no concelho de Idanha-a-Nova; e do Silúrico, Sazes de Lorvão, nas imediações de Penacova.
Dado que nos últimos anos se tem assistido a um grande incremento das actividades de protecção e divulgação do património geológico, alguns desses locais, através das suas autarquias em parceria com instituições de ensino superior, investiram em projectos de conservação e promoção da herança geológica, tendo já sido agraciados com o Prémio de Geoconservação (Penha Garcia em 2004, Valongo em 2005 e Arouca em 2008), ou estando inseridos na Rede Europeia de Geoparques: Penha Garcia no Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional, desde 2006, e Canelas no Geoparque de Arouca, desde 2009.
Uma viagem ao passado
Embora o Câmbrico de Vila Boim seja notável pela sua fauna de trilobites, a ausência de estruturas de apoio aos visitantes torna difícil aos mais leigos a descoberta do seu património paleontológico. Assim, será recomendável seguir a peugada dos prémios de Geoconservação, onde qualquer curioso, mesmo que pouco letrado em geologia, poderá encontrar sempre, nas estruturas de acolhimento e informação ao público, quem o guie na viagem ao Paleozóico e o auxilie na observação e interpretação das jazidas fossilíferas, verdadeiras janelas abertas para um passado longínquo.
Começando esta viagem através dos tempos geológicos pelo magnífico canhão fluvial do rio Ponsul, em Penha Garcia, descobrem-se, brotando das fragas quartzíticas, as famosas “cobras pintadas”, que fazem parte da memória colectiva local desde tempos imemoriais. Neste lugar recôndito, a mais de 160 quilómetros do oceano, considerado como uma das mais importantes jazidas paleontológicas do Paleozóico português, os fósseis esqueléticos (somatofósseis) são muito raros, pelo que os icnofósseis, que correspondem a vestígios de actividades paleobiológicas de invertebrados, são tudo o que resta dos habitantes dos mares primitivos.
As “cobras pintadas”, como lhes chama o povo devido a fazerem lembrar curiosas esculturas de cobras petrificadas, além de terem servido para alimentar o lendário da região, desempenharam um papel muito importante no conhecimento do modo de formação das pistas do tipo Cruziana. Estas são icnofósseis de alimentação das trilobites e de outros artrópodes morfologicamente similares e correspondem a sulcos essencialmente horizontais, bilobados, com uma crista central mais ou menos definida, apresentando intricados padrões ornamentais de estrias. Para percebermos a sua formação, torna-se fundamental regressar ao passado e imaginarmos uma trilobite a alimentar-se de matéria orgânica contida nos sedimentos, escavando e revolvendo o fundo marinho e deixando atrás de si rastos bem delimitados, que são o resultado da escavação do substrato por acção dos apêndices locomotores.
Em Penha Garcia, as pistas cruzianas são salientadas pela sua particular diversidade, pelas dimensões ímpares atingidas por algumas estruturas e pela preservação delicada, muito perfeita e rara, aspectos que tornam este geomonumento um parque icnológico único a nível nacional e singular no contexto mundial. Estão de tal modo fossilizadas que em determinados momentos do dia, com luz rasante, é possível observar até as mais delicadas marcas dos apêndices locomotores das trilobites que os produziram. Assim, não é de estranhar que alguns dos exemplares de Cruziana encontrados nestas paragens figurem entre os icnofósseis mais bem preservados que se conhecem a nível mundial.
Fazendo eco das palavras de Carlos Carvalho, geólogo da Faculdade de Ciências de Lisboa, os icnofósseis de Penha Garcia “permitem determinar o modo de vida das comunidades bióticas e suas adaptações às variações ambientais, como sejam as modificações da composição do substrato”. Além disso, a granulometria e o grau de consolidação dos sedimentos, em íntima relação com as peculiares condições paleoambientais quando os fundos marinhos fervilhavam de vida, possibilitam igualmente a observação dos “órgãos da zona ventral, incluindo o aparelho locomotor das trilobites, cuja morfologia, modo de funcionamento e aplicações podem ser conhecidas a partir dos diversos icnofósseis atribuídos a este grupo de organismos”.
Em resultado da tectónica e da erosão fluvial, obtém-se em Penha Garcia uma montra invulgar de grandes lajes com inúmeros icnofósseis. Estes são de tal modo abundantes na região que foram comummente utilizados no passado como matéria-prima para a construção de estradas, muros e carreiros pedonais, como se pode verificar na escadaria de acesso ao castelo e ao longo das veredas que atravessam o magnífico vale do rio Ponsul.
Carapaças abandonadas
No roteiro das trilobites, segue-se o Parque Paleozóico de Valongo, localizado nas imediações do Porto. Este parque, que tem o seu nome associado à era geológica em que se formaram as mais importantes rochas da região, visa precisamente preservar e valorizar o seu património natural e em particular o património paleontológico. Apesar de originalmente terem sido formadas no fundo do mar, as rochas mais antigas de Valongo encontram-se actualmente à superfície, em resultado dos movimentos tectónicos, ostentando importantes jazidas fossilíferas de trilobites e outras formas de vida da Era Paleozóica.
A grande quantidade de fósseis de trilobites que surgem nas jazidas de Valongo corresponde, geralmente, a carapaças abandonadas e posteriormente fossilizadas, e não aos exemplares fósseis do organismo completo. Estas carapaças antigas foram libertadas aquando das mudas sucessivas que permitiram o crescimento dos animais, que entretanto segregavam novas carapaças. Nesta região, principalmente em rochas do Ordovícico, foram assinalados vinte e nove géneros de trilobites, sendo os mais frequentes de Placoparia, Neseuretus, Colpocoryphe, Salterocoryphe, Eodalmanitina, Ectillaenus e Nobiliasaphus, que podem ser admirados na exposição patente ao público no Centro Interpretativo. Destes merecem destaque os dois últimos, por corresponderem a espécies que atingiam frequentemente os 50 centímetros de comprimento.
Finalmente, rumamos à Pedreira do Valério, em Canelas, para findar em beleza este périplo pela rota das trilobites. Curiosamente, as formações geológicas que ocorrem na área enquadram-se na continuidade dos terrenos paleozóicos de Valongo, que se estendem numa estreita faixa de 310 a 425 metros desde Valongo até às proximidades de Castro d’Aire, segundo a direcção NW-SE. Destaca-se, pela sua relevância, o conteúdo paleontológico das ardósias do Ordovícico Médio, onde foram encontradas as maiores trilobites do mundo.
O opúsculo escrito pelo punho de Armando Guedes lembra que “nas rochas negras de Canelas podem ser encontradas uma quinzena de espécies diferentes de trilobites, associadas a graptólitos (pequenos organismos coloniais hoje também extintos), a conchas de braquiópodes, a cefalópodes, etc.”. No Centro de Interpretação Geológica de Canelas, localizado dentro da propriedade da empresa Ardósias Valério & Figueiredo, realizam-se sessões pedagógicas de divulgação científica que dão a conhecer aos visitantes alguns aspectos da vida dessas misteriosas criaturas que aí viveram há 465 milhões de anos. Depois de aguçado o apetite, segue-se um passeio por diversos locais de interesse geológico que culminará com o visitante de martelo na mão (fornecido pela instituição!) a partir pedra, resgatando com entusiasmo os magníficos fósseis de trilobites que se escondem nas ardósias do Ordovícico. Esta é verdadeiramente uma experiência imperdível para qualquer candidato a paleontólogo amador.
Para quem não tenha fôlego para palmilhar montes e vales à cata dos enigmáticos artrópodes marinhos, deixa-se a sugestão de uma visita aos museus paleontológicos que se orgulham de apresentar alguns dos melhores exemplares jamais recolhidos em Portugal. Desde o Museu Geológico de Portugal e o Museu Mineralógico e Geológico, em Lisboa, ao Museu de Mineralogia e Geologia da Universidade de Coimbra e ao Museu de Paleontologia Wenceslau de Lima, no Porto, não faltarão oportunidades para seguir o rasto das trilobites.
J.N.SUPER 150
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Notícia - Meteorologia Agrícola
As condições meteorológicas constituem um dos principais fatores que condicionam o desenvolvimento e a produção agrícolas. Em consequência, a informação agrometeorológica é da maior importância no planeamento das atividades agrícolas e na tomada de decisões da comunidade agrícola. É da competência do Instituto de preparar informação sobre as condições agrometeorológicas de cada ano agrícola, assim como desenvolver aplicações no âmbito da agroclimatologia.
Com as observações diárias da rede de estações meteorológicas do IPMA, faz-se correr diariamente o modelo do balanço hídrico e arquivam-se os valores dos diferentes parâmetros, o que permite não só uma análise em tempo real, mas também uma análise à posteriori da situação agrometeorológica dos últimos dias ou meses, assim como um tratamento estatístico com dados de vários anos. Numa atividade operacional, com utilização da informação obtida do modelo do balanço hídrico, produz o IPMA cada dez dias cartas de Portugal Continental, com indicação dos parâmetros agrometeorológicos, bem como outra informação com interesse para o sector agrícola.
No âmbito da agrometeorologia, são desenvolvidos no IPMA, vários estudos que pretendem contribuir para uma melhor compreensão da interação entre o clima, o desenvolvimento das culturas e a produção agrícola em Portugal Continental.
Trata-se de um boletim decendial, que pode ser adquirido ao Instituto, com assinatura anual ou avulso. Pode ser enviado via e-mail ou por correio normal. A informação contida neste boletim inclui:
- Informações meteorológicas sobre o estado do tempo na última década e previsões para os dez dias seguintes;
- Influência do tempo nas culturas;
- Cartas da temperatura média e da quantidade de precipitação observadas na década;
- Quadros com valores da temperatura média, precipitação, humidade relativa, velocidade média do vento, insolação, evapotranspiração potencial, e quantidade de água no solo na década em questão e comparação como os valores normais para aquela época do ano;
- Quadros com valores das temperaturas acumuladas (graus/dia) na década e desde o início dos anos agrícola e civil;
- Quadros com valores médios e extremos de temperatura mínima, máxima, relva e profundidade e humidade relativa;
- Quadros com valores mensais e semestrais dos principais parâmetros e desvios em relação à normal;
- Classificação dos meses quanto à quantidade de precipitação;
- Eventual informação útil para a década em questão.
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