domingo, 31 de maio de 2015
sábado, 30 de maio de 2015
Notícia - Investigadores de Coimbra aplicam técnicas da física ao estudo de obras de arte do século XVI

Segundo uma nota divulgada pela FCTUC, uma equipa multidisciplinar liderada pelo físico Francisco Gil desenvolveu o projecto de investigação, que incidiu sobre obras de arte do século XVI, nomeadamente trabalhos dos Mestres de Ferreirim e da oficina de João de Ruão.
Integrando físicos, químicos, geólogos e historiadores da arte da Universidade de Coimbra e especialistas em conservação e restauro do Museu Nacional Machado de Castro, a equipa estudou cinco esculturas em pedra de Ançã de João de Ruão, preparando-se para analisar uma sexta, e oito painéis em madeira pintada da autoria dos mestres de Ferreirim, disse hoje à agência Lusa Francisco Gil.
"Através de técnicas como espectroscopia Raman (que, em poucos segundos, fornece informação química do material) e difracção de raio X pelo método de pó (esta última aplicada pela primeira vez ao estudo de obras de arte, usando amostras micrométricas) os investigadores analisaram, caracterizaram e compararam a obra das duas oficinas de artistas, ao longo dos últimos quatro anos", lê-se na nota da FCTUC.
Segundo o coordenador do projecto, este representa "um contributo importante para a evolução da história da arte".
"Permite mostrar - explicou - a riqueza que se vivia na época, a qualidade dos materiais, o gosto e o nível de vida dos artistas. João de Ruão usava por excelência ouro, vermelhão e lápis-lazúli, enquanto os mestres de Ferreirim utilizavam materiais mais pobres".
O estudo "poderá servir para descobrir a origem dos materiais, porque se trata da época áurea pós-Descobrimentos, em que os materiais podem ser originários de África, Índia ou Brasil", refere, no texto, o professor do Departamento de Física da FCTUC.
No âmbito do projecto foram analisadas outras variáveis, nomeadamente os produtos e factores de degradação ao longo dos séculos das obras de arte destes dois grupos de criadores, assinala a mesma nota.
Em declarações hoje à Lusa, Francisco Gil frisou que este trabalho é importante para a caracterização da obra dos autores, permitindo esclarecer dúvidas em termos de autoria, e também para intervenções de conservação e restauro.
Os investigadores vão agora iniciar o estudo das obras escultóricas do mestre Pêro, artista do Século XIV, em particular os túmulos da Rainha Santa Isabel e da sua neta Isabel para, posteriormente, estabelecer a ligação aos túmulos da família da rainha, em Aragão.
Este projecto será desenvolvido em parceria com as Universidades da Beira Interior, de Barcelona e de Florença, adianta a nota da FCTUC.
sexta-feira, 29 de maio de 2015
Notícia - Inteligência nacional
Sistemas para os carros do futuro, made in ISEL
Num discreto laboratório no ISEL, trabalham investigadores portugueses em projectos relacionados com a circulação automóvel. Com acordos firmados com empresas bem conhecidas, é o exemplo de que a inteligência portuguesa está na vanguarda.
Brisa, EDP, REN, Galp, EMEL, Refer, PT e SIEV são algumas das empresas com as quais o Laboratório de Investigação e Desenvolvimento do ISEL tem acordos firmados para o desenvolvimento de novas tecnologias. A Brisa apoiou a inauguração do laboratório, em 2008, e é o seu parceiro mais activo. Parte das tecnologias em desenvolvimento está relacionada com a circulação automóvel, nas suas mais variadas vertentes: do controlo de tráfego ao estacionamento e chegando mesmo à comunicação entre carros, a chamada rede car-to-x, uma área de vanguarda a nível internacional, na qual o ISEL aposta fortemente.
A força de trabalho, neste caso da inteligência, é constituída por alunos bolseiros, ex-alunos, investigadores a tempo inteiro e também professores. As licenciaturas de proveniência são essencialmente as telecomunicações e a informática, bem como os mestrados em redes e multimédia. No total, são dez pessoas que integram seis grupos de trabalho. Cada um destes seis grupos de trabalho é liderado por um professor, e um sétimo professor coordena todos os grupos. Trabalho… não falta!
Tudo começou com a Via Verde
O início do trabalho de investigação dos fundadores deste laboratório começou em 2002, quando foram desenvolvidas, já em parceria com a Brisa, as primeiras versões da Via Verde. Tratou-se de uma enorme conquista para o ISEL, que levou ao estabelecimento de uma norma portuguesa para este tipo de comunicação. Hoje, o laboratório desenvolve a terceira geração da Via Verde, numa norma que entretanto se internacionalizou para que se atinja o ambicioso objectivo de se tornar num sistema que possa funcionar em todos os países.
Outra área que envolve a Brisa é a da classificação de veículos, a eterna questão de definir qual a classe de cada carro quando passa na portagem. Está a ser estudada uma solução com base em sonar que tem duas vantagens fulcrais: é mais fiável e dez vezes mais barata do que o sistema actual. O aparelho de sonar estaria colocado no topo do pórtico da portagem, e a reflexão mais rápida ou mais lenta do seu sinal, quando incidisse no veículo, determinaria a sua classe. Outra hipótese em consideração, para o mesmo problema, é a utilização de feixes laser, uma tecnologia que o ISEL até já desenvolveu para um cliente norte-americano, mas que tem a desvantagem de ser menos fiável em condições meteorológicas difíceis, nomeadamente com nevoeiro. Esta solução define um perfil físico do automóvel e pode chegar mesmo a identificar a marca e modelo.
Reconhecimento de matrículas
Em conjunto com a Galp, o ISEL desenvolve um sistema de reconhecimento de matrículas, com base em câmaras de vídeo. Utilizando as infra-estruturas de segurança já instaladas nas áreas de serviço, é possível alistá-las para a luta contra a fraude. A ideia é relativamente simples: um automóvel que abasteça de combustível e saia da área de serviço sem pagar fica com a matrícula registada no sistema. Quando um veículo com a mesma matrícula voltar a entrar em qualquer outra área de serviço, as câmaras de vídeo detectam a matrícula, comparam-na com a lista das matrículas que cometeram fraudes e bloqueiam a bomba junto à qual o veículo parar, deixando-a imediatamente em pré-pagamento. Nem será necessário a intervenção de um funcionário para esta sucessão de acontecimentos ocorrer. O grande problema deste sistema é a sua compatibilidade com a lei de protecção de dados. Mas as suas potencialidades vão até uma eventual ligação com a Polícia, para denúncia automática da fraude de não pagamento do combustível e até para a detecção de matrículas falsas, pois o sistema “observa” sempre a matrícula e o automóvel a que está afixada. Claro que tudo isto obriga a uma coordenação próxima com o Ministério da Adminstração Interna.
Carros que “falam”
O projecto que, neste momento, mais puxa pela imaginação dos investigadores é o chamado car-to-x. Trata-se de um princípio de comunicação local entre automóveis em circulação, ou entre automóveis e vários tipos de infra-estruturas, fixas e móveis. É uma ideia que está em desenvolvimento em vários países mas que tem tardado em avançar para uma aplicação prática, devido a obstáculos de índole legal e também de compatibilização. O princípio base é muito interessante. Num raio de algumas centenas de metros, cada carro tem um emissor/receptor de 5,9 GHz, capaz de trocar informação. São várias as situações em que o car-to-x se pode revelar extremamente útil. Por exemplo, e no que diz respeito à segurança, imagine que há um acidente na auto-estrada. O carro acidentado poderá emitir imediatamente um alerta que seria recebido pelos carros que seguem atrás, e estes poderiam retransmitir a informação até um raio de distância do acidente considerado suficiente para evitar mais acidentes. Situações meteorológicas difíceis, engarrafamentos, obras na via são outras situações em que a comunicação car-to-x poderia ser um excelente factor de segurança.
Do trânsito ao estacionamento
Da mesma forma, em cidade, o sistema poderia coordenar a velocidade do trânsito de forma a pedir para travar mais cedo os carros que se aproximam dos semáforos que estão a mudar para vermelho, ou acelerar os que se aproximam do semáforo verde. Situações de cruzamentos também poderiam ser analisadas do ponto de vista da segurança. Mas o princípio pode também passar pela gestão do estacionamento nos centros citadinos. Nesta caso, seria a infra-estrutura do estacionamento que poderia lançar um aviso sobre os locais completos e os que ainda têm lugares vagos. A imaginação é o limite, podendo passar pela compra de bilhetes quando se passa à porta de uma casa de espectáculos.
O ISEL trabalha a fundo neste programa, tendo até já feito uma demonstração do sistema em Denver, nos Estados Unidos, com um protótipo. Para já, o sistema está a ser desenvolvido com duas caixas do tamanho de um antigo videogravador. Mas quando o software usado agora no suporte laboratorial for transformado em hardware, a versão final que chegará ao mercado terá o tamanho de um telemóvel. O custo de cada um dos emissores/receptores é hoje de cerca de 3000 euros, mas trata-se de material de laboratório, pelo que este valor é pouco relevante. A expectativa é que o custo da versão final seja cem vezes menor, ou seja, apenas 30 euros.
O papel do ISEL
O envolvimento do laboratório do ISEL no desenvolvimento do sistema car-to-x permite-lhe participar na definição da norma internacional que irá reger este tipo de comunicação, colocando os portugueses numa posição privilegiada. A demonstração feita num troço da Northwest Parkway de Denver, no Colorado, foi muito importante para o desenvolvimento do projecto, pois o ISEL é a única entidade na Europa a ter um sistema destes a funcionar, naquilo a que se chama WAVE (Wireless Acess Vehicle Environment). Na demonstração, o sistema usava antenas de banda larga de 30 centímetros, o que lhe permitia um alcance de um quilómetro, mas a versão final terá a antena integrada no módulo. A experiência consistiu na simulação de um alerta, lançado por um automóvel em movimento, que foi instantaneamente recebido por outro automóvel, a circular algumas centenas de metros atrás. Com capacidade para enviar 27 megabits por segundo, a rapidez desta comunicação é fulcral para o sucesso da ideia.
O ISEL está a trabalhar em colaboração com a Brisa para a aplicação deste sistema na comunicação entre o automóvel e as infra-estruturas de pagamento de portagem. O programa parte de uma desejada mudança de paradigma na cobrança de portagens. Em vez de existirem portagens físicas que obrigam a parar, passa a existir um princípio free-flow em que os automóveis não têm de passar por nenhum constrangimento na auto-estrada. Basta existir um emissor/receptor em cada carro e nas entradas e saídas das autoestradas.
Este projecto é muito mais complexo do que a Via Verde, pois permite todas as funcionalidades já descritas além de outras como a possibilidade de, quando montado numa ambulância em marcha de emergência, fazer passar a verde os semáforos que estiverem no seu trajecto. Outra hipótese é a chamada automática de uma ambulância, com informação precisa da localização, usando o GPS de bordo, assim que o airbag de um automóvel for activado. Na verdade, este cenário acaba por implicar que os veículos passam eles próprios a ser sensores que permitem ajudar a gerir o tráfego e a segurança.
Para quando?
O ISEL está envolvido no programa car-to-x há dois anos e meio mas ainda não existe uma data para a entrada em comercialização da ideia. Para ser incorporado como equipamento de série em todos os automóveis, isso implica uma harmonização entre todos os construtores, o que está ainda longe de acontecer. O mais provável é que o sistema entre no mercado como um interface de comunicação entre a Brisa e os seus subscritores, substituindo a Via Verde e acrescentando várias funcionalidades. Neste laboratório do ISEL, desenvolvem-se ideias e constroem-se protótipos. A eventual industrialização dos produtos finais já faz parte de outra fase.
Outros projectos estão em curso: por exemplo um, desenvolvido em colaboração com a EMEL, a entidade gestora dos estacionamentos municipais de Lisboa, prevê a possibilidade de pagamento de estacionamento através de telemóvel, usando o Bluetooth, tanto em pré-pagamento como em pós-pagamento. Também se trabalha numa nova geração de radares de controlo de velocidade, destinados a ser instalados nos 300 pontos negros da rede viária nacional, e nos famosos chips de matrícula para o pagamento das ex-SCUT.
Neste discreto laboratório do ISEL, desenvolvem-se ideias com inteligência portuguesa e trabalha-se com parceiros externos com vista à implantação dos novos conceitos. Trata-se, afinal, do papel que as universidades devem ter na sociedade.
F.M. Super Interessante
Conteúdo - Estações Meteorológicas Automáticas e Radiosondagens
A rede nacional de estações meteorológicas automáticas de superfície (EMA) encontra-se em funcionamento operacional no IM desde junho de 2002 com 93 EMA (78 no Continente, 9 no arquipélago dos Açores e 6 no arquipélago da Madeira), as quais registam de 10 em 10min os elementos meteorológicos principais e elaboram de forma automática mensagens em forma de código que são enviadas à escala horária para a sede do IM e difundidas internacionalmente.
Esta rede permite obter em tempo real os dados meteorológicos indispensáveis para a previsão do estado do tempo com uma cobertura espacial adequada (cerca de 1000 km2/estação) para vigilância meteorológica à escala sinóptica e mesoscala e estudos climatológicos, incluindo utilização em disponibilidades energéticas (solar, eólica e hídrica) e no suporte em estudos micro-climáticos, servindo as EMA de referência para redes de estações climatológicas em pequenos períodos de exploração.
A rede aerológica Nacional é constituída por 3 estações, instaladas em Lisboa, Funchal e Lajes, onde são lançados diariamente, em regra às 00 e 12UTC, balões meteorológicos com radiossonda RS92-SGP que permitem medir, de 10 em 10m, aproximadamente, os valores da pressão atmosférica, da temperatura e humidade relativa do ar e do vento, desde a superfície até à altura de rebentamento do balão, que em geral é superior a 30Km.
Os dados referidos são recebidos num sistema recetor, DigiCORA, instalado à superfície e após o fim da radiossondagem, que tem duração aproximada de 2h, são transmitidos em forma de código meteorológico para a sede do IPMA para utilização própria e para difusão internacional. Este tipo de dados é fundamental na eficiência de modelos de previsão numérica do estado do tempo (à escala sinóptica) e são também utilizados em climatologia de altitude, na vigilância das condições meteorológicas de dispersão de poluentes atmosféricos e no cálculo da altura da camada de mistura e classes de estabilidade da atmosfera.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Notícia - Descoberta floresta fossilizada com 298 milhões de anos
Na China desenterrou-se uma Pompeia do mundo natural com 298 milhões de anos. As cinzas de uma erupção cobriram uma floresta de fetos arbóreos, que ficou preservada até agora. O retrato deste pântano tropical está descrito na revista Proceedings of the Natural Academy of Sciences desta semana e permite compreender melhor a evolução das florestas da Terra numa altura em que ainda não havia flores.
“É como [a cidade romana] Pompeia”, disse em comunicado Herrmann Pfefferkorn, um dos autores do estudo, que pertence à Universidade de Pensilvânia, referindo-se à cidade situada na Itália que ficou cristalizada pelas cinzas do Vesúvio durante a erupção de 79 d.C. “Pompeia dá-nos um conhecimento profundo sobre a cultura romana, mas não nos diz nada sobre a história da [civilização] romana em si mesmo.”
Por outro lado, permite a comparação. Pompeia “elucida-nos o tempo que veio antes e que veio depois. Esta descoberta é semelhante. É uma cápsula do tempo, e desse ponto de vista permite-nos interpretar muito melhor o que aconteceu antes e depois”, disse o cientista.
E que tempo é este? Na cronologia da história geológica, há 298 milhões de anos, a Terra encontrava-se no início do período Pérmico, antes da era dos dinossauros. Nesta altura os mamíferos e as plantas com flor ainda não existiam e os répteis e as coníferas – o grupo de plantas a que os pinheiros pertencem – eram uma aquisição recente da evolução.
O mundo terrestre era dominado por anfíbios e por fetos com porte de árvore. E as placas tectónicas estavam a acabar de se juntar para formar a Pangeia. O local arqueológico que os cientistas da Academia de Ciência chinesa estudaram, na região da antiga Mongólia, no Norte da China, era na altura uma super ilha separada do continente, que se situava a latitudes tropicais, no Hemisfério Norte.
Os cientistas fizeram um verdadeiro trabalho de ecologia paleontológica com estratos soterrados que desenterraram, analisando 1000 metros quadrados de área florestal em três sítios diferentes. Se não tivesse havido erupção, ao longo de milhões de anos aquela paisagem ter-se-ia transformado em carvão no interior da Terra, como aconteceu em muitos locais semelhantes a norte a sul da formação.
Mas a cinza fez fossilizar a floresta, que ficou comprimida em 66 centímetros de solo e fez com que a equipa pudesse recriar um retrato detalhado da floresta. “Está maravilhosamente preservada”, disse Pfefferkorn. “Podemos estar ali a olhar e encontrar um ramo com folhas, e depois encontramos o outro ramo e o outro ramo. Depois encontramos um cepo da mesma árvore. É realmente emocionante.”
Os cientistas encontraram seis grupos de plantas diferentes com várias espécies em cada grupo. Há um estrato mais basal com fetos arbóreos, de onde de quando em vez saem árvores mais finas e altas que parecidas a um espanador de penas, com 25 metros de altura. Encontraram também um grupo de plantas extinto que libertava esporos e árvores que parecem ser antepassados das cicadófitas, plantas sem flores que fazem lembrar palmeiras.
"Isto agora é a base. Qualquer outra descoberta, normalmente muito menos completa do que esta, tem que ser avaliada com base no que determinámos aqui", disse Pfefferkon, referindo-se à evolução da flora daquela altura.
Notícia - O LHC não pára em 2012
Ao contrário do que chegou a estar previsto, o LHC, o grande acelerador de partículas do Laboratório Europeu de Física das Partículas (CERN), perto de Genebra, na Suíça, vai continuar a funcionar durante todo o ano de 2012.
Segundo um comunicado emitido ontem pelo CERN, apenas deverá haver um “curto intervalo técnico” no final de 2011. A interrupção prolongada, indispensável para pôr o LHC a funcionar ao seu nível máximo de energia, fica assim adiada para 2013, dando ao acelerador, explica ainda o documento, “uma boa hipótese de fazer descobertas de física nos próximos dois anos”.
O derradeiro objectivo do LHC é a detecção do bosão de Higgs, também chamado “partícula de Deus”, que permitiria explicar por que é que as partículas elementares têm massa. Actualmente, o LHC está a operar a metade da sua potência máxima, mas o facto de ter estado a funcionar muito bem nos últimos meses acabou por motivar o adiamento das reparações. “Com o LHC a funcionar tão bem em 2010 e com as melhorias adicionais que se esperam (...), se a natureza for clemente connosco e (...) o bosão de Higgs estiver ao alcance da energia actual do LHC, os dados que prevemos recolher até finais de 2012 podem permitir descubri-lo”, declarou Sergio Bertolucci, o director do CERN.
Recorde-se que o CERN passou, recentemente, a ser a única entidade no mundo na corrida para o bosão de Higgs, depois de o Departamento da Defesa norte-americana ter decidido encerrar definitivamente, já em Setembro deste ano e por falta de financiamento, o segundo maior acelerador de partículas: o Tevatron do Fermilab, perto de Chicago, em funcionamento há 25 anos.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Conteúdo - Noções de Climatologia
Qual a relação da temperatura com a latitude?
Quanto menor for a latitude, maior será a temperatura. Por exemplo: no Equador, os raios solares incidem perpendicularmente na Terra, dando lugar a que grande parte da energia seja depositada no solo. Em latitudes mais elevadas, o Sol não incidirá perpendicularmente, quer devido à curvatura da Terra, quer pelo desvio dos raios solares causado pela atmosfera. Deste modo, nem todos os raios solares chegarão ao solo para debitarem calor. O clima de qualquer região terá outras influências além da curvatura da Terra, como sejam a presença de água ou a orografia.
Como é o clima no Polo Sul?
O clima no Polo Sul, melhor, o clima da Antártica, é o mais frio da Terra. É extremamente seco, com uma média anual de precipitação entre 30 e 70 mm. Na maior parte do continente a neve nunca derrete e é comprimida até transformar-se em plataformas de gelo. As massas de ar raramente penetram a fundo no continente.
Quais as principais limitações para a descrição do clima de uma região, utilizando-se a classificação climática?
As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas pelas condições existentes no local, resultantes da combinação de algumas grandezas físicas denominadas por elementos climáticos. A classificação de Köppen, a classificação de Thornthwaite e a classificação ecológica podem satisfazer o microclima de uma localidade, mas como tudo em Meteorologia tem as suas limitações. Tudo vai depender dos fenómenos apresentados na natureza. O El-Niño e a La-Niña são seus exemplos.
Há limitações para a descrição do clima de uma localidade, utilizando a classificação climática de Köppen?
Existem vários esquemas de classificação climática, sendo o de Köppen o mais conhecido. É útil quando queremos comparar climas de diferentes regiões, usando principalmente dados de temperatura e de precipitação.
O que é o "Efeito de estufa"?
O efeito de estufa é um processo natural que determina o clima da Terra e faz com que a temperatura da Terra seja superior do que a que seria na ausência da atmosfera. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa pode ser considerado como uma coisa boa, pois, sem ele a vida, como se conhece, não poderia existir.
A denominação de efeito de estufa deve-se à analogia com o que acontece numa estufa de plantas: o vidro deixa passar a radiação de pequeno comprimento de onda emitida pelo Sol mas absorve a radiação infra-vermelha emitida pelo solo, dando assim origem a temperaturas mais elevadas dentro da estufa. No caso da Terra é a atmosfera que funciona parcialmente como o vidro da estufa.
A atmosfera é constituída essencialmente por azoto e oxigénio que são transparentes tanto para a radiação emitida pelo Sol como para a radiação de maior comprimento de onda emitida pelo solo. Existem, no entanto, outros constituintes menores da atmosfera, como o vapor de água e o dióxido de carbono, que absorvem a radiação emitida pelo solo. A radiação absorvida por estes gases é, então, reemitida em todas as direções, alguma reenviada de novo para a Terra.
Estima-se que a temperatura média da superfície da Terra, de cerca de 15°C, seria de -18°C na ausência do efeito de estufa.
Normais Climatológicas?
Em Meteorologia uma normal de um elemento meteorológico é o valor médio desse elemento ao longo de um período fixo de anos para um determinado local, região, país ou área geográfica. Num sentido mais alargado, as normais devem consistir num conjunto de estatísticas descritivas que inclui a média, a mediana, o desvio padrão, os quartis, a distribuição de frequências, os valores extremos, etc. dos elementos meteorológicos considerados.
Na Conferência Internacional de Meteorologia em 1935, em Varsóvia, o período compreendido entre 1901 e 1930 foi selecionado como o período internacional padrão para as normais. Posteriormente a recomendação internacional é recalcular as normais ao fim de cada década usando os 30 anos anteriores. As normais que se iniciam, por exemplo, a 1 de janeiro de 1941 terminam a 31 de dezembro de 1970; as normais seguintes iniciam-se a 1 de janeiro de 1951 e terminam a 31 de dezembro de 1980, e assim sucessivamente. A estas normais chamam-se normais climatológicas. Esta prática é usada para ter em conta as variações lentas do Clima. O período de anos considerado para as normais deve ser sempre referido claramente, já que os resultados obtidos para diferentes períodos com a mesma duração raramente são iguais.
Os principais elementos meteorológicos considerados no cálculo das normais são a temperatura do ar (média, máxima e mínima), a pressão atmosférica, a precipitação, a humidade do ar, a insolação, a nebulosidade, a evaporação e o vento. Estão igualmente incluídos neste conjunto o número de dias em que ocorreu neve, granizo ou saraiva, trovoada, nevoeiro, orvalho e geada.
E em Portugal? O clima está a mudar?
A temperatura média do ar tem estado a aumentar desde meados do século XIX. Este aumento, depois de retirado o ‘efeito de ilha urbano’, é estimado em 0.0074°C/ano.
- A amplitude térmica diária, diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima, está a diminuir desde 1946. Esta diminuição deve-se ao facto de as temperaturas mínimas estarem a aumentar mais do que as máximas.
- A quantidade de precipitação está a diminuir em março.
- Nas últimas duas décadas houve um aumento na frequência e na intensidade de situações de seca.
- A temperatura da água do mar junto à costa ocidental tem estado a aumentar desde 1956. Esse aumento é similar ou superior ao aumento da temperatura do ar para o mesmo período.
O clima da Terra está a mudar?
A análise de um grande conjunto de observações mostra mudanças recentes no sistema climático, estas conclusões foram apresentadas numa publicação de referência (Climate Change 2001: The Scientific Basis. IPCC Third Assessment Report):
- A temperatura média global à superfície aumentou cerca de 0.6°C no século XX. Registos desde 1861, mostram a década de 1990 como a mais quente, e o ano mais quente o de 1998. Em média, entre 1950 e 1993, a temperatura mínima diária do ar aumentou cerca de 0.2°C por década, o dobro do aumento da temperatura máxima diária.
- No mesmo período, entre 1950 e 1993, a temperatura da água do mar aumentou cerca de metade do que a temperatura média sobre o continente.
- Dados recolhidos de satélites mostram que houve uma diminuição de cerca de 10% da área coberta de neve e gelo desde o fim da década de 60.
- O nível médio da água do mar subiu entre 0.1 e 0.2 m durante o século XX.
Em que sentido se deve usar o termo “condições climatéricas”?
É correto, por exemplo, dizer que numa determinada data e hora, o estado do tempo que se caracterizou por chuva intensa, obrigou à interrupção de um jogo de futebol.
É incorreto dizer que foi devido às condições climáticas ou climatéricas. Por outro lado, por exemplo, é correto dizer que as condições climáticas de Atlanta, nos meses de Julho e Agosto, com temperatura do ar e humidade relativa elevadas, podem prejudicar o desempenho dos atletas.
Diferença entre Tempo e Clima?
O tempo num dado local e num dado instante é definido por um conjunto de elementos atmosféricos: temperatura do ar, vento à superfície, pressão atmosférica, nebulosidade, humidade relativa do ar, etc.
O clima é uma síntese dos estados de tempo característicos de um dado local ou região num determinado intervalo de tempo definido. Para definir o clima recorre-se à estatística e utilizam-se valores médios, valores extremos, probabilidades de ocorrência ou de excedência, etc. O tempo e o clima são, portanto, duas formas de descrever as mesmas variáveis mas utilizando diferentes escalas temporais.
http://www.ipma.pt/
Quanto menor for a latitude, maior será a temperatura. Por exemplo: no Equador, os raios solares incidem perpendicularmente na Terra, dando lugar a que grande parte da energia seja depositada no solo. Em latitudes mais elevadas, o Sol não incidirá perpendicularmente, quer devido à curvatura da Terra, quer pelo desvio dos raios solares causado pela atmosfera. Deste modo, nem todos os raios solares chegarão ao solo para debitarem calor. O clima de qualquer região terá outras influências além da curvatura da Terra, como sejam a presença de água ou a orografia.
Como é o clima no Polo Sul?
O clima no Polo Sul, melhor, o clima da Antártica, é o mais frio da Terra. É extremamente seco, com uma média anual de precipitação entre 30 e 70 mm. Na maior parte do continente a neve nunca derrete e é comprimida até transformar-se em plataformas de gelo. As massas de ar raramente penetram a fundo no continente.
Quais as principais limitações para a descrição do clima de uma região, utilizando-se a classificação climática?
As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas pelas condições existentes no local, resultantes da combinação de algumas grandezas físicas denominadas por elementos climáticos. A classificação de Köppen, a classificação de Thornthwaite e a classificação ecológica podem satisfazer o microclima de uma localidade, mas como tudo em Meteorologia tem as suas limitações. Tudo vai depender dos fenómenos apresentados na natureza. O El-Niño e a La-Niña são seus exemplos.
Há limitações para a descrição do clima de uma localidade, utilizando a classificação climática de Köppen?
Existem vários esquemas de classificação climática, sendo o de Köppen o mais conhecido. É útil quando queremos comparar climas de diferentes regiões, usando principalmente dados de temperatura e de precipitação.
O que é o "Efeito de estufa"?
O efeito de estufa é um processo natural que determina o clima da Terra e faz com que a temperatura da Terra seja superior do que a que seria na ausência da atmosfera. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa pode ser considerado como uma coisa boa, pois, sem ele a vida, como se conhece, não poderia existir.
A denominação de efeito de estufa deve-se à analogia com o que acontece numa estufa de plantas: o vidro deixa passar a radiação de pequeno comprimento de onda emitida pelo Sol mas absorve a radiação infra-vermelha emitida pelo solo, dando assim origem a temperaturas mais elevadas dentro da estufa. No caso da Terra é a atmosfera que funciona parcialmente como o vidro da estufa.
A atmosfera é constituída essencialmente por azoto e oxigénio que são transparentes tanto para a radiação emitida pelo Sol como para a radiação de maior comprimento de onda emitida pelo solo. Existem, no entanto, outros constituintes menores da atmosfera, como o vapor de água e o dióxido de carbono, que absorvem a radiação emitida pelo solo. A radiação absorvida por estes gases é, então, reemitida em todas as direções, alguma reenviada de novo para a Terra.
Estima-se que a temperatura média da superfície da Terra, de cerca de 15°C, seria de -18°C na ausência do efeito de estufa.
Normais Climatológicas?
Em Meteorologia uma normal de um elemento meteorológico é o valor médio desse elemento ao longo de um período fixo de anos para um determinado local, região, país ou área geográfica. Num sentido mais alargado, as normais devem consistir num conjunto de estatísticas descritivas que inclui a média, a mediana, o desvio padrão, os quartis, a distribuição de frequências, os valores extremos, etc. dos elementos meteorológicos considerados.
Na Conferência Internacional de Meteorologia em 1935, em Varsóvia, o período compreendido entre 1901 e 1930 foi selecionado como o período internacional padrão para as normais. Posteriormente a recomendação internacional é recalcular as normais ao fim de cada década usando os 30 anos anteriores. As normais que se iniciam, por exemplo, a 1 de janeiro de 1941 terminam a 31 de dezembro de 1970; as normais seguintes iniciam-se a 1 de janeiro de 1951 e terminam a 31 de dezembro de 1980, e assim sucessivamente. A estas normais chamam-se normais climatológicas. Esta prática é usada para ter em conta as variações lentas do Clima. O período de anos considerado para as normais deve ser sempre referido claramente, já que os resultados obtidos para diferentes períodos com a mesma duração raramente são iguais.
Os principais elementos meteorológicos considerados no cálculo das normais são a temperatura do ar (média, máxima e mínima), a pressão atmosférica, a precipitação, a humidade do ar, a insolação, a nebulosidade, a evaporação e o vento. Estão igualmente incluídos neste conjunto o número de dias em que ocorreu neve, granizo ou saraiva, trovoada, nevoeiro, orvalho e geada.
E em Portugal? O clima está a mudar?
A temperatura média do ar tem estado a aumentar desde meados do século XIX. Este aumento, depois de retirado o ‘efeito de ilha urbano’, é estimado em 0.0074°C/ano.
- A amplitude térmica diária, diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima, está a diminuir desde 1946. Esta diminuição deve-se ao facto de as temperaturas mínimas estarem a aumentar mais do que as máximas.
- A quantidade de precipitação está a diminuir em março.
- Nas últimas duas décadas houve um aumento na frequência e na intensidade de situações de seca.
- A temperatura da água do mar junto à costa ocidental tem estado a aumentar desde 1956. Esse aumento é similar ou superior ao aumento da temperatura do ar para o mesmo período.
O clima da Terra está a mudar?
A análise de um grande conjunto de observações mostra mudanças recentes no sistema climático, estas conclusões foram apresentadas numa publicação de referência (Climate Change 2001: The Scientific Basis. IPCC Third Assessment Report):
- A temperatura média global à superfície aumentou cerca de 0.6°C no século XX. Registos desde 1861, mostram a década de 1990 como a mais quente, e o ano mais quente o de 1998. Em média, entre 1950 e 1993, a temperatura mínima diária do ar aumentou cerca de 0.2°C por década, o dobro do aumento da temperatura máxima diária.
- No mesmo período, entre 1950 e 1993, a temperatura da água do mar aumentou cerca de metade do que a temperatura média sobre o continente.
- Dados recolhidos de satélites mostram que houve uma diminuição de cerca de 10% da área coberta de neve e gelo desde o fim da década de 60.
- O nível médio da água do mar subiu entre 0.1 e 0.2 m durante o século XX.
Em que sentido se deve usar o termo “condições climatéricas”?
É correto, por exemplo, dizer que numa determinada data e hora, o estado do tempo que se caracterizou por chuva intensa, obrigou à interrupção de um jogo de futebol.
É incorreto dizer que foi devido às condições climáticas ou climatéricas. Por outro lado, por exemplo, é correto dizer que as condições climáticas de Atlanta, nos meses de Julho e Agosto, com temperatura do ar e humidade relativa elevadas, podem prejudicar o desempenho dos atletas.
Diferença entre Tempo e Clima?
O tempo num dado local e num dado instante é definido por um conjunto de elementos atmosféricos: temperatura do ar, vento à superfície, pressão atmosférica, nebulosidade, humidade relativa do ar, etc.
O clima é uma síntese dos estados de tempo característicos de um dado local ou região num determinado intervalo de tempo definido. Para definir o clima recorre-se à estatística e utilizam-se valores médios, valores extremos, probabilidades de ocorrência ou de excedência, etc. O tempo e o clima são, portanto, duas formas de descrever as mesmas variáveis mas utilizando diferentes escalas temporais.
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