quinta-feira, 28 de julho de 2016

Notícia - Areia mágica


Porto Santo, um novo destino de saúde natural
O fenómeno nada tem de novo, mas só agora foi estudado e compreendido: os famosos banhos de areia do Porto Santo têm mesmo eficácia terapêutica. Os cientistas já sabem porquê.

Os banhos de areia na praia da ilha do Porto Santo são praticados há dezenas de anos, por pessoas com patologias do sistema locomotor. Não é só turismo o que se procura naquela ilha do arquipélago da Madeira. É também saúde, e os cientistas descobriram que as propriedades terapêuticas e medicinais da areia e de outros recursos naturais da ilha são um facto.

Mas vamos por partes, que a história é longa e deve ser contada desde o princípio. Há cerca de 40 anos, o então presidente da câmara municipal, Francisco Taboada, endereçou uma carta ao professor Celso Gomes, hoje catedrático aposentado da Universidade de Aveiro, mas na altura professor na Universidade de Angola, solicitando um parecer sobre as virtudes terapêuticas da areia. E justificava: “Após um período de banhos de duas ou três semanas, os pacientes sentem-se tão bem que por vezes deixam na Câmara as canadianas que trouxeram para a ilha.” Acompanhava a carta uma pequena encomenda com areia.

Os pacientes faziam covas na areia seca da zona de transição entre a praia e a duna frontal, deitavam-se nelas e cobriam as partes do corpo afectadas com uma camada de areia muito pouco espessa. Sendo a temperatura da areia bastante superior à do corpo, este transpirava abundantemente. O banho durava entre 15 e 20 minutos, o corpo transpirado fixava fortemente os grãos finos da areia, como um panado, e o banhista, depois de sentir o corpo seco, aproximava-se do mar, sendo a areia retirada do corpo, ainda que com dificuldade, com a água salgada.

À distância, pouco era possível investigar, excepto notar que a areia da praia do Porto Santo era diferente da das outras praias, portuguesas e não só. Os grãos daquela areia possuem composição calcária de origem biogénica e um tamanho invulgarmente pequeno (valor médio à volta de 0,175 milímetros de diâmetro) e uniforme. Os estudos ficaram por aqui, mas o interesse pela questão permaneceu.

Investigação na praia
Só em 1995, estava já Celso Gomes na Universidade de Aveiro, manifestou ao seu aluno João Baptista Pereira Silva, madeirense e natural do Funchal, que frequentava a licenciatura em engenharia geológica, interesse pelo estudo da areia da praia do Porto Santo. Com a necessária anuência, fizeram-se então trabalhos preliminares, de campo e de laboratório. Mais tarde, houve oportunidade de preparar um programa de doutoramento para o engenheiro João Baptista, com o objectivo fundamental de estudar e procurar explicar as propriedades específicas da areia justificativas dos seus efeitos positivos em doenças do foro músculo-esquelético.

O programa de tese abrangia também o estudo de outros recursos naturais do Porto Santo, como a água do mar, a água de nascentes, as argilas (particularmente as do tipo bentonite, únicas em Portugal) e os produtos hortícolas e frutícolas, que se diferenciam dos demais principalmente pelo seu sabor (tomate, uvas, figos, melão, melancia, maracujá...). A tese, Areia de Praia da Ilha do Porto Santo: Geologia, Génese, Dinâmica e Propriedades Justificativas do Seu Interesse Medicinal, seria defendida em provas públicas em 2002.

Vestígios de um recife coralígeno
Os estudos de campo revelaram que havia areia idêntica à da praia do Porto Santo em depósitos posicionados no interior da ilha, e também em certos trechos da costa norte. Por exemplo, na localidade denominada Fonte da Areia, havia uma falésia cuja parte superior era constituída por um depósito muito espesso de areia calcária, claramente de origem eólica. A areia fora removida por acção do vento de uma praia frontal à falésia, praia esta onde a areia foi acumulada depois da desintegração de um espesso recife coralígeno desenvolvido na plataforma costeira de perfil suave.

Datações em amostras de areia carbonatada do Porto Santo, utilizando o método do radiocarbono, revelaram idades de 31 a 15 mil anos, pelo que a desintegração do dito recife teria tido lugar durante a última grande glaciação, quando o nível da água do mar baixou progressivamente, expondo o recife à acção da abrasão marinha.

Os estudos de laboratório confirmaram “a origem biogénica da areia que hoje apresenta a cor ‘dourada’ que suporta o título ‘ilha da praia dourada’ atribuído ao Porto Santo”: “A areia seca na zona de transição praia/duna frontal, em dias de sol, pode atingir temperaturas da ordem de 60 a 65 graus, quando a temperatura do ar é de 24 a 27 graus, a temperatura da água do mar é de 23 a 24 graus e a humidade relativa é de 70 a 80 por cento”, explicam Celso Gomes e João Baptista.

“A areia é constituída por bioclastos (componente maioritário) e vulcanoclastos (componente minoritário, inferior a cinco por cento). Os bioclastos, representados por conchas ou fragmentos de bivalves, de foraminíferos, de algas calcárias, de espongiários e radiolários, são constituídos por três espécies de carbonato de cálcio (calcite, calcite magnesiana e aragonite). Os vulcanoclastos são feldspato e magnetite titanífera. Cálcio, magnésio e estrôncio são os elementos químicos dominantes na composição química da areia, mas outros elementos igualmente bioessenciais, como o iodo, o fósforo, o enxofre e o silício, também estão presentes”, adiantam.

Um balneário de areias
João Baptista, membro investigador da Unidade GeoBioTec da FCT da Universidade de Aveiro, participou, na qualidade de investigador e consultor técnico e científico, em vários programas de saúde que levaram à construção, no Hotel Porto Santo, primeiro de um balneário-piloto e, mais tarde, de um balneário efectivo, para o qual foi proposta a denominação de “Centro de Geomedicina do Hotel Porto Santo”. “O maior número de pacientes que o frequentam, em grupos que são acompanhados de médicos, enfermeiros e nutricionistas, são oriundos dos países nórdicos (Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca). No início das investigações, houve mesmo a contribuição determinante de uma clínica de tratamento de dor de Oslo, e do médico e professor norueguês Bjørg Fagerlund”, relata.

Os efeitos terapêuticos da areia são de dois tipos: termoterápico e quimioterápico. O primeiro tem por base a capacidade da areia para receber e acumular o calor natural da radiação solar, ou o calor artificial facultado no balneá­rio. “O calor é fundamental para melhorar o fluxo sanguíneo e aumentar as aberturas dos poros da pele, que funciona como membrana porosa, deixando sair os elementos químicos transportados em solução pelo suor produzido e deixando entrar ou absorver os elementos químicos que, por dissolução, passaram da areia para o suor.” Quanto ao efeito quimioterápico, baseia-se na incorporação por absorção através da pele dos iões libertos dos grãos carbonatados constituintes da areia, quando estes são parcialmente dissolvidos pelo suor ácido (um pH de 4,5 a 6).

Pode assim dizer-se que a interacção entre a areia carbonatada biogénica do Porto Santo e o corpo humano se faz através de fase intermédia constituída pelo suor de carácter ácido desenvolvido na interface areia/corpo durante o banho de areia, cuja temperatura óptima deve ser ligeiramente superior (40 a 42 graus) à do corpo humano. O suor proporciona a dissolução química parcial dos carbonatos da areia (principalmente os bioclastos resultantes de algas vermelhas): iões de sódio, potássio e cloro, constituintes essenciais do suor, são libertados do corpo, que em contrapartida absorve iões de cálcio, magnésio e estrôncio que passaram da areia para o suor. Findo o banho, à medida que o suor vai secando, os iões vão sendo absorvidos pelo corpo e incorporados nos fluidos celulares e intercelulares e na corrente sanguínea.

As argilas esmectíticas do Porto Santo, resultantes da alteração em ambiente submarino de materiais vulcânicos, umas tradicionalmente utilizadas por residentes da ilha para a preparação de máscaras faciais, outras utilizadas na cobertura isolante das tradicionais “casas de salão”, foram igualmente objecto de investigação. As propriedades deste tipo de argilas são hoje bem conhecidas, assim como as funções que podem desempenhar quando incorporadas em veículos apropriados.

Novas formulações
Os últimos cinco anos dos trabalhos desenvolvidos pelos especialistas foram dedicados à preparação e experimentação de produtos diferenciadores, terapêuticos e cosméticos, tendo por base areia carbonatada biogénica e argila esmectítica do Porto Santo.

O conhecimento das propriedades específicas da areia carbonatada biogénica e da bentonite do Porto Santo, conjugado com o alargamento da equipa a investigadores da Faculdade de Farmácia do Porto e da Universidade Fernando Pessoa, proporcionou o desenvolvimento de produtos diversos com essa finalidade (cremes e leites corporais, máscaras faciais, geles esfoliantes e protectores solares).

As formulações desenvolvidas e os efeitos mostraram-se promissores na fase experimental e têm sido apresentados em várias reu­niões científicas internacionais. Algumas das formulações têm sido testadas com sucesso em pacientes com patologias inflamatórias das articulações, nomeadamente do joelho, do ombro e do cotovelo.

As máscaras à base de tipos especiais de argila são as preparações cosméticas mais antigas. A argila participa, quer como excipiente dando corpo às preparações, quer como agente activo importante na preparação de formulações com diversas acções. Assim, as máscaras faciais/corporais podem apresentar funções de limpeza, esfoliante, tonificante, desengordurante, adstringente, tensora, hidratante e branqueadora.

Além da esfoliação, é conveniente a utilização de produtos cosméticos e de higiene corporal com propriedades hidratantes e emolientes que contribuam para a manutenção das propriedades mecânicas da pele, nomeadamente a flexibilidade, a plasticidade e a elasticidade. Com este fim, foram desenvolvidos também produtos complementares de limpeza e hidratação, nomeadamente um gel de banho e uma loção hidratante contendo Aloe vera, para reposição do filme hidrolipídico da pele, e uma água mineromedicinal refrescante e tonificante beneficiada, tendo por base a água captada no vale da Fontinha, na antiga Casa das Águas do Porto Santo.

Denominação de origem
Por outro lado, está já projectada a preparação e o desenvolvimento de um pelóide (lama terapêutica) cujos componentes básicos são a bentonite, a areia carbonatada biogénica micronizada e a água do mar do Porto Santo. O pelóide seria indicado para o tratamento de problemas articulares (artrose e artrite reumatóide) em unidades locais de geomedicina, talassoterapia, etc.

Uma das preocupações dos investigadores tem sido introduzir nos produtos a desenvolver e a certificar o conceito de denominação de origem. Por isso, está a fazer-se a caracterização detalhada das formulações para registo de produtos e de marcas, tendo em vista o surgimento de empreendedores interessados na produção e comercialização.

No final deste ano, Celso Gomes e João Baptista vão lançar um livro bilingue intitulado Ilha do Porto Santo: Estância Singular de Saúde Natural / Porto Santo Island: Unique Resort of Natural Health, com informação completa sobre os recursos geológicos e outros da ilha do Porto Santo com interesse para a saúde e bem-estar. Os autores admitem que a psamoterapia ou arenoterapia, se associada a outras naturoterapias (climatoterapia, helioterapia, hidroterapia e peloterapia), pode promover e potenciar o Porto Santo como estância singular de saúde natural, o que significa que a pequena ilha pode tornar-se num importante destino turístico, já não pelos banhos de mar ou de sol, mas pelos banhos de areia que tanto intrigavam o autarca Taboada.

Mar de gente
Actualmente, a equipa de investigadores ligada ao estudo e aplicação do potencial terapêutico das areias do Porto Santo inclui, além de Celso Gomes e João Baptista, investigadores da Unidade de Investigação GeoBioTec da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, da Universidade de Aveiro (Fernando Ernesto Almeida e Jorge Hamilton Gomes) e do Centro de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (Delfim Santos, Rosa Pena, Maria Helena Amaral e J.M. Sousa Lobo). Do grupo fazem ainda parte investigadores da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Fernando Pessoa, no Porto (Rita Oliveira, Pedro Barata e Carla Gomes).




M.M. SUPER 150

Notícia - Fármacos alucinantes

Cientistas e investigadores de todo o mundo procuram recuperar o potencial clínico do LSD, do ecstasy, dos cogumelos alucinógenios e de outras substâncias psicoactivas de má reputação.

É inevitável associar o psicadelismo ao movimento hippie da década de 1960 e à inspiração dos compositores da década prodigiosa da música pop, mas o certo é que a palavra possui uma origem estritamente terapêutica. Hoje, universidades de prestígio como Harvard ou a Johns Hopkins voltam a estudar os efeitos benéficos exercidos sobre a mente por drogas psicadélicas como o LSD, o ecstasy, os fungos alucinogénicos (os conhecidos “cogumelos mágicos”), a marijuana, a ayahuasca ou a raiz africana ibogaína.

Poderia afirmar-se que a história das substâncias psicoactivas de laboratório “arrancou” em 1943, quando o químico suíço Albert Hofmann descobriu o ácido dietilaminolisérgico, mais conhecido por LSD. Hofmann trabalhava para os laboratórios Sandoz, que distribuíram amostras do produto por instituições de todo o mundo, sob o nome comercial de Delysid. Dado que reproduzia a percepção alterada da psicose, foi amplamente estudado e aplicado por psicanalistas e psiquiatras, dando assim origem à chamada “terapia psicadélica assistida”. Durante os anos 40 e 50, foram realizados mais de mil ensaios com cerca de 40 mil alcoó­li­cos, toxicodependentes, autistas, pacientes obsessivo-compulsivos, vítimas de distúrbios psicossomáticos e doentes terminais com problemas psicológicos. O psiquiatra britânico Humphry Osmond afirmou ter constatado uma “surpreendente taxa de recuperação e de continuação da abstenção”, com uma única sessão, no tratamento de um alcoólico. Foi também demonstrado que os alucinogénios produziam experiências estéticas e místicas.

Quando as drogas chegaram à rua, os ensaios começaram a ser questionados. Os títulos sobre a maléfica influência de um demoníaco LSD nos jovens começaram a chamar a atenção da sociedade. “Lancem ácido e não bombas!”, foi um dos lemas da contracultura, que andava igualmente a experimentar a psilocibina (componente activo dos fungos alucinogénicos) e a mescalina.

O vírus psicadélico começou a expandir-se, precisamente, em 1960, quando Timothy Lear (1920–1996), um professor de psicologia, regressou de uma viagem ao México. Ficara impressionado com os efeitos dos referidos fungos, utilizados durante milénios pelos maias, aztecas e outras culturas indígenas. Richard Alpert, igualmente professor de psicologia, e Huston Smith, filósofo do MIT, acompanharam Leary na criação do Projecto Psilocibina, em Harvard. Administraram a substância a 32 jovens reclusos da prisão de máxima segurança de Concord, no Massachusetts, e complementaram o ensaio com sessões de psicoterapia. Apenas 25 por cento voltaram à cadeia depois da sua libertação, e os testes de personalidade efectuados antes e depois da experiência revelavam uma apreciável evolução.

Timothy Leary, classificado por Richard Nixon como “o homem mais perigoso do mundo”, acabou por ser expulso de Harvard. No final dos anos 60, o LSD, a mescalina e a psilocibina foram incluídos na Lista I de substâncias proibidas (drogas sem aplicação terapêutica e com elevado potencial criador de dependência), a par da heroína ou da cocaína. Apenas o Exército e a CIA continuaram a estudar em segredo a capacidade do LSD para debilitar o inimigo ou controlar a sua mente. Os indivíduos sujeitos a experiências morriam de riso, abandonavam as armas ou dedicavam-se a alimentar os animais.

A actual renovação de interesse por estas substâncias podia ser comprovada em San Jose, cidade californiana que acolheu, em Abril, a conferência Ciência Psicadélica no Século XXI. O encontro de psiquiatras, farmacologistas, neurologistas e terapeutas foi organizado por Rick Doblin, fundador da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicadélicos (MAPS), que resume da seguinte forma a sua filosofia: “Pretendemos que as pessoas não tenham medo ou pensem que o passado se irá repetir: queremos retomar a investigação científica.” Um tema recorrente na conferência foi a necessidade de ser prudente até estar na posse dos dados das investigações em curso, e de aprender com os erros cometidos nos anos 60.

As semelhanças entre as sensações místicas produzidas em estados de meditação profunda e as experiências psicadélicas têm chamado especialmente a atenção dos estudiosos. Em 2006, Roland Griffiths, professor catedrático de biologia do comportamento na Universidade Johns Hopkins (Baltimore), administrou psilocibina a 36 pessoas saudáveis. Nos 14 meses posteriores à experiência, os voluntários mostraram sentir-se mais felizes e avaliaram a experiência como uma das mais importantes da sua vida, comparável à do nascimento de um filho ou à morte de um parente próximo.

A psilocibina está também a ser estudada por Stephen Ross, da Universidade de Nova Iorque, para tratar a ansiedade e a depressão em doentes terminais. Por sua vez, uma equipa de cientistas da Fundação Beckley (Reino Unido) utiliza LSD em estudos sobre criatividade e estados alterados de consciência. Além disso, tanto o ácido lisérgico como o princípio activo dos fungos alucinogénicos parecem aliviar as terríveis dores de cabeça que afectam as pessoas que sofrem de cefaleia em cachos, também conhecida por “cefaleia suicida”.

De qualquer modo, ninguém está em condições de assegurar que os compostos psicadélicos curam seja o que for, e as severas restrições legislativas permanecem. “Nenhuma droga que afecte o cérebro é totalmente segura”, explica Griffiths, “mas, ao contrário do álcool ou da cocaína, os alucinogénios clássicos não são fisicamente tóxicos nem criam dependência. Nos Estados Unidos, foi decidido mantê-los na Lista I. Ter uma quantidade de substâncias destinadas à investigação e considerá-las simplesmente perigosas é um caso sem precedentes para a ciência.”

Efectivamente, as substâncias psicadélicas exercem os seus efeitos benéficos sob o controlo de psicólogos ou psiquiatras especializados, que seguem protocolos internacionais. Em contrapartida, o consumo fora destes parâmetros e de ambientes controlados acarreta múltiplos riscos, mais graves ainda do que a aquisição no mercado negro de produtos adulterados. A complexidade de integrar as experiências na vida quotidiana, com o consequente desbloqueio de conteúdos reprimidos pelo inconsciente, pode provocar ansiedade, agravamento de doenças mentais, desequilíbrios emocionais...

“Administrado de forma adequada, o LSD não é mais perigoso do que outros fármacos. Creio que, um dia, será um medicamento como qualquer outro”, afirma Peter Gasser, que estuda na Suíça os efeitos ansiolíticos do ácido lisérgico em doentes terminais. E acrescenta: “Sob a influência dos alucinogénios, os indivíduos transcendem a sua identificação primária com o corpo e experimentam estados livres do ego. Depois, regressam com uma nova perspectiva e uma aceitação profunda da constante da vida: a mudança.”

David Nichols, professor de farmacologia médica na Universidade Purdue (Estados Unidos) e fundador do Heffter Research Institute, é considerado um dos maiores especialistas mundiais em substâncias psicadélicas. Obteve igualmente autorização para produzir e desenvolver experiências com LSD, que “desempenhou um papel determinante no estudo da comunicação entre os neurónios e na descoberta do neurotransmissor serotonina”, recorda. “Reconhecer que as drogas psicoactivas podiam influir tão profundamente no comportamento”, prossegue Nichols, “incentivou uma grande quantidade de estudos nos anos 50 e 60. Se uma pessoa sofria de esquizofrenia em 1940, o médico dir-lhe-ia que a mãe não a criara ou alimentara bem. Foram esses estudos que conduziram ao aparecimento dos actuais antidepressivos, como o Prozac.”

Na conferência de San Jose, um dos participantes foi o psicólogo clínico espanhol José Carlos Bouso, que foi autorizado a dirigir, no ano 2000, o primeiro ensaio clínico no mundo com 3,4-metilendioximetanfetamina (mais conhecida por ecstasy), na Universidade Autónoma de Madrid. Tinha por objectivo avaliar a sua eficácia no tratamento do stress pós-traumático crónico em mulheres vítimas de agressões sexuais que não apresentavam melhoras com os métodos convencionais. Embora o governo tivesse apoiado inicialmente a experiência, as licenças foram revogadas passado alguns meses no meio de alguma agitação mediática. “O MDMA é promissor para o stress pós-traumático, pois intervém no núcleo do problema”, explicou Bouso no encontro: “Ao induzir um estado de descontracção em que as emoções deixam de ser ameaçadoras, permite gerir as vivências com o especialista num período mais curto do que a psicoterapia tradicional.”

Actualmente, Bouso segue outra linha de investigação e trabalha, em conjunto com o farmacologista clínico Jordi Riba, do hospital de Sant Pau (Barcelona), com a ayahuasca, uma infusão elaborada com base na liana Banisteriopsis. Em concreto, estudam os efeitos neuropsicológicos em consumidores saudáveis. Há cinco anos, Riba já tinha registado através de um SPECT (tomografia por emissão de fotão único) a forma como a droga activava as zonas do cérebro responsáveis pela memória e pelas emoções. Por sua vez, o psiquiatra José Maria Fábregas, director do Centro de Investigação e Tratamento de Dependências, apresentou na reunião de San Jose os resultados de uma investigação, coordenada por Bouso, que estudara brasileiros com uma experiência de 15 anos como adeptos do chá psicadélico. Os resultados mostravam que não tinham quaisquer alterações neuropsicológicas ou psiquiátricas. De facto, em Fevereiro deste ano, o governo do Brasil legalizou o uso da ayahuasca em contextos religiosos.

É muito diferente o caso do ecstasy, objecto de debate devido às mortes de jovens consumidores. Há alguns anos, os meios de comunicação social divulgaram uma “experiência errada”, que consistia em administrar a símios doses massivas de uma substância que, afinal, se veio a determinar não ser MDMA. O ensaio constatou que a substância causava uma lesão neurológica irreversível. Posteriormente, o reconhecimento do equívoco não teve o mesmo eco, como é habitual.

É verdade que um consumo excessivo e prolongado da popular droga “recreativa” ou “de desenho” altera provavelmente diversas funções cognitivas, nomeadamente a memória, mas Doblin explica que “a falta de informação constitui um grande problema para os jovens”, e não vê que o caso seja tão linear. “Os consumidores dançam e consomem ecstasy durante horas. Se não se hidratarem correctamente, podem sofrer hipertermia, e a culpa tem sido exclusivamente atribuída ao próprio MDMA”, exemplifica. “No entanto, também podemos ficar intoxicados se bebermos demasiada água. Além disso, quando se compra droga no mercado negro, não se sabe o que se está a adquirir. O paciente tratado com ecstasy é acompanhado por dois terapeutas e tem sessões de psicoterapia antes, durante e depois do processo.”

Em Fevereiro passado, a FDA (agência norte-americana que autoriza a investigação e a comercialização dos medicamentos) deu luz verde à segunda fase de um estudo, a cargo da MAPS, dirigido por Michael Mithoefer com o objectivo de tratar com MDMA antigos soldados vindos do Iraque e do Afeganistão, grupos que registam uma elevada taxa de suicídios e distúrbios de stress pós-traumático. Actualmente, são medicados com cocktails de antidepressivos e anticonvulsivos. Além disso, o estado da Califórnia vai realizar, no próximo dia 2 de Novembro, um referendo para legalizar a marijuana. Até agora, a actual directora da agência norte-americana contra a droga (DEA), Michele Leonhart, tinha-se oposto aos estudos com esta planta, mas a crise económica parece ter mudado a posição oficial. Apesar disso, o estado do Texas condenou, em Abril passado, um indivíduo a 35 anos de cadeia pela posse de cem gramas.

Por outro lado, os efeitos adversos de certos fármacos autorizados poderiam servir de incentivo à investigação com substâncias proibidas. Em 2008, a FDA apresentou um estudo que relacionava o consumo de antidepressivos, como o Prozac ou o Seroxat, com o aumento de comportamentos violentos e suicidas entre os jovens; em 2001, um jurado considerou que o Seroxat levara um homem a matar a mulher, a filha e a neta e a suicidar-se em seguida. O fabricante do fármaco, a GlaxoSmithKline, foi condenado a pagar 6,5 milhões à família.

Porém, nem assim as alternativas psicadélicas têm o caminho facilitado. “É improvável que as companhias farmacêuticas mostrem interesse por estas drogas, pois não rendem patentes e os tratamentos duram pouco”, explica Rick Doblin.

Oito drogas com vocação medicinal

LSD – A dietilamida de ácido lisérgico (LSD-25) é uma substância semi-sintética que provém do alcalóide da ergotina, presente no fungo esporão-do-centeio. Efeitos: alucinações, distorções temporais, sinestesia (confusão dos sentidos) e experiências místicas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências, cefaleia em cachos, síndrome de Asperger e ansiedade em doentes terminais.

Ibogaína – Alcalóide extraído da raiz do arbusto Tabernanthe iboga, procedente da África equatorial. Efeitos: aumenta a força muscular, é afrodisíaco, produz alucinações e promove a introspecção. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências.

Ayahuasca – Infusão amazónica com, pelo menos, dois ingredientes: uma planta que contenha um inibidor da monoaminoxidase (IMAO) e outra que forneça o princípio psicoactivo, a dimetiltriptamina (DMT). É consumida como remédio caseiro e em cerimónias religiosas. Efeitos: introspecção, visões, sinestesia e experiências místicas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências, depressão e ansiedade.

Salvia divinorum – Descoberto no México em 1939, este vegetal era utilizado pelos xamãs. Efeitos: estado onírico sem perder a consciência (sonho consciente), riso incontrolável e introspecção. Vantagens terapêuticas: combate a dor, a insónia e o stress.

Mescalina – Os índios navajo norte-americanos e os huicholes mexicanos utilizam este alcalóide de plantas cactáceas em rituais desde tempos remotos. Consome-se mastigando os botões do peiote ou bebendo o caldo do cacto-de-são-pedro fervido. Efeitos: frouxidão muscular e distorções perceptivas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências.

Psilocibina – Muitos fungos (em especial os do género Psilocybe) contêm este alcalóide. Efeitos: alucinações, hilariedade, sinestesia, experiências místicas e dissolução do ego. Vantagens terapêuticas: tratamento do distúrbio obsessivo-compulsivo, da depressão e da ansiedade em doentes terminais.

Marijuana – A tetrahidrocanabinol (THC) é o principal componente psicoactivo da planta Cannabis sativa. Efeitos: hilariedade, loquacidade, estado de sonolência, aumento do apetite e distorção temporal; pode também causar pânico ou taquicardia. Vantagens terapêuticas: desde a eliminação de náuseas na quimioterapia ao tratamento da insónia e da epilepsia ou ao alívio da dor em diversas doenças.

Ecstasy – A 3,4 metilendioximetanfetamina (MDMA) é um composto derivado de substâncias vegetais como o safrol (óleo de sassafrás) ou noz-moscada. Efeitos: euforia, abertura afectiva e desinibição. Vantagens terapêuticas: cura de traumas psicológicos e da depressão em doentes terminais.


Ouso de drogas alucinogénicas é tão antigo como a humanidade. Nas pinturas rupestres da caverna paleolítica de Tassili n’Ajjer, na Argélia, uma figura antropomórfica (provavelmente um xamã) surge rodeada de silhuetas de cogumelos e leva uma porção nas mãos. Posteriormente, na Grécia Antiga, celebraram-se durante 2000 anos reuniões e rituais de iniciação na cidade de Elêusis, perto de Atenas, em honra da deusa da agricultura, Deméter, e da sua filha, Perséfone.

Nos chamados “mistérios eleusinos”, bebia-se kykeon, uma mistura de água, ervas e cevada que se pensa poder ter estado contaminada pelo esporão-do-centeio, um fungo psicoactivo que parasita diferentes tipos de cereais e que contém LSA, precursor do LSD. O único requisito para ser iniciado e fazer parte da cerimónia era não revelar o que lá acontecia. Platão e outros filósofos atenienses participaram nesses rituais celebrados anualmente, considerados dos mais importantes da Antiguidade

Por sua vez, os xamãs siberianos recorriam ao cogumelo Amanita muscaria.Consta também que usavam soma, misteriosa planta da Índia presente em ri­tuais védicos e persas, embora pudesse tratar-se do cogumelo Amanita.


A.M.
Super Interessante

Notícia - Bastonário diz que há excesso de alarme na resposta à gripe A

O bastonário da Ordem dos Médicos criticou hoje o “excesso de alarme e zelo” na resposta à gripe A H1N1. "Não passa de uma gripe, uma doença banal, pouco letal", afirmou Pedro Nunes.

O bastonário entende que “o melhor contributo da Ordem dos Médicos é chamar a atenção dos médicos e, através deles, das pessoas, de que isto é uma doença banalíssima e que não é preciso andarmos todos assustados”.

Pedro Nunes falou à agência Lusa à margem da inauguração da nova sede do Distrito Médico de Beja da Ordem dos Médicos. Segundo o bastonário, a gripe A foi, para já, "uma oportunidade para criar algumas normas de educação cívica" e até para concretizar no terreno medidas de contenção "para doenças eventualmente mais graves".

Pedro Nunes disse ainda que concorda com o plano de vacinação definido pelo Ministério da Saúde - “está dentro do que era previsto” porque obedece a “consensos internacionais”, explica.

“Não vale a pena lançar demasiado ruído sobre esses consensos. É evidente que há opiniões diversas, mas, de uma forma geral, tecnicamente são fundamentados” e Portugal tem de se “integrar na comunidade internacional”.

Em Portugal, a campanha de vacinação contra o vírus H1N1 arranca a 26 de Outubro e vai contar, numa primeira fase, com 49 mil vacinas, a distribuir pelos “grupos prioritários”.

Entre estes grupos estão os profissionais de saúde considerados “dificilmente substituíveis” e as grávidas “no segundo e terceiro trimestre de gravidez e com patologias graves associadas”.

Outro grupo que irá prioritariamente receber a vacina é o dos profissionais que desempenhem “actividades essenciais”, como funcionários de empresas que fornecem serviços de gás, electricidade, comunicações, segurança, saneamento e também os da comunicação social.

Na primeira fase, durante a qual o Ministério da Saúde estima vacinar um milhão de portugueses até Janeiro, deverão ainda ser vacinados os titulares de órgãos de soberania.

Público

Notícia - Gripe A faz segunda morte em Portugal

O Ministério da Saúde informou que morreu mais uma pessoa com gripe A.
O doente, um homem de 53 anos internado no hospital de São João no Porto, faleceu de pneumonia bilateral, provocada pelo vírus H1N1.
A vítima estava hospitalizado desde dia 14 de Setembro nos cuidados intensivos e não tinha doenças de base.
Esta é a segunda morte de Gripe A registada em Portugal. O primeiro caso deu-se no passado dia 26 de Setembro, e vitimou um homem de 49 anos.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Notícia - Terceira morte por gripe A em Portugal

Uma doente infectada com o vírus H1N1, que foi mãe recentemente, morreu esta madrugada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde se encontrava internada desde 18 de Agosto, informou o Ministério da Saúde.

A mesma fonte adiantou que se trata de uma puérpera de 32 anos, "sem doença de base", e que se encontrava internada na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital.

A causa da morte foi "pneumonia bilateral provocada pelo vírus H1N1", segundo a mesma fonte

Trata-se da terceira morte por H1N1 em Portugal e acontece um dia depois de conhecido um outro caso fatal, um homem de 53 anos que morreu no Hospital de São João, no Porto, em consequência de pneumonia bilateral.

A 26 de Setembro foi conhecida a morte de um homem de 49 anos no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, vítima também de uma pneumonia provocada pelo mesmo vírus.

Notícia - Gripe A custa ao Estado €67,5 milhões

O Governo gastou este ano 45 milhões de euros na compra de seis milhões de doses de vacinas contra a gripe A à Glaxo Smith Kline (GSK) e gastou, nos últimos três anos, 22,5 milhões de euros na compra do anti-viral Oseltamivir à Roche, inicialmente destinado ao combate à gripe das aves.
Por apurar estão ainda os custos indirectos, dependendo da evolução da pandemia, mas um estudo efectuado pela Deloitte, em colaboração com a Intelligent Life Solutions, refere que os custos para o Estado estão estimados em 330 a 500 milhões de euros.
Esta estimativa contabiliza as perdas em IRS, as contribuições para a Segurança Social e subsídio de doença.
Se se contar com o absentismo laboral, a Deloitte estima que a gripe A poderá originar uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) nacional entre os 0,3 e os 0,45 por cento, ou seja, entre os 490 e os 740 milhões de euros.
O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, tinha previsto que o alargamento da baixa médica a situações de isolamento devido à gripe A (H1N1) pudesse ter um impacto até 70 milhões de euros na Segurança Social.
Os impactos nos resultados das empresas são óbvios, embora o comportamento bolsista não o indicie para já.
A GSK vendeu em Portugal 6 milhões de doses de vacinas, estimando-se que tenha recebido 45 milhões de euros, e a nível mundial já vendeu 440 milhões de doses.
A farmacêutica vendeu igualmente ao Ministério da Saúde português 10.000 doses do anti-viral Relenza.
A Roche, que comercializa o Oseltamivir mais conhecido do mercado, o Tamiflu, não divulga as vendas em Portugal, mas o presidente-executivo da farmacêutica afirmou recentemente que espera que as vendas a nível mundial atinjam este ano os 2 mil milhões de fracos suíços (1,3 mil milhões de euros).
Apesar do esperado aumento das vendas, o comportamento bolsista das acções de ambas as empresas não disparou em relação ao ano passado.
As acções da Roche valem 166,6 francos suíços (109 euros) face aos 167,1 francos (110 euros) que valiam há um ano e as acções da GSK valem 12,35 libras (13,34 euros) face às 11,52 libras (12,44 euros) que valiam há um ano atrás.
Também o índice europeu da indústria farmacêutica (Bepharm) subiu apenas 1,0 por cento em relação ao ano passado, situando-se, actualmente, nos 149,63 pontos face aos 148,43 pontos de há um ano.

Notícia - Ana Jorge garante que não haverá atrasos na entrega das vacinas

A ministra da Saúde, Ana Jorge, garantiu hoje que não haverá atrasos na entrega das vacinas da gripe A (H1N1) em Portugal e que estas chegarão a tempo de iniciar a vacinação a 26 de Outubro.
"Aquilo que eu disse sobre as vacinas da gripe foi que estas iriam começar a chegar a Portugal e que estariam disponíveis a partir do dia 12 de Outubro, mas que Portugal não as iria ter nessa altura, só as iria receber mais tarde por razões logísticas e só ao fim das primeiras duas semanas da sua produção é que chegariam a Portugal a tempo de começarmos a vacinação no dia 26", explicou a ministra da tutela.
Ana Jorge, que esta manhã participou no encontro sobre "Saúde Mental nos Cuidados de Saúde Primários: melhorar o tratamento e promover a saúde mental", na Gulbenkian em Lisboa, esclarecia assim os jornalistas sobre a eventuais atrasos na entrega das vacinas que poderiam pôr em causa a data para o início do programa de vacinação.
"Não há atraso, há programação", assegurou a ministra da Saúde.

Notícia - A gripe A H1N1

A gripe A H1N1 afecta sobretudo crianças e jovens adultos e provoca, nos casos graves, problemas respiratórios agudos e uma mortalidade elevada, segundo estudos mexicanos e canadianos publicados segunda-feira nos Estados Unidos, que confirmam a vulnerabilidade destes grupos.
Estes estudos vão ser publicados no Jornal of the American Medical Association de 04 de Novembro, mas foram divulgados segunda-feira para coincidir com a sua apresentação na conferência da Sociedade Europeia de Cuidados Intensivos que se realiza esta semana em Viena, na Áustria.
As investigações foram efectuadas durante a primeira fase da infecção pelo vírus, entre 18 de Março e 01 de Junho no México, e entre 16 de Abril e 12 de Agosto no Canadá.
No México, os casos graves de infecção por gripe A H1N1 nos jovens doentes estiveram todos ligados à síndroma de aflição respiratória aguda (SDRA), seguida de um estado de choque que provocou uma taxa de mortalidade de 40%.
Segundo o estudo, entre os 899 pacientes admitidos em seis hospitais mexicanos devido à gripe A H1N1, 58 estavam num estado grave.
A idade média - aquela que separa o grupo em duas partes iguais - destes últimos era de 44 anos, precisam os autores.
"A nossa análise dos doentes infectados pelo H1N1 e que se encontram num estado grave mostra que são geralmente jovens", escreveu Guillermo Dominguez-Cherit, principal autor do estudo mexicano.
O seu confrade canadiano, Anand Kumar, do Hospital de St. Boniface de Winnipeg (centro do Canadá), um dos autores do estudo canadiano, chegou às mesmas conclusões.
Segundo ele, os casos graves e a mortalidade devido à gripe A H1N1 concentram-se em adolescentes e adultos mais jovens e relativamente de boa saúde.
No Canadá, de acordo com o estudo, a média de idade dos 168 doentes num estado grave é de 32,3 anos.
Entre eles, 24 (14,3%) morreram nos 28 primeiros dias, e cinco nos primeiros 90, indica o estudo.
A mortalidade total é de 17%. Cinquenta (29,8%) destes doentes tinham menos de 18 anos.

Notícia - Sueco morre 12 horas depois de ser vacinado - A agência sueca do medicamento registou 100 casos de reacções adversas da vacina Pandemrix (GSK), dos quais seis avaliados como graves


A agência sueca do medicamento está a investigar a morte de um homem doze horas depois de ser vacinado contra o vírus da gripe A (H1N1), apesar de até agora não ter sido estabelecida uma relação causa-efeito.

Num primeiro relatório publicado no seu site na Internet sobre as reacções adversas da vacina Pandemrix (GSK) registadas na Suécia, a agência do medicamento refere cerca de 100 casos, dos quais seis avaliados como graves, um dos quais resultou numa morte.

O homem padecia de aterosclerose grave, o que lhe provocava sérios problemas no funcionamento dos órgãos. A vítima sofreu uma dor de peito antes de morrer.

Notícia - Sueco morre 12 horas depois de ser vacinado - A agência sueca do medicamento registou 100 casos de reacções adversas da vacina Pandemrix (GSK), dos quais seis avaliados como graves


A agência sueca do medicamento está a investigar a morte de um homem doze horas depois de ser vacinado contra o vírus da gripe A (H1N1), apesar de até agora não ter sido estabelecida uma relação causa-efeito.

Num primeiro relatório publicado no seu site na Internet sobre as reacções adversas da vacina Pandemrix (GSK) registadas na Suécia, a agência do medicamento refere cerca de 100 casos, dos quais seis avaliados como graves, um dos quais resultou numa morte.

O homem padecia de aterosclerose grave, o que lhe provocava sérios problemas no funcionamento dos órgãos. A vítima sofreu uma dor de peito antes de morrer.

Notícia - Mais duas turmas de escolas do Barreiro enviadas para casa

Mais duas turmas de escolas do Barreiro, pertencentes ao Agrupamento da Quinta Nova da Telha, foram hoje enviadas para casa porque alguns alunos apresentam sintomas de gripe A, disse à Lusa o delegado de saúde do Barreiro
«Houve mais duas turmas, que pertencem ao agrupamento da Quinta Nova da Telha, que foram enviadas para casa por alunos apresentem sintomas. Das oito que estavam em casa, quatro estavam previstas regressar hoje às aulas e não recebei nenhuma informação em contrário», disse à Lusa Mário Durval.

«Com o regresso de quatro turmas e estas duas novas situações, estão actualmente seis turmas em casa», acrescentou.

O delegado de saúde considera que a situação é «normal» e que tem actuado de uma forma «preventiva», de modo a evitar o alargamento dos sintomas a outros estudantes.

«Neste momento temos entre 30 a 50 alunos doentes, ou que apresentam sintomas, num universo de 10 mil alunos. Nesta altura estão em casa cerca de 150 alunos das seis turmas», referiu.

Os primeiros casos suspeitos de gripe A em escolas do Barreiro surgiram a meio da passada semana, altura em que foram enviadas para casa as primeiras turmas.

Lusa / SOL

Notícia - Gripe A H1N1 Surto em Valença é a primeira onda epidémica em Portugal

O director da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) afirmou hoje que o surto de gripe que assolou todas as escolas de Valença, à excepção de uma, é a «primeira onda epidémica» a nível local em Portugal«Até agora, os casos [de gripe A] tinham sido difusamente distribuídos pelo país, com excepção para alguns focos ocorridos em escolas», adiantou à agência Lusa Constantino Sakellarides.

Na sexta-feira, dos 1600 alunos que frequentam as várias escolas do concelho de Valença, Viana do Castelo, 300 faltaram às aulas por terem contraído gripe A (H1N1).

Segundo o coordenador da Unidade de Saúde Pública do Alto Minho, Carlos Pinheiro, a gripe A atacou em todas as escolas do concelho, à excepção de uma, sendo que o número mais elevado de casos se regista na EB 2,3/S de Valença. Numa EB1 do concelho, a taxa de alunos infectados atinge os 43 por cento.

Constantino Sakellarides explicou que o facto do surto de gripe ter ocorrido em «praticamente todas as escolas do concelho indica que se trata, provavelmente, da primeira onda epidémica do país a nível local», adiantando que a situação deverá ser estudada.

Sobre os motivos que poderão ter originado o aparecimento de tantos casos no mesmo local, o director da ENSP afirmou que «nunca se sabem».

«Qualquer factor interactivo, como baixa de temperatura ou maior humidade, pode potenciar um fenómeno desses, mas nunca sabemos porque é que as ondas epidémicas aparecem num sítio e não aparecem noutros», sustentou.

Carlos Pinheiro admitiu que este surto de gripe em Valença se poderá ter ficado a dever à proximidade com a Galiza, região espanhola onde também já se registaram vários doentes infectados pelo vírus H1N1.

«É uma hipótese, mas não o podemos afirmar categoricamente», referiu, ressalvando que este surto de gripe «não é caso para alarme» e que «já era expectável», tanto em Valença como em qualquer outra zona do País.

Lusa / SOL

Notícia - «Boatos» na Internet contribuem para «ruído» à volta da vacinação

Os «boatos» sobre a vacina contra a gripe pandémica chegam mais depressa à população do que a informação científica, causando dúvidas e «ruído» à volta da vacinação, afirma o director da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)
Constantino Sakallarides, que falava hoje à Lusa à margem da conferência ‘A importância e os limites da lei na protecção da saúde pública’, que decorreu em Lisboa, comentava a recusa de alguns elementos de grupos prioritários em tomar a vacina da gripe A (H1N1).

«No mundo actual, há um contraste crescente entre a rapidez com que os modernos meios de informação - Internet, redes sociais, Youtube, Twitter - espalham rumores e boatos com alguma aparência de credibilidade» e o «processo ainda clássico de formação de opinião científica que demora tempo», sustenta.

No entanto, está convicto de que «a adesão à vacinação vai aumentar à medida que as pessoas vão tendo mais informação científica e vão surgindo mais casos» de gripe A H1N1.

O director da ENSP lembra que os primeiros trabalhos sobre os ensaios da vacina foram publicados a 10 de Setembro. «Essa publicação dá origem a formar opinião de carácter científico que depois é transmitida aos meios profissionais», explica.

Mas há um «tempo de latência entre a produção desta informação científica e a adesão das pessoas e a sua compreensão», que é «maior, menos eficaz e dá resultados práticos mais tardios do que a circulação do rumor e do boato que os meios de informação permitem», justifica.

De alguma forma, acrescenta, «é natural este ruído. O que esperamos é que, com a acção dos líderes científicos, dos profissionais e da comunicação social» as pessoas aceitem a base científica das recomendações.

A questão de tomar ou não a vacina suscita algumas perguntas como «Qual é o estatuto legal das boas práticas» e, no caso, de um profissional de saúde aconselhar um doente a ser vacinado e este recusar e ter uma complicação grave que consequência poderá ter.

«A resposta dos juristas [a estas questões] foi que as orientações de boas práticas não têm estatuto legal, mas o não seguimento dessas orientações e as suas consequências devem ser argumentadas e justificadas por quem não as seguiu», afirma Sakallarides.

«Cabe a quem não seguiu as boas práticas explicar em caso de complicações porque é que tomou essa decisão», acrescenta.

Por outro lado, o responsável adiantou que a vacinação nunca deve ser feita sob «ameaça» de uma acção coerciva que «provoca reacções negativas nas pessoas».

«As pessoas querem ser convencidas de que a vacina é boa e que é segura, não querem ser obrigadas a tomá-la», defende.

Constantino Sakallarides afiança que o «meio académico está centrado em ajudar a dar uma boa resposta ao problema».

Neste momento, anuncia, existe um esforço do Ministério da Saúde em fazer uma melhor integração da base de dados com informação relevante para a gripe pandémica.

Os dados serão das consultas dos centros de saúde, das urgências e consultas hospitalares, da Linha Saúde 24 para permitir ter um retrato local da evolução da gripe, avança.

Para Constantino Sakallarides, é «muito importante que essa informação seja tornada pública logo que possível», porque «uma informação precoce sobre surtos locais é um elemento crítico para localmente se implementar um plano de contingência».

Lusa / SOL


Notícia - Campanha de vacinação arranca a 26 de Outubro

A ministra da Saúde, Ana Jorge, explicou em conferência de imprensa que as grávidas abrangidas pela campanha são as que estão no segundo e terceiro trimestres de gestação e que apresentam «patologias graves associadas».

Serão ainda imunizados «profissionais que desempenham actividades essenciais, imprescindíveis e insubstituíveis» para o normal funcionamento da sociedade.

As vacinas serão administradas no Serviço Nacional de Saúde, acrescentou.

Lusa/SOL

Notícia - Campanha de vacinação conta numa primeira fase com 49 mil doses

Em conferência de imprensa, Ana Jorge explicou que nesta primeira fase de vacinação, que se iniciará a 26 de Outubro, será necessário, dentro dos grupos prioritários, escolher os que devem ter um acesso mais rápido.

Por esta razão, serão vacinados os profissionais de saúde, mas apenas os que «pela especialização e especificidade das suas funções» são considerados «dificilmente substituíveis».

Também no grupo das grávidas serão apenas vacinadas as que se encontram no segundo e terceiro trimestre de gravidez e com patologias graves associadas.

Outro grupo que irá prioritariamente receber a vacina é o dos profissionais que desempenhem «actividades essenciais». Ana Jorge explicou que entre estes se encontram funcionários de empresas que fornecem serviços como gás, electricidade, comunicações, segurança, saneamento e também da comunicação social.

A ministra disse ainda que caberá às empresas definir o número restrito destes profissionais.

Nesta primeira fase deverão ainda ser vacinados os titulares de órgãos de soberania.

A ministra explicou que a vacina irá chegar de uma forma gradual, esperando que um milhão de portugueses esteja vacinado até Janeiro.

Para já, adiantou, não há intenção de Portugal adquirir mais vacinas.

Questionada sobre a hipótese de a vacinação decorrer já depois do pico da pandemia, Ana Jorge esclareceu que tal se deve ao ritmo de produção da vacina.

Em relação à forma como os portugueses irão receber a vacina, a ministra explicou que será administrada nos locais onde todas as outras são actualmente ministradas, fazendo parte do circuito normal de vacinação.

Os utentes que fazem parte destes grupos prioritários - que sejam seguidos no sector público ou privado - só receberão a vacina mediante a apresentação de uma declaração do seu médico que sob o compromisso de honra profissional ateste a necessidade de vacinação.

Sem este documento, esclareceu a titular da pasta da Saúde, não será autorizada a administração da vacina.

Lusa / SOL

Notícia - Doentes crónicos serão vacinados à medida que forem disponibilizadas mais vacinas

A ministra da Saúde anunciou hoje que os três milhões de vacinas encomendados pelo Governo português chegarão a Portugal por tranches, considerando a capacidade de produção da indústria.

Numa primeira fase, o país receberá 49 mil doses de vacinas, que serão administradas aos profissionais de saúde considerados «imprescindíveis e insubstituíveis», a grávidas de 2.º e 3.º trimestres com patologia associada e a outros profissionais considerados essenciais para o funcionamento da sociedade.

Lusa / SOL

Notícia - Polícias que atendem público serão os primeiros a ser vacinados na PSP

Este primeiro grupo, adianta a PSP, corresponde a 16 por cento do total do efectivo definido para vacinação num universo de seis níveis de actuação.

Esta força de segurança tem cerca de 22 mil efectivos.

No âmbito da resposta à gripe A, o Ministério da Saúde definiu grupos prioritários para a vacinação contra o H1N1, campanha que arranca, através do Serviço Nacional de Saúde, a partir de 26 de Outubro.

Nesse sentido, a ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou hoje que, entre os grupos prioritários, estão «profissionais que desempenham funções essenciais» e que caberá agora às empresas elegerem um conjunto de profissionais que consideram «indispensáveis» para receberem a vacina.

A PSP explicou à Lusa que possui um Plano de Contingência aprovado que já foi accionado aquando do primeiro caso registado na nossa instituição, a 13 de Agosto.

No que diz respeito ao plano de vacinação da PSP, o mesmo está contemplado no Plano de contingência através de subgrupos e níveis de actuação.

Lusa / SOL

Notícia - Primeiras vacinas chegam a Portugal a partir de 12 de Outubro

Fonte oficial da empresa farmacêutica explicou hoje à Agência Lusa que as entregas vão acontecer faseadamente em todos os países que encomendaram as vacinas à GlaxoSmithKline, como aconteceu com o Governo português.

As entregas ocorrem em «proporção à encomenda total feita por cada Governo», informou.

Em Julho, o Executivo português aprovou uma verba de 45 milhões de euros para adquirir seis milhões de vacinas, que servirão para imunizar três milhões de pessoas.

A Agência Europeia para os Medicamentos (EMEA) recomendou à Comissão Europeia (CE) a autorização de duas vacinas - a Focetria (laboratório Novartis) e a Pandremrix (GlaxoSmithKline).

A CE anunciou hoje que irá «nos próximos dias, o mais rapidamente possível», autorizar a comercialização.

As autoridades recomendam a administração de duas doses da vacina, mas a mesma fonte da Glaxo prevê que possa «ser alterada a qualquer momento».

«Quando houver consubstanciação dos resultados dos primeiros ensaios clínicos, que mostraram que uma dose dá uma boa resposta imunitária: uma grande quantidade de anticorpos elevada», acrescentou.

Assim, poderia ser utilizada apenas uma dose, o que possibilitaria «imunizar mais pessoas».

A vacina poderá ser administrada a grávidas e crianças a partir dos seis meses de idade.

A mesma fonte da farmacêutica referiu à Lusa que, tal como na vacina contra a gripe sazonal, a dose da vacina contra a gripe A destinada a crianças será metade da dos adultos.

A quantidade para as crianças é de 0,25 mililitros e a vacina deverá ser administrada com um intervalo de três semanas.

Numa conferência de imprensa realizada hoje através da Internet, responsáveis da EMEA explicaram que ambas as vacinas são protótipos de vacina, que podem ser adaptados em casos de pandemia.

No caso concreto, «a estirpe de vírus H5N1 [gripe das aves] que integra ambas as vacinas recomendadas foi substituída pela estirpe H1N1», explicou a EMEA.

As vacinas devem ser administradas em duas doses, com intervalo de três semanas e podem também ser usadas em grávidas e em crianças a partir dos seis meses de idade.

A EMEA, organismo da União Europeia (UE) com sede em Londres, tem como principal atribuição a protecção e a promoção da saúde pública e animal através da avaliação e supervisão dos medicamentos para uso humano e veterinário.

A EMEA é responsável pela avaliação científica dos pedidos de autorização de introdução no mercado de medicamentos apresentados a nível da UE.

Lusa / SOL

Notícia - Médicos cada vez menos imunes à ansiedade dos utentes e a vacina ainda nem chegou

António Vaz Carneiro, que preside ao Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), entende as dúvidas das pessoas e compreende bem o dilema dos médicos nesta “novela” da gripe A.

Este internista no Hospital de Santa Maria não encontra justificação para tamanha resposta da parte das autoridades.

Se, por um lado, concorda com as medidas preventivas que passam por mais cuidados de higiene, por outro discorda das posições e medidas alarmistas que “são mais políticas do que científicas”.

Por se tratar de “uma gripe normal”, António Vaz Carneiro considera que nem sequer deveria ter conduzido o mundo na busca de uma vacina e, muito menos, nos gastos astronómicos, nomeadamente com a aquisição de medicamentos que “só servem para diminuir 24 horas de sintomas”, numa referência ao Oseltamivir, que Portugal também adquiriu.

A vacina existe e Portugal comprou doses para 30 por cento da população, começando a sua administração no dia 26 de Outubro, para um pequeno grupo, dentro dos prioritários.

Inicialmente chegarão 49 mil doses, mas a totalidade só estará em território português em 2010.

Vaz Carneiro considera que, já que a vacina foi comprada pelo Estado português, só faz sentido a sua administração aos grupos de risco.

Mas nem todos entendem estes critérios. Antónia não acredita que as vacinas não sejam para todos e pensa que, se o pediatra recomendar, o filho terá direito a uma, o que não é verdade.

Por agora, as suas principais dúvidas vão para os alegados efeitos adversos da vacina, sobre os quais leu "em qualquer parte".

Essa “qualquer parte” é a Internet, onde uma busca rápida permite identificar centenas de conversas entre pessoas que tentam saber se a vacina é segura. Outras “revelam” que tudo isto é uma cabala para acabar com a humanidade ou dar dinheiro aos laboratórios.

Em relação à segurança da vacina, António Vaz Carneiro reconhece que, desde a identificação do genoma viral, até à produção da vacina, passou muito pouco tempo.

No entanto, acrescentou, “não existe nada que indique que esta é uma vacina mais perigosa do que as outras”.

O clínico está mais preocupado com a forma como a população está - e vai, certamente - encarar a doença, assim como a distribuição da vacina que deixará de fora 70 por cento da população.

“A ansiedade das pessoas, perante uma doença que tem um quadro clínico relativamente benigno, está a criar-nos muitos problemas”.

Esses problemas já chegaram ao centro de saúde onde trabalha a médica de família Adelaide, que mesmo antes do anúncio do início da vacinação contra o H1N1 já coleccionava algumas “pérolas” de medos.

“Tive uma doente que me disse que, assim que a vacina chegasse, ia ficar à porta deste centro de saúde (em Lisboa) até receber uma”, contou.

Um outro utente, de 76 anos, anunciou-lhe que jamais seria vacinado, pois sabia que “o Exército estava por trás”.

“Eu explico às pessoas, mas elas nem sempre querem ouvir e a verdade é que, quando me perguntam se a vacina é segura, eu também não tenho grandes dados que me permitam garantir que é”.

Lusa/SOL

Powerpoint sobre as Noções de Direito do Ambiente e Bases do Sistema Jurídico



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