sábado, 5 de julho de 2008

Agressões investigadas


O Ministério Público (MP) está a investigar o caso de uma professora de Inglês da Escola EB 1/2/3 de Góis acusada pela mãe de duas alunas de as agredir, puxando-lhes os cabelos e ameaçando-as com uma colher de pau.




O inquérito foi instaurado na sequência de denúncias feitas em Março deste ano, altura em que ocorreram as alegadas agressões. A investigação, dirigida pelo MP do Tribunal de Arganil, ainda está a decorrer, faltando ouvir algumas testemunhas.

As duas irmãs, de dez anos, frequentam o 4º ano. A mãe, Margarida Carvalho, trabalha na Suíça, estando as meninas entregues ao cuidado de uma tia. Foram as filhas que lhe telefonaram a dizer que a professora lhes "puxou os cabelos" e levou uma delas para a casa de banho, onde a ameaçou de bater-lhe "com a colher de pau". Margarida Carvalho ficou "tão revoltada" que chegou a telefonar à GNR.

A tia e encarregada de educação das meninas, Dulce Barbosa, que ontem recusou prestar declarações por o caso estar em segredo de justiça, também contestava na altura os métodos usados pela docente. O MP está a apurar se houve crime, podendo acusar a professora, de cerca de 40 anos, ou arquivar o processo. Em caso de acusação, estará em causa um crime de maus tratos a menor, punido com pena até cinco anos de prisão.

PORMENORES

RISCO NO QUADRO

Segundo Margarida Carvalho, a professora "tinha por hábito fazer um risco no quadro à frente do nome de cada aluno que se portava mal. Quando chegava a determinado número, levava-os para a casa de banho, onde os trancava e agredia física e psicologicamente".

SEM QUEIXAS

O presidente do conselho executivo, José de Albuquerque, admitiu na ocasião que "aconteceu alguma coisa que não deveria ter acontecido mas não terá a dimensão que lhe estão a querer dar", adiantando que não havia queixas em relação à docente. Ontem não esteve na escola.



CM

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Resultados da 1.ª fase dos exames do Ensino Secundário revelam uma melhoria global

Os resultados da 1.ª fase dos exames do Ensino Secundário revelam uma melhoria global, verificando-se o aumento do número de disciplinas com média positiva, a subida das médias e a diminuição das reprovações.

O número de exames com médias de resultado abaixo dos 10 valores continua a descer: enquanto neste ano lectivo houve seis exames com médias abaixo dos 10 valores, no ano anterior foram sete e em 2006 treze.



Considerando apenas disciplinas homólogas, este ano a média mais baixa foi de 9,2 valores em História B, enquanto em 2007 foi de 7,1 em Física e Química.



Registam-se oito disciplinas com mais de 10 por cento de reprovações, enquanto em 2007 esta situação se verificou em 12 disciplinas. Particularmente, na disciplina de Físico Química a percentagem de reprovações desceu de 31 por cento para 22 por cento no mesmo período de tempo.



Matemática



Apesar do decréscimo na média da Matemática Aplicada às Ciências Sociais (passa de 11,3 valores para 9,6 valores), regista-se uma melhoria global de resultados, em particular na Matemática A (cuja média passa de 9,4 valores para 12,5 valores) e na Matemática B (cuja média passa de 7,5 valores para 11,4 valores), tendo diminuído a percentagem de reprovações.



Esta melhoria, que se verifica, pelo terceiro ano consecutivo, é seguramente o efeito combinado de três factores:



. mais tempo de trabalho e de estudo por parte dos alunos, acompanhado pelos professores, no quadro das actividades das escolas no âmbito do Plano de Acção para a Matemática;



. provas de exame correctamente elaboradas, sem erros e com mais tempo para a sua realização;



. maior alinhamento entre o exame, o programa e o trabalho desenvolvido pelos professores, designadamente através dos vários testes intermédios realizados nas escolas e da utilização do banco de itens disponibilizado pelo Gabinete de Avaliação Educacional por alunos e professores.



De salientar a elevada correlação (0,71) entre as classificações internas e as do exame nacional.













Português



Regista-se um decréscimo nos resultados do exame de Português (cuja média passa de 10,8 para 9,7), aumentando ligeiramente o número de reprovações na disciplina, que passa de 5 por cento para 8 por cento, não obstante o acréscimo de tempo para a realização da prova.



Este é o exame que abrange o maior número de alunos, sendo realizado pela quase totalidade dos estudantes que terminam o ensino secundário nos cursos científico-humanísticos.



Importa equacionar medidas de reforço do trabalho dos alunos nesta disciplina, designadamente estendendo ao ensino secundário as dinâmicas do Plano Nacional de Leitura.





Disciplinas de Ciências



Verificou-se uma melhoria nas disciplinas de Biologia e Geologia (cuja média passa de 9,1 valores para 10,5 valores) e de Física e Química (cuja média passa de 7,2 valores para 9,3 valores).



É de salientar que em Biologia e Geologia a média atingiu valores positivos, enquanto em Física e Química, apesar da melhoria registada, ainda apresenta um valor ligeiramente negativo.



Estas duas disciplinas são as que apresentam as mais elevadas correlações entre as classificações internas e externas (respectivamente 0,75 e 0,76).



Também nestas disciplinas se concretizou um esforço de alinhamento do exame com o programa e o trabalho dos professores, através dos testes intermédios, bem como do aumento do tempo para a realização da prova.



Registou-se, ainda, durante o ano lectivo que agora termina, um reforço dos tempos de leccionação destas disciplinas e das condições para a realização do trabalho experimental.



Os resultados indicam a necessidade de continuar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos professores e pelas escolas, com vista a consolidar esta tendência de melhoria.


Regras de funcionamento dos centros de formação de associação de escolas

As novas regras para a constituição dos centros de formação de associações de escolas, definidas em diplomas publicados no Diário da República, inserem-se no âmbito da formação contínua de professores e visam contribuir para a qualificação do serviço público prestado pelos estabelecimentos de ensino, tendo em vista a melhoria dos resultados escolares dos alunos.

Os centros de formação de associações de escolas devem, sempre que necessário, apoiar as escolas associadas no levantamento das suas necessidades de formação, que deverão estar na base da elaboração dos seus planos de acção.



Os planos de formação de docentes devem conter a explicitação do levantamento de necessidades, a indicação dos objectivos a atingir, a identificação das áreas de formação a desenvolver e das modalidades mais adequadas a utilizar, bem como o público-alvo a atingir.



Os referidos planos de formação deverão ser organizados para dois anos lectivos, sendo que o primeiro deverá incluir o período do ano lectivo de 2008/2009, não abrangido pelos anteriores planos de formação.



Posteriormente, os planos de acção elaborados pelos centros de formação devem ser objecto de acreditação por parte do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua de Professores, podendo ser financiados pelo Programa Operacional Potencial Humano.



As condições de concretização dos planos de acção são contratualizadas com entidades externas, designadamente instituições de ensino superior e associações profissionais de professores, que devem ser acreditadas para o efeito pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua de Professores.



Para a criação de um centro de formação de associações de escolas, o número de docentes, afectos aos agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas que constituem as associações que vêm integrar o centro de formação a constituir, devem obedecer aos seguintes referenciais:



2000 docentes para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e para as áreas cuja densidade populacional seja equiparável;
1000 docentes para as áreas de fraca densidade populacional;
1500 docentes para as áreas que não integrem nenhum dos casos anteriormente referidos.


Por iniciativa da direcção regional de educação respectiva, mediante proposta devidamente fundamentada, pode ser autorizada a constituição de centros de formação de associações de escolas sem que se verifique a existência deste referencial, pelo membro do Governo competente, uma vez recolhido o prévio parecer favorável da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação.



A criação de um centro de formação de associações de escolas tem de respeitar o princípio da inclusão de todas as escolas de uma mesma área e da contiguidade geográfica.



A iniciativa da criação das associações de escolas e dos centros de formação correspondentes cabe aos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, através dos presidentes dos conselhos executivos ou directores, que para o efeito devem elaborar a respectiva acta de constituição e enviá-la para homologação à direcção regional de educação da área geográfica respectiva.



Compete às direcções regionais de educação, de acordo com os critérios que considerar adequados, determinar em que áreas deve ser integrado o centro de formação cuja constituição lhe foi solicitada para homologação.



São extintos todos os centros de formação de associações de escolas existentes, devendo ter lugar a iniciativa de criação de novos centros. A decisão de homologação deve ser conhecida até 31 de Agosto de 2008.



O director do centro de formação extinto deve permanecer em funções até à tomada de posse do novo director, cujo procedimento concursal deve iniciar-se nos cinco dias úteis seguintes à notificação da homologação e estar concluído no prazo máximo de 30 dias.



Para mais informações, consultar os despachos publicados no Diário da República.

Os testes de Português podiam ser substituídos por uns papeluchos como os do Totobola


Hoje de manhã acordei a pensar no Ministério da Educação. Num mundo ideal, eu seria professora de Português, consistindo a minha missão em sujeitar a exame todos os membros do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional), da DGIDC (Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular), do GEPE (Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação), da DGRHE (Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação) e da ANQ (Agência Nacional para a Qualificação) usando para o efeito uma “grelha” por mim elaborada.

Este desejo surgiu depois de ter lido os programas, os exames e os critérios de avaliação em vigor. Com filhos crescidos e netos demasiado pequenos para frequentar a escola secundária, tenho andado arredada da matéria, embora, pelo que ia ouvindo, por esquinas e ruas, suspeitasse de que a asneira tivera carta de alforria. Há três semanas, durante uma sessão de autógrafos na Feira do Livro, conversei com algumas professoras do ensino secundário. O encontro despertou o meu apetite por analisar as provas de exame de Português. Havia muito – exactamente desde 1997, quando publiquei "Os Filhos de Rousseau" – que o não fazia.

Não foi difícil obter, na Internet, o seu enunciado, ou antes, não foi difícil depois de o director deste jornal me ter enviado o devido link. Comecei pela Prova Escrita de Português do 12.º Ano de Escolaridade, a qual incluía um texto de Camões, outro de Luís Francisco Rebelo e outro de Guilherme Oliveira Martins. À cabeça, aparecia o extracto do Canto X de "Os Lusíadas", começando em “Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas,/…” e terminando em “Que possuí-los sem os merecer”. Se a inclusão do maior poeta épico português não me admirou, o mesmo não posso dizer das perguntas sobre ele feitas.

No final da primeira parte, pedia-se ao aluno que comentasse, num texto de 80 a 120 palavras, a experiência de leitura de "Os Lusíadas". Com medo de que esta se reduzisse a nada, fornecia-se, em epígrafe, as seguintes linhas de Maria Vitalina Leal de Matos: “Mas o texto é complexo e, por vezes até, contraditório. Em certos momentos exibe uma face menos gloriosa; aquela em que emergem as críticas, as dúvidas, o sentimento de crise.” Não só o excerto era desnecessário, como podia causar perplexidade, uma vez que o esquema a preto e branco inventado pelo Gave não se coadunava com “complexidades”. Por outro lado, pareceu-me extraordinário que, a alunos de 17 e 18 anos, se tivesse de fornecer um glossário, no qual se explicava, por exemplo, o que era o Olimpo. Que andaram os meninos a aprender ao longo de dez anos de aulas de História?



Texto ideológico



Nos Grupos II e III, transcrevia-se um texto de Luís Francisco Rebelo sobre "O Memorial do Convento" de José Saramago, e outro, de Guilherme Oliveira Martins, sobre o P. António Vieira. Do ponto de vista ideológico, o segundo era inócuo, o mesmo não se podendo dizer do primeiro. Depois de um elogio rasgado ao livro, L. F. Rebelo defendia coisas tão etéreas quanto a “a história não é uma categoria imutável e fixa, mas a contínua respiração da realidade, rio cujas águas nunca param e nunca se repetem”, desembocando o seu argumento no conceito de “luta de classes”, após o que remetia para o poema de Brecht, “Perguntas de Um Operário Letrado”, o qual servia de base para defender que "O Memorial do Convento reflectia o conflito entre um “rei beato” e os “servos da gleba”.

A fim de serem facilmente classificadas, muitas questões eram de escolha múltipla, ou seja, a seguir a uma frase vinham quatro opções, o que nos leva a pensar que, segundo a ideologia vigente, há uma e apenas uma Verdade. Como se isto não fosse suficientemente arrepiante, algumas das supostas respostas certas estavam erradas: a vice-presidente da Associação de Professores de Português chamou imediatamente a atenção para a falta de acordo entre os colegas no que dizia respeito às respostas para o grupo II, 7. No último grupo, o III, era pedida ao aluno uma redacção, entre 200 e 300 palavras, sobre a “temática da dignidade humana e do respeito pelos direitos humanos no nosso tempo”. Visto tratar-se de escrever sobre o que passa no século XXI, não entendo a vantagem da inclusão do texto do actual presidente do Tribunal de Contas relativo ao século XVII. Pelos vistos, o contexto temporal desapareceu da cabeça destes pedagogos.

Vale a pena abordar a filosofia subjacente à elaboração do exame. Claro que podia parafrasear algumas passagens do programa da cadeira ou até fornecer um resumo do texto — com 76 páginas — mas isso teria a desvantagem de afastar o leitor da linguagem de quem planeia o ensino em Portugal. Antes de saltar estes parágrafos, lembre-se, por favor, que o esforço que lhe peço não é nada comparado com aquele a que os professores são diariamente sujeitos. Aqui vão alguns extractos retirados do "Programa de Português para os 10.º, 11.º e 12º anos, dos Cursos Científico-Humanísticos e Cursos Tecnológicos", coordenado por Maria da Conceição Coelho, a qual foi, para o efeito, assessorada por João Seixas, José Pascoal, Maria Joana Campos, Maria José Grosso e Maria de La Salette Loureiro.

Eis o começo: “O Português é uma disciplina da formação geral comum aos cursos científico-humanísticos e tecnológicos do ensino secundário que abrange os três anos do ciclo. Visa a aquisição de um corpo de conhecimentos e o desenvolvimento de competências que capacitem os jovens para a reflexão e o uso da língua materna. Em contexto escolar, esta surge como instrumento mas também como conteúdo ou objecto de aprendizagem, tornando-se fundamental, neste ciclo, o aprofundamento da consciência metalinguística e a adopção de uma nomenclatura gramatical adequada que sirva o universo de reflexão.” Abordando a parte 2, eis o que encontramos: “Este programa pretende ser um instrumento regulador do ensino-aprendizagem da língua portuguesa nas componentes Compreensão Oral, Expressão Oral, Expressão Escrita, Leitura e Funcionamento da Língua, instituídas como competências nucleares desta disciplina. (…) Para realizar a interacção entre as diferentes competências, seleccionaram-se vários tipos de textos em que há uma evidente articulação entre protótipos textuais (narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo-explicativo, injuntivo-instrucional, dialogal-conversacional) e textos das relações dos domínios sociais de comunicação (relações educativas, relações profissionais, relações com os media, relações gregárias e relações transaccionais). Desta forma, a tipologia textual prevista para o ensino secundário adquire uma dimensão praxiológica, permitindo abordar textos que, cabendo numa das categorias de protótipos textuais, preparam os jovens cidadãos para uma integração na vida sociocultural e profissional.”





Máquina retórica em ritmo automático



No que diz respeito à escrita, eis o que têm a dizer: “Quanto à expressão escrita, pretende-se que seja instituída uma oficina de escrita, em que sejam trabalhadas as tipologias textuais previstas, a partir das quais se desenvolverão as competências naturalmente envolvidas neste tipo de actividade. Propõe-se que esta oficina seja entendida como um trabalho laboratorial, constituindo um espaço curricular em que a aprendizagem e a sistematização de conhecimentos sobre a língua e os seus usos se inscrevem como componentes privilegiadas.” Sobre a leitura, afirma-se: “No âmbito da leitura, promove-se o acesso a textos de várias tipologias, preferencialmente relacionados com a área de formação ou com o interesse dos alunos, bem como a textos dos domínios transaccional e educativo, que contribuem para a formação da cidadania. A leitura do texto literário deverá ser estimulada pois contribui decisivamente para o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, integrando as dimensões humanista, social e artística, e permite acentuar a relevância da linguagem literária na exploração das potencialidades da língua. Nesse sentido, são seleccionados para leitura obrigatória autores/textos de reconhecido mérito literário que garantam o acesso a um capital cultural comum.” O programador acrescenta: “O convívio com os textos literários acontecerá também quando se puserem em prática contratos de leitura a estabelecer entre professores e alunos.” Que significa um “contrato de leitura” que, ainda por cima, “acontecerá”? Mistério.

Do capítulo dos objectivos, seleccionei apenas três frases, as mais representativas: “Desenvolver capacidades de compreensão e de interpretação de textos/discursos com forte dimensão simbólica, onde predominam efeitos estéticos e retóricos, nomeadamente os textos literários, mas também os do domínio da publicidade e da informação mediática; utilizar métodos e técnicas de pesquisa, registo e tratamento de informação, nomeadamente com o recurso às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC); desenvolver práticas de relacionamento interpessoal favoráveis ao exercício da autonomia, da cidadania, do sentido de responsabilidade, cooperação e solidariedade.” Modernaço, não é?

A máquina retórica prossegue em ritmo automático: “A escola deverá promover, no âmbito da consciência linguística, o conhecimento do vocabulário, da morfologia, da sintaxe e da fonologia/ortografia; no que respeita a competência discursiva/textual, o conhecimento das convenções que subjazem à produção de textos orais ou escritos que cumpram as propriedades da textualidade; quanto à competência sociolinguística, o conhecimento das regras sociais para contextualizar e interpretar os elementos linguísticos e discursivos/ textuais; quanto à competência estratégica, o uso de mecanismos de comunicação verbais ou não verbais como meios compensatórios para manter a comunicação e produzir efeitos retóricos.”

Estão fartos? Desculpem, mas não resisto a outra citação: “A aula de Português (…) é, pela especificidade da disciplina, um espaço de transversalidade cultural e linguística, na sua condição de suporte estruturalmente integrado nos outros saberes. (…) Para que os alunos desenvolvam o hábito de ler, propõe-se a criação de um espaço dedicado à leitura recreativa de textos de reconhecido mérito literário, de autores maioritariamente contemporâneos, das literaturas nacional e universal, capazes de transformar os alunos em leitores mais assíduos, quer ao longo do percurso escolar, quer ao longo da vida.” Note-se a aberrante hierarquia: “Nesse espaço, deve ser dada importância aos gostos e interesses dos alunos, cabendo ao professor a sua orientação, sugerindo um leque diversificado de textos a ler. O professor deve constituir-se como entidade facilitadora de práticas de leitura (sublinhado meu) oferecendo aos alunos a possibilidade de encontro com textos interessantes e motivadores, procurando, contudo, suscitar respostas por parte dos leitores durante e após a leitura desses textos.” Só há duas explicações para o programa de Português: ou esta gente é doida ou pretende humilhar os professores.

Não é preciso ir longe para vermos em que fontes andaram os “especialistas” a beber. Basta olhar alguns dos títulos da bibliografia aconselhada: Lussier, D., "Évaluer les Apprentissages dans une Approche Communicative", Paris, Hachette, 1992, Tochon, F.V., "A Língua como Projecto Didáctico", Porto, Porto Editora, 1995, Gohard-Radenkovic, A., "L’Ecrit. Stratégies et Pratiques", Paris, Clé international, 1995, Broncart, J.-P., "Activité Langagière, Textes et Discours", Lausanne, Delachaux et Niestlé S.A., 1996 ou Weaver, C., "Teaching Grammar in Context", Portsmouth, Boynton/Cook Publishers, Inc, 1996 . Todo e qualquer livro, da "La Littérature en Péril" de T. Todorov a "On Looking into the Abyss" de G. Himmelfarb, que ponha em causa a ortodoxia foi banido.





Baixar o insucesso por via burocrática



Voltando ao exame, intrigou-me a ênfase nos autores contemporâneos. Um anjo da guarda explicou-me o motivo. A 4 de Outubro último, através da portaria 1322/2007, Valter Lemos determinou que, este ano, os exames de Português do 12.º ano passassem a ter como matéria, não o que fora dado ao longo do ciclo, como sucedia, mas apenas o leccionado no 12.º ano. Tal como sucedera no exame de Matemática, a mutilação foi deliberadamente planeada, no sentido de tornar mais simples os exames. Pelo meio, desapareceram autores como Eça de Queiroz e Cesário Verde – declaro, é evidente, um interesse pessoal – substituídos por Luís de Sttau Monteiro e José Saramago, cujas obras, "Felizmente Há Luar" e "O Memorial do Convento", são de leitura obrigatória (dada a fama internacional, Fernando Pessoa manteve-se). Em suma, dos clássicos, apenas Camões.

Como qualquer professor sabe, os alunos apenas estudam o que vem para exame, ficando indignados quando lhes “sai” uma coisa não estipulada. A portaria 1322/2007 deu-lhes autorização para esquecer o que eventualmente tivessem aprendido nos dois anos anteriores. Quem viu os telejornais, não pode ter deixado de notar as declarações no sentido de que o exame de Português tinha sido “canja” e que portanto o futuro iria ser risonho. Não, não vai. Porque os alunos, que hoje ostentam uma face optimista, não tardarão a chorar ao verificarem que não arranjam emprego.

A responsabilidade pelo desastre – porque é de um desastre que se trata – deve ser atribuída a quem ocupa o poder, isto é, em primeiro lugar, a Maria de Lurdes Rodrigues, uma ministra cujo objectivo passou a consistir em baixar o insucesso escolar por via burocrática. Qualquer dia até o meu neto, de seis anos, é capaz de responder satisfatoriamente às provas do final da escolaridade. Uma vez que já sabe escrever o seu nome e que responde prontamente a quem lhe pergunta quanto são dois mais dois, penso que não vale a pena matriculá-lo na 1ª classe, deixando-o no recreio até aos 15 anos, altura em que se poderá apresentar a exame como aluno externo. Nem a família terá de se dar à maçada de o levar à escola nem o Estado será forçado a gastar dinheiro com a sua educação. Aliás, foi isso que, após ter realizado o exame de Português, nos disse Felipe Hasslocher: “Não estudei; a Português ou se sabe ou não vale a pena estudar” ("Diário de Notícias", 19-06-2008). De facto, é assim: ou se aprende em casa ou não vale a pena ir às aulas.

Mas voltemos aos exames. A disciplina de Português, obrigatória para todos os alunos que frequentam o 12.º ano, não é a única que aborda temas literários. Existe uma outra cadeira, optativa, de Literatura Portuguesa, resultado da divisão entre a língua e as obras. Se não é a ler os grandes escritores que se aprende a escrever, então como é? Mas disto não querem saber as luminárias. O programa é, de novo, coordenado pela guru Maria da Conceição Coelho, assessorada, desta feita, por Maria Cristina Serôdio e Maria Joana Campos, não sendo, por conseguinte, necessário voltar a cansar o leitor com citações. Quero apenas notar que a bibliografia, além de tendenciosa, contém lacunas. Manda-se os professores lerem R. Andrews, "The Problem with Poetry", Piladelphia, Open University, 1991 e M. Bores et alia, "Estética Teatral: textos de Platão a Brecht", Lisboa, Fundação Gulbenkian, 1996, mas a "História da Literatura Portuguesa", de A. J. Saraiva e Óscar Lopes, não aparece, como não aparece um único livro de João Gaspar Simões. E, por favor, não me venham dizer que são livros datados.

A prova de Literatura Portuguesa para os 11.º e 12.º anos é melhor do que o programa, até porque os escritores escolhidos para análise são Camões e Camilo Castelo Branco. Dado os adolescentes serem particularmente sensíveis ao tema — razão menor, mas que aceito —, a inclusão do soneto que começa com “Amor é um fogo que arde sem se ver…” e de um extracto do Amor de Perdição não me pareceu má ideia. Trata-se de clássicos cujo mérito ninguém disputa. No Grupo III, pedia-se aos alunos para, baseando-se na sua experiência de leitura da lírica trovadoresca, escreverem um texto sobre o tema do sofrimento amoroso nas cantigas de amor. O exame mais bem elaborado é aquele a que um menor número de alunos se sujeitou. Se calhar, uma coisa está relacionada com a outra.



Propaganda da "nomenklatura" europeia



No final, lembrei-me de ver a prova de Língua Portuguesa do 9.º ano, um exame a que foram sujeitos dezenas de milhares de estudantes. Do programa, simplório, não reza a História. Desta feita, o escândalo é o próprio exame. O principal texto – o A – versa a União Europeia. Retirado da Internet, é um artigo de propaganda. Espero que ninguém tenha a tentação de me vir explicar, a mim, que, nos idos de 1960, queimei as pestanas a tentar perceber o que, na opinião de Althusser, era um AIE (Aparelho Ideológico do Estado), e que, na década seguinte, se deliciou a ouvir o “We don’t need no education” dos Pink Floyd, que a escola transmite valores. Mas uma coisa é estar consciente do facto, outra aceitar que nela se transmita propaganda pura e dura. Ora, é isto que acontece nesta prova.

Não só os meninos foram sujeitos à ideologia veiculada pela "nomenklatura" europeia, como o que lhes era pedido se limitava a comentários de índole escolástica. Eis o início: “A União Europeia (EU) está empenhada no desenvolvimento sustentável. Para tal é necessário um equilíbrio cuidado entre prosperidade económica, a justiça social e um ambiente saudável. De facto, quando visados em simultâneo, estes três objectivos podem reforçar-se mutuamente. As políticas que favorecem o ambiente podem ser benéficas para a inovação e competitividade. Por sua vez, estas impulsionam o crescimento económico, que é vital para atingir os objectivos sociais.”

Se eu tivesse sido sujeita a este exame, reprovaria: não porque tivesse lido mal o que lá vinha, mas por saber que algumas das frases tidas como incontroversas são mais do que duvidosas. Dou um exemplo: “Inquéritos realizados têm demonstrado invariavelmente que a vasta maioria dos cidadãos da EU espera que os responsáveis políticos prestem tanta atenção à política ambiental como à política económica e à social.” Em que países se efectuou tal sondagem? Qual a amostra escolhida? Que margem de erro tinham as respostas? Ninguém sabe. Finalmente, a classificação das respostas – com um “V”, de verdadeira, ou “F”, de falsa – revela uma mente totalitária.

Seguia-se um texto de José Saramago sobre o sorriso. Não vou falar do suposto mérito literário do “nosso” Nobel, mas desejo reiterar que me parece absurdo fomentar a leitura com base em autores contemporâneos. Nem estes são de leitura acessível nem, mais importante, sabemos se têm mérito: um grande escritor é-o quando resistiu à erosão do tempo. Na segunda metade do século XIX, a elite nacional decidiu que o maior poeta português era Tomás Ribeiro, o qual, em 1862, publicara um poema intitulado "D. Jaime". O mais conceituado crítico da época, António Feliciano de Castilho, teve o desplante de considerar a obra como mais importante para o estudo da língua portuguesa do que "Os Lusíadas", o que não suscitou arrepios. Mas alguém é hoje capaz de ler, sem se rir, as linhas com que abre o "D. Jaime": “Meu Portugal, meu berço de inocente,/ lisa estrada que andei débil infante, variado jardim do adolescente,/ meu laranjal em flor sempre odorante/…”? Quem me garante que José Saramago não é o Tomás Ribeiro do século XX?





Fim da autonomia dos docentes



Faltava-me ler, com atenção, as instruções que o Ministério enviou aos professores encarregues de corrigir os exames. Escolhi o caso do exame de Português do 12.º ano. O que vi – quadradinhos com “níveis de desempenho”, listas com os “cenários de resposta” e grelhas com a “correspondência correcta” – deixou-me estarrecida. É certo que as instruções foram transcritas pelos jornais, mas, desacompanhadas dos exames, o leitor não tinha oportunidade de se aperceber da monstruosidade do esquema.

Não contente com a interferência na vida das escolas, o poder central entendeu por bem vigiar os examinadores de forma maníaca, não os deixando desviar uma linha do que os burocratas consideram “a” resposta correcta. A fim de que não se pense que sou tendenciosa, cito a primeira pergunta, relativa a "Os Lusíadas", na qual se pedia ao aluno que expusesse, sucintamente, o conteúdo das três primeiras estâncias. Nos critérios de avaliação enviados às escolas, especificava-se existirem três níveis de desempenho, o N3, no qual se expunha o conteúdo das três primeiras estâncias – a que se deveria dar 9 pontos – o N2, no qual se expunha o conteúdo de duas estâncias – que mereceria 6 pontos – e o N1, no qual se expunha apenas o conteúdo de uma das estâncias – ao qual se deveria dar apenas 3 pontos. É isto normal?

Na pergunta seguinte, depois de se ter afirmado que a “Fama” desempenhava um papel fundamental no processo de imortalidade, pedia-se ao aluno que referisse “três dos aspectos evidenciados nesse desempenho, fundamentando a sua resposta com citações do texto”. Seguia-se uma coisa designada como “cenário de resposta”, cujo objectivo era explicar aos professores o que eles sabem ou deviam saber: “A resposta deve contemplar os seguintes aspectos: a “ilha” (incluindo as Ninfas e Tétis) é o prémio, a recompensa dada aos marinheiros; os “deleites” são os triunfos, os louros (1ª estância); os prémios concedidos pela antiguidade eram atribuídos a quem fazia o difícil percurso da virtude (2ª estância); os deuses não passam de humanos que praticaram feitos de grande valor; daí terem recebido o prémio de imortalidade (3ª estância). Seguiam-se os critérios de avaliação, N3, N2 e N1, com a usual pontuação decrescente.

Na terceira pergunta, pedia-se, entre outras coisas, ao aluno para identificar a apóstrofe presente na estância 92. Lá voltavam a aparecer os “critérios específicos de classificação”, com a respectiva pontuação. No “cenário de resposta”, especificava-se que a resposta certa era “ó vós que as famas estimais”. Se um aluno respondesse, por exemplo, “ó vós” – o que estaria certo –, a resposta teria de ser considerada errada. É isto aceitável?

Demorei-me a analisar este texto porque, de entre todos – e como viram a escolha não é fácil – foi o que mais me escandalizou. Deste novo mundo, labiríntico, burocrático, totalitário, desapareceu a autonomia dos docentes, o dever de julgar e até o estímulo para separar os alunos marrões dos criativos. Se as perguntas de escolha múltipla já me tinham irritado, mais furiosa fiquei ao ver que o método era aplicado ao que antigamente se chamava uma redacção. Em grande medida, estas loucuras derivam da filosofia de avaliação expressa na obra de Valter Lemos, "O Critério do Sucesso: Técnicas de Avaliação da Aprendizagem" (1986).

Se isto choca nas chamadas Ciências Exactas, o facto é, nas Humanidades, uma anormalidade, uma vez que analisar um texto literário não é o mesmo que resolver um problema de Química. Nos anos 1960, a crítica literária teve de se defrontar com o marxismo e, depois, e em rápida sequência, com o estruturalismo, o post-modernismo e a semiótica, correntes demasiado exotéricas para que delas possa, ou queira, falar. A partir de então, a crítica literária foi tida como uma espécie de ciência. Tudo ficou de pernas para o ar, não me devendo eu espantar que a Língua Portuguesa tenha sido separada da História da Literatura nem que a análise do texto o seja dos respectivos autores. A coroar o disparate, o ministério optou por elaborar exames cujo objectivo é escamotear o facto de estarmos a formar uma geração incapaz de pensar, de falar e de escrever.

À volta da elite burocrática sediada no Ministério da Educação, existe hoje um enxame de “especialistas” que determina o que é, ou não, “correcto”. Os exames que elaboram poderiam ser substituídos por uns papeluchos como os do Totobola, nos quais os alunos fariam ao acaso umas cruzinhas, sendo estas posteriormente contadas por uma máquina. O actual secretário de Estado da Educação e os seus anões não pertencem à tradição humanística que fez a glória da cultura ocidental, mas a uma corrente pedagógica que vê o aluno como um robot e o professor como uma máquina registadora. O Português não é a sua pátria.

Maria Filomena Mónica/Público

Docentes colocados nos agrupamentos

Os professores vão passar a ser colocados nos agrupamentos e não por Quadros de Zona Pedagógica. O Ministério da Educação pretende acabar, "progressivamente", com este tipo de organização a partir do próximo concurso, em Janeiro.

Esta quinta-feira, numa conversa com jornalistas, na 5 de Outubro, o secretário de Estado da Educação confirmou que os professores vão ficar colocados por quatro anos a partir do próximo concurso, que vai realizar-se em Janeiro.

Cerca de 33 mil docentes, estimou Valter Lemos, pertencem aos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) e, por isso, podem ser colocados numa escola da "sua zona". O objectivo do Ministério, explicou, é que os professores passem a ficar afectos aos agrupamentos criando um corpo docente vinculado às escolas ainda mais estável e permanente, defendeu. "Prevemos que os QZP fiquem extintos com este concurso mas alguns grupos de docentes podem não ter lugar" nos agrupamentos onde desejam. Daí que a extinção seja progressiva, explicou Valter Lemos, sublinhando que os professores que não conseguirem lugar "mantém os direitos" que têm por pertencerem ao QZP.

"Até final do ano civil", todos os técnicos dos Centros Novas Oportunidades com recibos verdes regularizarão a sua situação, garantiu Valter Lemos. José Sócrates e Teixeira dos Santos já autorizaram o descongestionamento de 1588 admissões, "para celebração de contratos a termo".

Primeiro-ministro e ministro das Finanças também já assinaram o despacho que permite o descongelamento de 1596 vagas, para contratos por tempo indeterminado. Teixeira dos Santos deu o aval à renovação de sete mil contratos de assistentes operacionais e poderá, ainda descongelar mais 1600 lugares para os ex-auxiliares de acção educativa que terminam contrato a 31 de Agosto.

Valter Lemos chamou ainda a atenção para a publicação dos despachos que prevêem a profissionalização dos docentes do Ensino Artístico e do ensino privado e cooperativo. As regras são idênticas às aplicadas aos restantes professores: ficam dispensados da os que tiverem 45 anos e dez anos de serviço ou 15 anos de serviço.

Os restantes terão de fazer a qualificação até ao ano lectivo 2010/2011.

Carolina Michaëlis: Alunos envolvidos farão trabalho comunitário

Um aluno envolvidos no caso do vídeo da Escola Secundária Carolina Michaëlis, no Porto, vai ter que cumprir trabalho comunitário num corpo de bombeiros e outro prestará idêntico serviço numa esquadra de polícia, afirmou hoje fonte conhecedora do processo.
Ana Espírito Santo, advogada da professora molestada pela aluna a quem tentou tirar o telemóvel, disse hoje que o jovem R., já com idade para responsabilização criminal (16 anos), que terá impedido outros colegas de socorrer a docente, cumprirá 40 horas de trabalho comunitário num corpo de bombeiros.

Por proposta do Ministério Público, o seu processo fica suspenso por seis meses.

Já RF., aluno menor que filmou o incidente, prestará 20 horas de serviço comunitário junto de uma instalação policial.

A advogada disse também que continua por definir a penalização a aplicar a P., a protagonista do incidente.

A jovem é ainda de menor idade, pelo que o seu processo corre no Tribunal de Menores e Família de Matosinhos.

Logo após o incidente, a aluna foi transferida para outra escola.

A professora da Escola Secundária Carolina Michaëlis alegadamente molestada pela aluna formalizou em Janeiro uma queixa judicial contra a alegada agressora e duas contra os colegas de turma.

Diário Digital / Lusa

Escola investiga indisciplina


Uma turma do 8º ano da escola 2/3 Gomes Teixeira, no Porto, está a ser investigada por actos de indisciplina. O caso remonta ao fim de Maio quando três alunos recusaram a ordem da professora de Educação Visual para sair da sala de aula. Já antes a docente tinha exigido que mudassem de lugar, o que também não foi cumprido.




"Houve uma situação de indisciplina", disse ao CM a presidente do Conselho Executivo, Manuela Pinto, desvalorizando o caso. Acrescentou que a professora saiu da sala face à insubordinação dos jovens e que a aula continuou com outro professor.

Os alunos já reconheceram o erro, mas o inquérito prossegue. Caso se prove a culpa dos estudantes, estes terão de cumprir um conjunto de medidas de integração, que passa por limpar e fazer pequenas alterações na escola.

CM

quinta-feira, 3 de julho de 2008

ME anuncia vinculação professores aos quadros dos Agrupamentos

O ministério da Educação (ME) anunciou hoje que os candidatos no próximo concurso de professores vão integrar os quadros dos Agrupamentos em que forem colocados, uma medida que pretende estabilizar os docentes na mesma escola.
Numa conferência de imprensa, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, realçou que o diploma que estabelece as regras do próximo concurso de professores, que fixa os docentes à mesma escola durante quatro anos, a partir do próximo mês de Janeiro, «prevê a possibilidade de os professores dos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) integrarem os quadros de agrupamentos onde estão colocados».

Valter Lemos destacou que «a tendência é para o desaparecimento dos quadros zona e vincular os professores às escolas onde estão colocados».

Actualmente são cerca de 33 mil os professores que estão nos Quadros de Zona Pedagógica.

«Os QZP manter-se-ão para aqueles professores que não obtenham logo colocação, até à sua integração completa nos agrupamentos», disse, salientando que «enquanto não obtiverem lugar manterão os direitos que tinham no QZP».

O governante adiantou que a expectativa do ministério «é que mais de 2/3 ou 3/4 dos professores venham a obter lugar nos quadros de agrupamento» já nesta fase.

«Pela primeira vez os lugares que vão a concurso correspondem com rigor com àquelas que são as vagas de horários efectivos no agrupamentos escolares», encerrando «tanto quanto possível o ciclo de contratados adicionais pelas escolas», salientou.

Entre as medidas para a estabilização do pessoal docente, o governante realçou que no próximo ano os professores do particular e cooperativo e do ensino artístico (escolas de música e dança) poderão aceder à profissionalização nas mesmas condições dadas aos docentes do ensino público, sendo dispensados de profissionalização os docentes com mais de 45 anos de idade e 10 anos de serviço, uma medida que beneficiará cerca de 250 pessoas.

«Estes professores não tinham acesso à profissionalização e não ter acesso à profissionalização significa não ter acesso à carreira docente», disse, realçando que está a ser preparado um novo diploma para os professores de escolas de artes visuais que permite que os docentes do ensino artístico especializado com anos de serviço possam vir a ser integrados nos quadros das suas escolas definitivamente, permitindo a estabilização de professores «que durante anos sempre foram aceites no pressuposto de contratos temporários».

No que respeita ao pessoal não docente, Valter Lemos destacou a possibilidade de 1.600 dos contratados a prazo que terminava os seus contratos a termo a 31 de Agosto ficarem vinculados ao quadro, em concursos que serão abertos já nos próximos dias junto das escolas.

O secretário de Estado salientou ainda que estão já autorizadas para o próximo ano as renovações dos contratos de sete mil assistentes administrativos e auxiliares de acção educativa que tinham sido contratados desde 2002/03 em contratos a termo certo.

Entre as medidas do Governo nesta área, realçou também que «estão abertos concursos para 775 lugares de chefe de serviço de administração escolar, situação que aguardava no ME há anos» em todo o país, ainda um despacho recente que desbloqueia 1.596 vagas para assistentes técnicos e assistentes operacionais e o concurso a decorrer para 1.400 técnicos de Centros de Novas Oportunidades (CNO) actualmente a recibo verde, de forma que «até ao final do ano deixarão de existir pessoas a recibos verdes nos CNO».

«As escolas têm ordens para até ao fim do ano escolar procederem à reclassificação profissional de todo o pessoal não docente que adquiriu novas competências e habilitações nos últimos anos», disse ainda.

Diário Digital / Lusa

Autarquias vão gerir escolas a partir de Setembro

O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou hoje que as autarquias podem assumir a gestão das suas escolas a partir de Setembro segundo contratos defenidos caso a caso, mas nem todas estão preparadas para estas novas competências.
«Nem todas as autarquias estão em condições de assegurar esta gestão em termos imediatos e o objectivo quer para as autarquias e para o Ministério da Educação (ME) é que a transferência se faça em condições de conseguir melhorias de trabalho e de resultado«, disse Valter Lemos, referindo que a transferência de competências na gestão das escolas para as autarquias está apenas a aguardar publicação de um decreto-lei «nos próximos dias«.

«Há autarquias que já mostraram a sua disponibilidade e já estão prontas para assumirem essa transferência a partir de 01 de Setembro, outras a partir de Janeiro, nomeadamente autarquias um pouco maiores, que têm condições, mas pretendem reorganizar-se, e haverá outras autarquias que, no meu ponto de vista, nem em Janeiro terão condições«, disse o secretário de Estado, considerando que estas últimas «não serão muitas«.

Segundo Valter Lemos, «o decreto-lei estabelece as áreas e a forma como a transferência deve a ser feita, mas não estabelece uma transferência universal para todas as autarquias ao mesmo tempo«, pelo que a negociação com as autarquias está a ser feita caso a caso.

Valter Lemos assegurou que os encargos financeiros com pessoal docente e não docente serão no mesmo valor que actualmente e garantiu que «não será transferido nenhum funcionário para as autarquias sem o correspondente valor financeiro«.

«Estão neste momento asseguradas todas as expectativas de carreira e direitos de segurança social e assistência na saúde destas pessoas, que mantém direitos de concurso na Administração Central«, garantiu, explicando que «quando uma autarquia receber o pessoal nos seus quadros, receberá rigorosamente os encargos financeiros que esse pessoal trará, quer em comparticipação directa, como o salário, quer em comparticipação indirecta, com a segirança social, despesas de saúde, etc.«.

«A transferência de pessoal não é para poupar dinheiro, mas no pressuposto de que ganharemos eficiência com isso e que isso trará melhorias para as escolas e para o trabalho educativo«, acrescentou.

Segundo o secretário de Estado, esta transferência é inevitável. «Não percebo como é que uma autarquia explicaria aos seus eleitores não querer cuidar das suas escolas, das suas crianças«, afirmou.

Diário Digital / Lusa

Comissão Europeia quer investir na melhoria da qualidade do ensino dos 27

A Comissão Europeia quer que os sistemas escolares dos Estados-membros se adequem mais às necessidades dos alunos, pelo que é necessário melhorar a qualidade do ensino. Na comunicação "Melhorar as Competências para o Século XXI: Uma Agenda para a Cooperação Europeia nas Escolas", Bruxelas propõe três áreas de intervenção, a primeira das quais diz respeito à necessidade de a escola "garantir uma aprendizagem de alta qualidade a todos os estudantes".

A generalização do ensino pré-escolar, a redução do abandono escolar precoce e a melhoria do apoio dado nas escolas oficiais aos alunos com necessidades especiais estão entre os caminhos apontados pela Comissão Europeia. Por outro lado, Bruxelas que "dar a todos os alunos as competências de que necessitam para a vida".

Neste sentido, a comunicação aponta a necessidade de "melhorar os níveis de leitura, escrita e cálculo, reforçar as competências 'aprender a aprender' e modernizar os currículos, os materiais didácticos, a formação dos professores e os métodos de avaliação em conformidade".

A Comissão sente também a necessidade de "melhorar a qualidade do pessoal docente e não docente", nomeadamente através da formação e da garantia de um "recrutamento de professores mais eficaz". Para a Comissão Europeia, "o ensino escolar é cada vez mais considerado um elemento essencial para garantir o desenvolvimento dos Estados-membros e alcançar os objectivos da Estratégia de Lisboa para o Crescimento e o Emprego."

Segundo dados de Bruxelas, actualmente, 24,1 por cento dos jovens (17,6 por cento de raparigas e 30,4% de rapazes) da União Europeia têm um desempenho fraco em literacia.

publico

Educação inaugura galeria para lembrar os seus quase 100 ministros

Foi em 1870 que foi criado o Ministério dos Negócios da Instrução Pública. Em 138 anos de história, quase uma centena de ministros (93 até agora) foram titulares da pasta da Educação. Os retratos de todos estão desde hoje expostos no átrio do Ministério da Educação (ME), na 5 de Outubro, em Lisboa, numa espécie de reconhecimento aos que com “saber, esforço e sofrimento ajudam a construir o futuro deste país”, justificou a actual ministra, Maria de Lurdes Rodrigues

A inauguração da “galeria dos ministros da Educação” realizou-se hoje e justifica-se ainda mais “num país que nem sempre é grato, que nem sempre tem boa memória e que é pessimista”, declarou Maria de Lurdes Rodrigues, num átrio cheio de ex-titulares da pasta e ex-secretários de Estado; o ambiente da reunião, com tantos abraços, saudades e recordações, fazia lembrar uma reunião de antigos alunos.

Coube a Veiga Simão (1970-74) descerrar os panos que cobriam os painéis, felicitar a ministra pela ideia simbólica que valoriza “o amor à pátria e a confiança no futuro” e desejar que o retrato de Maria de Lurdes Rodrigues só venha a integrar a galeria em 2009, no final do seu mandato.

Se assim for, Rodrigues entrará para a história da democracia como a ministra que mais tempo se manteve à frente da pasta. Dos 25 ministros que por lá passaram desde o 25 de Abril, só dois – Roberto Carneiro (1987-91) e Marçal Grilo (1995-99) – cumpriram o mandato. E será com “orgulho” que figurará na galeria onde estão outros governantes que não aguentaram mais do que uns meses, como foi o caso da sua antecessora, Maria do Carmo Seabra (2004-05).

Livro de experiências

Numa pasta particularmente difícil, que vive sob o escrutínio de milhões de pais, alunos e professores, são vários os governantes que descrevem como muito positivos os anos vividos no ME. Esses testemunhos estão compilados no livro “1962-2005, Quatro décadas de Educação”, também apresentado hoje, e que sintetiza as medidas de política educativa tomadas por cada um.

“Estive em quatro ministérios e o da Educação foi indiscutivelmente o mais gratificante”, recorda Guilherme d’Oliveira Martins (1999-2000), actual presidente do Tribunal de Contas. “O contacto permanente com as escolas, os professores, os alunos e a comunidade educativa é uma coisa que nos enriquece. Aprendi a conhecer melhor o país ao longo dos cinco anos que estive na Educação”, diz o ex-ministro, que assume a expansão da rede do pré-escolar como a medida mais estrutural e importante do seu mandato. Marçal Grilo, que manifestou o “gosto” que sempre sentia ao visitar as escolas, afirma que de todos os cargos que exerceu, foi à pasta da Educação que mais se dedicou.

Mas fica também a “frustração de não se conseguir fazer mais do que se fez”, lembra David Justino (2002-04), ministro da Educação de Durão Barroso e actual assessor do Presidente da República para os assuntos sociais: “O mais importante é conseguir superar este ambiente que se vive há muitos anos, de uma luta constante, como se a educação fosse um campo de batalha. Enquanto não se identificar um conjunto de políticas que possa unir as pessoas em vez de dividir, torna-se muito penoso o exercício do cargo.”

Ensino Especial: Alunos surdos poderão optar por escola oralista ou ensino bilingue

Porto, 03 Jul (Lusa) - Os encarregados de educação de crianças surdas poderão optar, já no próximo ano lectivo, se querem os seus filhos numa escola oralista ou num estabelecimento de ensino bilingue, cuja primeira língua será a gestual, anunciou hoje fonte oficial.

Segundo Filomena Pereira, directora de Serviços da Educação Especial do Ministério da Educação (ME), agora os "jovens surdos e as suas famílias podem optar entre seguirem o ensino oralista, frequentando a escola que entendam, da sua área de residência, ou então o ensino bilingue, que implica a organização de turmas com alunos surdos".

"Nunca como até aqui os alunos e as suas famílias puderam fazer as opções relativamente à forma como querem ser educados", frisou Filomena Pereira.

A responsável adiantou que, actualmente, o ME "está a trabalhar no sentido de organizar uma rede de escolas de referência ao longo do país" para o ensino bilingue.

Esta rede "está a ser estudada em função do número de alunos surdos e das opções que estão a ser tomadas pelos pais" das crianças portadoras desta deficiência.

"Os alunos poderão frequentar turmas de ouvintes ou turmas de surdos, conforme a sua opção", sustentou, garantindo que a escolha dos pais será "criteriosamente respeitada" e que as escolas de referência, "escolas-modelo para ensino bilingue", serão espalhadas por todo o país em função do número de alunos existente nas várias localidades.

Para que seja possível a frequência numa escola com ensino bilingue, o ME está já a formar uma centena de profissionais surdos.

Filomena Pereira realçou a importância desta formação, explicando que "a língua gestual como primeira língua tem que ser ministrada por uma pessoa que a tenha como língua materna".

Considerando esta opção "um grande salto qualitativo", a responsável referiu que a rede de escolas de referência será "muito brevemente" disponibilizada nos sites da Direcção Geral de Ensino Especial e das direcções regionais de educação.

Filomena Pereira disse que actualmente existem 878 alunos surdos desde o pré-escolar até ao secundário, sendo que 71 por cento destes frequenta a escolaridade obrigatória.

A directora falava aos jornalistas no âmbito da conferência internacional a decorrer hoje no Porto sobre o "Projecto Spread The Sign".

Este é um projecto-piloto financiado pelo Fundo Social Europeu, que conta com o apoio de seis equipas europeias, constituídas por surdos e ouvintes da Suécia, Espanha, Lituânia, República Checa, Reino Unido e Portugal.

O projecto teve como objectivo principal a construção de um dicionário multilingue para surdos, digital, on-line, que visa promover o acesso dos surdos ao mercado de trabalho europeu.

Através do acesso a este instrumento, que está disponível em www.spreadthesign.com, os surdos têm acesso a cerca de 2000 palavras e a um vídeo com a tradução em língua gestual.

O projecto, que está implementado desde Outubro de 2006, conta já com um "número imenso de utilizadores", afirmou a coordenadora nacional do "Spread The Sign", Orquídea Coelho.

A coordenadora salientou, contudo, que "o número de utilizadores portugueses é muito superior ao de todos os outros países juntos".

"Pensamos que a comunidade portuguesa sente que há um défice muito grande a esse nível. Enquanto nos outros países os surdos têm muitos apoios e escolas vocacionais, em Portugal apenas existe uma escola dessas, em Lisboa", justificou.

JAP.

Lusa/Fim

Escola Profissional da Nazaré arranca com quatro cursos

A criação da Escola Profissional da Nazaré, que tem já abertas as pré-inscrições para o ano lectivo 2008/2009, foi aprovada pelo Ministério da Educação, anunciou a Câmara Municipal local, uma das promotoras do novo estabelecimento de ensino.
Segundo a autarquia, o Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues assegura o financiamento dos cursos a ministrar na nova escola, que serão quatro no início - Técnico de Recepção, Técnico de Turismo, Gestão e Programação de Sistemas de Informação e Apoio Psicosocial.

Os cursos são dirigidos a jovens que tenham completado o 9º ano de escolaridade e procurem uma alternativa ao ensino secundário regular e conferem equivalência ao 12º ano de escolaridade.

O projecto de criação da Escola Profissional da Nazaré foi impulsionado por uma parceria entre a autarquia e diversas entidades ligadas ao ensino, designada «Nazaré Forma - Associação de Ensino e Formação», e o novo estabelecimento de ensino funcionará provisoriamente nas instalações do FOR.CET, cedidas pelo município ao Instituto Politécnico de Leiria.

Entretanto, na Nazaré está a funcionar também um núcleo da For-Mar (ex-Forpescas), com um curso que dá saída para a pesca marítima e a marinha mercante, além de outros cursos de iniciação, especialização ou progressão na carreira, nomeadamente de pescador, arrais de pesca local, condução de motores, electromecânica de refrigeração e climatização, segurança básica e segurança alimentar.

Diário Digital / Lusa

Carolina Michaëlis: Aluno prestará serviço comunitário

O aluno maior de 16 anos, responsável pelo vídeo do caso da Escola Secundária Carolina Michaëlis, onde uma aluna agrediu uma professora que lhe tentou tirar o telemóvel, aceitou a proposta do Ministério Público de suspender o procedimento criminal e prestar 40 horas de serviço à comunidade, que deverá acontecer numa corporação de bombeiros.
O Instituto de Reinserção Social já foi notificado da decisão e vai acompanhar o seu cumprimento. O aluno em causa foi também responsável pela publicação das imagens no site de partilha de vídeos na Internet, YouTube.

O Ministério Público conduziu os inquéritos de forma diferenciada, consoante a idade dos alunos e a sua imputabilidade, sendo que a aluna que agrediu a docente de Francês tem apenas 15 anos, portanto não é imputável criminalmente, pelo que o inquérito foi encaminhado para o Tribunal de Menores e Família de Matosinhos, que deverá deliberar as medidas a aplicar à jovem.

A entidade decidirá agora se a aluna deverá ser sujeita a procedimentos tutelares, como sugeriu o MP, podendo a decisão passar pela simples admoestação ou até pelo acompanhamento educativo, que permita o controlo de assiduidade e aproveitamento, não sendo esperado que o caso possa dar lugar à obrigação da jovem frequentar o ensino no regime fechado ou semiaberto.

DD

Caso Carolina Michaëlis segue para tribunal

O Ministério Público deu provimento à queixa da docente da Escola Secundária Carolina Michaëlis, no Porto, contra uma aluna que a terá agredido por causa de um telemóvel. O processo seguiu para o Tribunal de Menores e Família de Matosinhos - área de residência da jovem- que agora vai determinar qual a medida tutelar educativa a aplicar.

A pena poderá ir de uma simples admoestação até ao acompanhamento educativo.

O crime de tratamento abusivo e agressão sobre professora será agora analisado pelo Tribunal de Família e Menores de Matosinhos, mas a pena não deverá passar pelo internamento em estabelecimento de reinserção em regime fechado nem sequer em regime semi-aberto.

Patrícia, de 15 anos, já tinha sido alvo de medidas internas, tomadas pelo Conselho Executivo do estabelecimento de ensino onde ocorreram os factos e a Direcção Regional de Educação do Norte. A decisão foi a transferência de estabelecimento de ensino.

No segundo período lectivo, no Carolina Michëlis, a aluna obteve resultados negativos na maioria das disciplinas. Na nova escola, teve bom aproveitamento, devendo transitar para o 10.º ano, o que estava seriamente em risco no estabelecimento anterior.

O episódio que deixou o País chocado e relançou o debate sobre a violência na escola foi tornado público quando um colega de Patrícia colocou as imagens, gravadas por telemóvel noYou Tube (site de partilha de vídeos on-line), onde se via a aluna agarrada à professora de Francês a gritar várias vezes "Dá-me o telemóvel, já" e os restantes elementos do 9.º C a rir a fazer comentários.

Na sequência destes desacatos, ocorridos dois dias antes do final das aulas do segundo período, a professora, que tinha regressado este ano lectivo à docência, depois de ter estado requisitada por uma associação ligada ao Parlamento Europeu, apresentou baixa médica. Como está próxima da aposentação, provavelmente não voltará a leccionar.

A docente de Francês, para além da queixa contra Patrícia, apresentou ainda mais duas queixas: uma contra a turma na totalidade e outra contra dois alunos que já eram maiores de 16 anos, esta no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto.

Este caso levou a que o Procurador-Geral da República viesse a público apelar a que todos os que tivessem conhecimento de casos de violência ocorridos na escola os denunciassem em tribunal. Pinto Monteiro alertou ainda para a presença de armas no interior dos estabelecimentos de ensino. Denúncias que podem ser aferidas nos relatórios anuais da Escola Segura. No ano lectivo 2006/2007 foram detectadas 140 armas na posse de alunos nas escolas ou nas imediações e 64% das ocorrências com armas envolvem facas ou canivetes.

DN

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Maria de Lurdes Rodrigues à beira de igualar recorde na chefia do Ministério


Maria de Lurdes Rodrigues pode tornar-se na quinta ministra da Educação a ocupar a pasta por quatro anos desde 1962. Um recorde só conseguido no pós-25 de Abril por Roberto Carneiro e Eduardo Marçal Grilo.

Se resistir no cargo até às próximas eleições, em 2009, a actual ministra da Educação entrará num top restrito dos que sobreviveram na pasta um mandato. Desde 1962, só Inocêncio Galvão Teles e José Veiga Simão antes do 25 de Abril, Roberto Carneiro - do primeiro Executivo de maioria absoluta de Cavaco Silva - e Eduardo Marçal Grilo, também do primeiro governo de António Guterres - se mantiveram à frente da Educação durante quatro anos.

Nestes 46 anos, passaram pelo Ministério, além destes cinco ministros, 24 governantes. A maioria ocupou a pasta durante dois anos ou menos de um ano. Casos de João Deus Pinheiro, Couto dos Santos, Manuela Ferreira Leite, David Justino ou, na segunda situação, Guilherme de Oliveira Martins, Augusto Santos Silva, Júlio Pedrosa ou a antecessora da actual ministra, Maria do Carmo Seabra. Entre Maio de 1974 e Julho de 1976, o país conheceu seis ministros.

Todos os responsáveis pela Educação são hoje recordados no Ministério. O átrio do edifício, na 5 de Outubro, vai passar a ser uma galeria com fotos dos ministros. O ministério também publica hoje um livro sobre as "4 décadas da Educação".

A obra é uma compilação de testemunhos desde Inocêncio Galvão Teles até Maria de Lurdes Rodrigues. No total foram ouvidas as respostas de 28 ministros a seis perguntas: "Que imagem guarda da sua passagem pelo ministério da Educação"; "Durante o seu mandato, qual a sua visão para o Sistema Educativo?"; Que reformas gostaria de ter promovido e não promoveu?"; "As reformas que na altura entendeu por bem promover depararam com que tipo de dificuldades?"; "Quais as mudanças significativas que se verificaram durante o seu mandato?"; e "que outro ou outros temas, não contemplados nas perguntas anteriores, gostaria de abordar?". O JN teve acesso a dois depoimentos: o de Manuela Ferreira Leite e Roberto Carneiro.

A actual presidente do PSD guarda da sua "passagem pelo ME" "a imagem de um período de missão do serviço público", para o segundo ministro da Educação de Cavaco Silva (o primeiro foi João Deus Pinheiro entre 1985 e 1987) esse tempo (de 1987 a 1991) serviu para dar "um mergulho num Portugal real e profundo que só a Educação desvenda". "Conservo a infinita humildade do confronto sofrido e quotidiano entre a exiguidade de meios e a imensidão da tarefa educativa", defendeu o actual professor da Universidade Católica.

Ambos elegeram como "dificuldades" às suas políticas a "resistência à mudança". E, "em matéria de educação o tempo que se perde é irrecuperável", sublinha Ferreira Leite.

A líder social-democrata elegeu como medidas do seu legado: a introdução das provas globais; a obrigatoriedade de nota positiva a Matemática e a Português para transição de ano; a introdução do exame para efeitos de progressão na carreira de acesso ao 8º escalão; os primeiros acordos com autarquias e instituições de solidariedade para a constituição da rede do ensino pré-escolar. O "lançamento do ensino profissional, a criação da Universidade Aberta, das direcções regionais de educação e dos serviços de psicologia e orientação escolar" são algumas das medidas enumeradas por Roberto Carneiro.

Mas mais do que qualquer mudança, o antigo ministro frisou ter aprendido "com os actores concretos do terreno que a efectivação da reforma educativa é, no essencial, um estado de espírito e um milagre da animação que faz com que as pessoas acreditem no seu poder para levar por diante o progresso da educação em cada centro educativo".

Menos conciso, Roberto Carneiro deu ainda sugestões para "uma nova geração de políticas públicas": a restauração de uma cultura de confiança, o abandonar a ideia de mega-reformas, globais e legislativas e o reforço da autonomia das escolas.

Os ministros da Educação foram quase sempre os mais contestados dos seus executivos. Da PGA às propinas até ao atraso do início do ano lectivo de 2004/2005 por falha no sistema informático são muitos os motivos das conetstações. A reestruturação do 1.º ciclo, a introdução do programa Novas Oportunidades são algumas das marcas de Maria de Lurdes Rodrigues assim como a de ter recebido a maior manifestação do sector: levou 100 mil docentes à rua por causa do Estatuto da Carreira Docente.

Educação precisa de «reformas profundas», diz ex-ministro

O ex-ministro da Educação David Justino defende que Portugal continua a precisar de reformas profundas neste sector e alerta para a necessidade de as políticas terem estabilidade e continuidade, num livro com testemunhos de ex-ministros com esta pasta.
«Apenas direi que, ao contrário do que muitos defendem, a Educação em Portugal continua a precisar de reformas profundas e que o estado a que se chegou não se compadece com uma política de pequenos passo», escreve David Justino, ex-ministro da Educação no XV Governo Constitucional (Abril de 2002 a Julho de 2004), de Durão Barroso, num depoimento sobre o seu mandato no livro 4 Décadas de Educação, que será apresentado hoje à tarde.

«Mas para que tal surta um efeito positivo é necessário conferir estabilidade e sustentabilidade às opções de política educativa e continuidade às reformas empreendidas, independentemente de quem as decide e concretiza», salienta David Justino, actualmente conselheiro do Presidente da República para os Assuntos Sociais.

O livro 4 Décadas de Educação reúne depoimentos de vários titulares desta pasta, desde Inocêncio Galvão Telles (1962-1968) até outros mais recentes, como Manuela Ferreira Leite e Marçal Grilo, e é apresentado hoje no ministério da Educação com as presenças da actual ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, e de alguns dos seus antecessores.

Na altura será ainda inaugurada a Galeria dos Ministros da Educação.

No seu depoimento, a que a Lusa teve acesso, o ex-ministro do PSD destaca que o XV Governo Constitucional, a que pertenceu, tinha como «prioridade absoluta» a qualificação dos portugueses para superar «o atraso estrutural que o sistema de ensino projectava», com o lema «Mais e melhor educação para todos».

«A experiência ensinou-nos que ‘mais educação’ nem sempre é compatível com ‘melhor educação’, especialmente num contexto de crise económica e financeira», escreve o ex-ministro, acrescentando que «a afectação de recursos cada vez mais consideráveis criou na sociedade portuguesa uma incomodidade: a qualidade da educação não acompanhou o enorme esforço de financiamento que foi realizado».

Salientando que considera não ser o melhor avaliador das reformas que implementou no ensino, David Justino afirma que pretendeu formar «um Sistema Educativo mais descentralizado, diversificado nas formas de organização das escolas e pluralista na valorização dos diferentes modelos de ensino-aprendizagem», que «promovesse a autonomia das escolas e responsabilizasse civicamente as comunidades de base pelo futuro da educação».

A Lei de Bases que apresentou à Assembleia da República «previa a reorganização dos ciclos de ensino, a revisão do estatuto da carreira docente, a alteração do modelo de gestão das escolas e a maior articulação entre os sistemas de ensino e de formação profissional», temas que, na sua visão, «continuam a ser os principais pilares de uma reforma da Educação em Portugal».

David Justino salienta ter-se deparado especialmente com dois tipos de dificuldades: «as que resultam da conflitualidade político-corporativa que se institucionalizou no sistema de ensino de há muitos anos e as que decorrem da dualidade concepção-implementação».

«A Educação em Portugal tem, entre muitos outros problemas, um problema de governabilidade e de sustentabilidade das políticas educativas», destaca o ex-ministro sobre as dificuldades que teve de enfrentar ao implementar reformas, concluindo que «não chega [a um ministro ou candidato a ministro] ter boas ideias ou boas políticas».

José David Gomes Justino, docente universitário, investigador, especialista em Sociologia e Economia Históricas e ministro da Educação no XV Governo Constitucional (PSD), entre Abril de 2002 a Julho de 2004, é actualmente conselheiro do Presidente da República para os Assuntos Sociais.

Diário Digital / Lusa

Caiu tecto de escola nova


Nove meses depois de ter sido inaugurado, o Centro Escolar da Naia, em Maximinos, Braga, está novamente em obras. A cobertura tem revelado problemas e, ontem, a empresa construtora iniciou trabalhos de reparação, depois de na véspera ter caído uma estrutura metálica numa sala.




"Felizmente, foi a uma hora em que já não se encontravam crianças na escola", comentou o pai de uma aluna, alertando para o risco de acidente envolvendo crianças.

O problema foi desvalorizado pela coordenadora do centro e pelos responsáveis da ConstruBracara, apesar de reconhecerem a queda da estrutura e infiltrações de humidade, detectadas já após a inauguração da obra, no final de Setembro do ano passado.

Recreios vigiados evitam agressões


Mais do que uma prática condenável, o bullying começa a ser visto como um fenómeno que influencia a saúde e o desenvolvimento das crianças. Numa tese de doutoramento,a investigadora Sónia Seixas concluiu que as vítimas de bullying são as que têm "mais queixas de saúde e também mais probabilidade de desenvolver doenças do foro psicológico", como ansiedade e depressão. Já os agressores têm "elevada auto-estima e gostam de dominar os outros".


O bullying – violência física ou psicológica, intencional e repetida, praticada por um indivíduo ou grupo sobre outro incapaz de se defender – é um fenómeno que está a crescer em Portugal. Para Sónia Seixas, os dados são 'assustadores'.

A docente da Escola Superior de Santarém considera que a 'estratégia de intervenção' passa por avaliar a situação em cada escola, estabelecer regras de conduta e incentivar a supervisão por parte de adultos, sobretudo nos recreios. É também urgente 'romper com o pacto de silêncio' existente. 'Quando os agressores não confessam e as vítimas não se queixam, o que podemos fazer?'

À procura de resposta, um grupo de investigadores da Universidade Complutense de Madrid desenvolveu o IeSocio, programa informático para identificar potenciais vítimas de bullying através de testes sociométricos, usando fotografias dos alunos. 'Esta ferramenta é muito vantajosa, mas não chega; há todo um trabalho de equipa a fazer e a prevenção deve começar no Pré-escolar', salvaguarda a investigadora.

ANTIBULLYING

O IeSocio está disponível na internet (http://www.iesocio.es) e já foi testado com sucesso numa escola de Madrid.

O MEU CASO DAVID GOUVEIA: TORTURADO TRÊS MESES POR COLEGAS

Durante três meses, David Luís Gouveia sofreu em silêncio. Tinha 16 anos e era aluno do 9º ano na Escola EB 2,3 Dr. Daniel de Matos, em Vila Nova de Poiares, quando começou a ser vítima da chamada 'ida ao poste' – uma brincadeira perigosa em que um rapaz é atirado de pernas abertas contra uma árvore ou poste.

A tortura começou em Dezembro de 2005 e só terminou em Fevereiro de 2006 quando David não aguentou mais e contou aos pais que o levaram ao médico. O jovem apresentava lesões graves nos órgãos genitais e acabou por ser operado, tendo estado em risco de perder um testículo. 'Era sempre eu que ia ao poste. De vez em quando levavam outro colega, mas a mim era sempre', conta David, lembrando que o medo era tanto que no final de cada aula arrumava os cadernos à pressa para ser o primeiro a sair e fugir dos colegas.

'Na escola ainda me disseram que o culpado era eu', recorda. Os pais do jovem ponderaram apresentar queixa às autoridades, o que só não aconteceu 'porque se tratava de crianças'. Em Maio do ano passado, a situação voltou a repetir-se na mesma escola com uma criança de 11 anos.

CM

terça-feira, 1 de julho de 2008

ME anuncia novas regras de apoio a escolas de música

O Ministério da Educação (ME) estabeleceu novas regras de apoio financeiro às escolas de música do ensino particular ou cooperativo, com base no critério do custo anual por aluno.
Segundo uma nota do ME, «os estabelecimentos de ensino especializado da música da rede de ensino particular e cooperativo com autorização de funcionamento podem candidatar-se ao apoio financeiro a conceder pelo ME à frequência dos cursos de iniciação, dos cursos básico e secundário em regime articulado e dos cursos básico e secundário em regime supletivo».

A aprovação da comparticipação tem em conta a avaliação dos projectos apresentados pelas escolas por uma comissão e o cálculo do apoio financeiro contempla o critério do custo anual por aluno.

Entre as regras, é imposto que os alunos dos cursos de iniciação tenham pelo menos três horas semanais de formação e ainda que só serão admitidos para financiamento «os estudantes que concluam um curso básico de Música no período máximo de seis anos e os que concluam um curso secundário de Música no período máximo de quatro anos».

As escolas não podem cobrar propinas aos alunos abrangidos dos cursos básico e secundário em regime articulado e as mensalidades cobradas aos cursos de iniciação e aos cursos básico e secundário em regime supletivo não podem ser superiores ao valor da comparticipação financeira concedida pelo ME.

Segundo o ministério, as novas regras pretendem «garantir uma maior articulação entre o ensino artístico especializado e o ensino regular», tendo em vista «a reestruturação da rede de oferta do ensino artístico especializado», nomeadamente «o seu alargamento a um maior número de alunos, em condições de equidade».

Diário Digital / Lusa