quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Escola pós-25 de Abril chegou ao fim...


A escola que foi possível construir após o 25 de Abril de 1974, a escola que ficou conhecida como democrática, alicerçada em valores tais como a igualdade de oportunidades (de acesso) para todos, a democraticidade, a integração comunitária, a cidadania democrática, a liberdade e a justiça social, articulados com uma ideia de autonomia dos professores e das escolas (ideia, aliás, nunca concretizada nos planos político, educativo e organizacional), chegou ao fim e de um modo que, de certa forma, podemos considerar como surpreendente: este fim não anunciado foi concretizado por um governo que se afirma como (único?!) herdeiro do património democrático do país e defensor do que designa por escola pública democrática. A surpresa não está no facto de ser um governo que se afirma tributário do socialismo dito democrático, pois já possuímos abundantes exemplos, nacionais e internacionais, acerca do modo como os socialistas exerceram e exercem o poder no quadro da hegemonia ideológica neoliberal. A surpresa está no modo iluminado e, por consequência, autoritário, arrogante e inflexível como concebeu as mudanças em curso e o (curto) horizonte temporal definido para a sua aplicação no plano das escolas.
A leitura do Programa do XVII Governo Constitucional, no que à educação diz respeito, permite-nos, agora que nos encontramos próximos do fim da legislatura, perceber o alcance do mesmo, embora seja ilegítimo afirmar que as sucessivas medidas legislativas que todos conhecemos e que sufocaram as escolas em tão curto espaço de tempo, tenham sido objecto de legitimação através do voto popular. Todos sabemos que são poucos aqueles que têm como hábito estudar os programas dos partidos quando se submetem ao escrutínio do voto, assim como os programas de governo construídos na sua base. Mas nenhuma leitura do Programa em questão poderia antecipar o que ocorreu nos últimos três anos no campo da educação.
Como é hoje evidente, o consulado de Maria de Lurdes Rodrigues foi estruturado em torno de uma concepção de escola e de profissão que nos diz que a primeira seria um local de desperdício, de ineficácia e de ineficiência, e a segunda como um modo de afirmação de pessoas incompetentes, acomodadas e privilegiadas. Por outras palavras, as escolas seriam incapazes de educar adequadamente os alunos, não se preocupando minimamente com as suas aprendizagens e o seu desenvolvimento, e os professores uma espécie de mercenários que importava, rapidamente, colocar na «ordem». «Partir a espinha» aos professores terá sido a palavra de ordem (implícita ou explicitamente, interessa pouco) que orientou (e orienta) a prática deste triste consulado. Agora que nos encontramos próximos do seu fim, e independentemente do modo como será superado o radical antagonismo que opõe o Governo às escolas e aos professores, uma coisa parece certa: a escola que todos conhecemos e que edificamos nas últimas três décadas, chegou ao seu fim. Por isso, mais do que fazer de conta que se negoceia, seja o estatuto da carreira docente, a avaliação, o acesso à profissão, a escola a tempo inteiro, as novas oportunidades ou outro tópico qualquer, aquilo que importa é mobilizar as escolas (entendidas finalmente como interlocutores essenciais de qualquer processo de mudança estrutural da educação, dando significado ao conceito de autonomia) e os professores para um empreendimento ciclópico, é certo, mas necessário e urgente face ao estado a que se chegou: a concepção do que podemos designar por projecto de educação para o país, tarefa que nunca foi encetada entre nós de um modo explícito e que terá de ser concebida como central neste momento de transformação em que vivemos. O projecto neoliberal para a educação, centrado na ideia de avaliação externa das escolas e dos professores, no cheque-ensino e na liberdade de escolha parental das escolas, aí está em todo o seu esplendor argumentativo, à boleia da desastrada política do Governo apoiado pelo PS. A descentralização educativa e a consequente autonomia das escolas constitui, certamente, uma dimensão inelutável do futuro projecto para educação, mas sabemos que existem diferentes modos de o conceber, o que implica um sério debate no interior das escolas e da sociedade em torno da ideia de escola pública, de qualidade e democrática, orientada para o desenvolvimento das pessoas, afinal o único que verdadeiramente interessa.

Manuel António Ferreira da Silva

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ficha de Trabalho - Sistema Respiratório


Download 1 - Dropbox
Download 2 - Mega
Download 3 - Google Drive
Download 4 - Box

Aprender a ser


Não é ao título do famoso relatório coordenado por Edgard Faure, por encomenda da UNESCO e datado de 1972, que me quero referir com a colaboração que hoje aqui trago, embora reconheça que o texto em referência bem merecia uma revisitação, dada a sua actualidade em muitos aspectos, designadamente em alguns daqueles de que me vou ocupar de imediato.
A articulação entre a aprendizagem e o sentido da existência é hoje uma questão que poderá soar a muito boa gente como destituída de todo o interesse, seja qual for a dimensão que se considere para a analisar. Na verdade, a representação dominante que se aplica à questão da aprendizagem passa bem longe do sentido da existência se por tal expressão entendermos um juízo que relacione intencionalmente o processo de aprender como um modo integrado de desenvolvimento do próprio ser humano, assumido na sua unicidade experiencial. À medida que a escola foi ocupando todo o espaço «educativo» em nome de uma legítima e muito desejável igualdade de direitos, foi remetendo para o limbo das preocupações sociais e morais o problema da especificidade da relação pedagógica, essencial ao estabelecimento de uma comunicação significativa mercê da qual o aluno possa ser reconhecido na sua identidade real. Sem esse reconhecimento, que tornará possível a construção de um projecto pessoal em busca de uma identidade potencial desejada, a pessoa do aluno corre o risco de se ver reduzida apenas à simples condição de aluno, inevitável e permanentemente disputada entre o sucesso o fracasso. O desfecho só pode ser o agravamento das desigualdades reais, reforçando a escola à saída o que era suposto combater à entrada.
A este propósito, é muito pertinente reflectir no que diz algures F. IMBERT quando escreve que "efeitos devastadores, na escola, de situações repetidas de insucesso acabam por gerar uma renúncia ao ser e consequentemente ao conhecer". Ninguém contestará que o artífice decisivo na construção da ponte entre o ser e o conhecer é a pessoa do professor, embora se reconheça com toda a simplicidade que as condições em que hoje se trabalha nessa ponte comprometem seriamente a possibilidade de ligação. Todas as reflexões que se ocupam desta problemática pedagógica, centrada na pessoa do professor como mediador da construção do aluno, põem em evidência a importância do bem-estar pessoal e do equilíbrio emocional, indissociável da confiança profissional, como condição essencial daquela ligação. Ora, é justamente isso que está em causa quando se olha para o interior da profissão a partir dos efeitos das intervenções políticas e administrativas registadas nos últimos tempos sobre a carreira dos professores. As intensas movimentações profissionais, o seu carácter compacto e massivo, simultaneamente festivo e indignado, só podem significar que os professores sentem que a sua segurança psicológica e profissional está por um fio e por isso se justifica toda a resistência, mesmo que isso possa não corresponder, de facto, à realidade. Os tempos, que aí vêm, adivinham-se como sendo de intensa competição, calculismo, estratégia e concorrência. É tempo de cada cuidar de si, ciosamente.
Que tempo sobra, então, para a disponibilidade, para a cumplicidade, para a ponte com o aluno, enquanto pessoa em construção?

Manuel Matos

Constituição da Pangeia

Falha de St.André

Vídeo - Tectónica de Placas


Vídeo - Tectónica de Placas (Em Espanhol)


Vídeo - Deriva Continental


Conteúdo - Evolução da Pangeia

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Professor-agricultor


As linhas que se seguem são um excerto de uma entrevista dada por uma das melhores alunas do Ensino Secundário: "as notas não são uma medida muito precisa das capacidades e competências. Claro que os testes servem para avaliar se uma pessoa está ou não nervosa. Se a pessoa sabe está mais segura, tira melhor notas. Mas as coisas não funcionam sempre assim (?). Por vezes, os professores são muito maltratados e culpados de todos os males. E isso não é justo. Há pais que não têm a percepção de que os professores estão a fazer um serviço à comunidade. Alimentam a história de que os professores não fazem nada, trabalham meia dúzia de horas, ganham bem.
Estamos perante um pequeno retrato da vida de professor. Ser professor é sem dúvida complicado. Não fosse esta conjuntura socioeconómica, tenho a certeza de que muitos professores abandonariam a profissão (tal como aconteceu em Inglaterra há uns anos). Recentemente, alguém me descrevia umas das suas aulas do 5º ano de escolaridade: "enquanto escrevia no quadro, o aluno batia com as mãos na carteira, como se fosse um tambor. E continuou, mesmo depois de vários avisos?.e continuou? até ser expulso da sala de aula. E tive que o agarrar pelo braço, porque não queria sair. Mais tarde, outro atirava bolinhas de papel, soprando com a esferográfica. Até colocou um alvo na parede? de repente, já estavam a enviar SMS uns para os outros? São muitos alunos desinteressados? Assim é difícil."
A verdade é que a escola pouco mudou em termos organizacionais ? e muitos professores pouco mudaram as suas práticas ? e tem vivido uma fase de estratégias "top-down", que a tem enredado numa teia legislativa esquizofrénica, nem sempre proveitosa. Não é por acaso que o professorado costuma dizer que quem decide não tem a noção do que é uma sala de aula. Este desfasamento entre quem decreta e quem pratica na sala de aula leva-me a relembrar um colóquio sobre questões curriculares que assisti na Universidade do Minho. Uma professora universitária defendia acerrimamente o Portefólio como instrumento no processo de avaliação dos alunos. Depois de confrontada por vários professores do 3º Ciclo, que não consideravam essa ideia exequível tendo em conta o número de alunos a seu cargo (entre 150 e 180), a investigadora declarou inexplicavelmente o seguinte: compreendo-os? eu apliquei este instrumento numa turma de 25 alunos e não voltarei a repetir, na medida em que foi extremamente cansativo?
Cada vez mais um Homem dos sete ofícios, a quem muito se pede, o professor raramente é valorizado socialmente, não aparece nos telejornais, sobrevive na maioria das vezes no anonimato dentro da sala de aula, mas tem um poder inimaginável ? o poder de revolucionar a sociedade. O poder de regar e adubar, de mover e melhorar o mundo, porque trabalha com as sementes.
Apesar de se viverem momentos conturbados, vale a pena nunca baixar os braços e continuar a ser um Professor-agricultor (sempre com a enxada na mão, para se defender das possíveis agressões).


Miguel Gameiro Silva

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

2.º Festival de Escolas do Alentejo


A Direcção Regional de Educação do Alentejo, na continuação do projecto “Sons da Escola” promove, neste ano lectivo, a 2.ª edição do Festival de Escolas do Alentejo.
Este evento realizar-se-á no Coliseu José Rondão de Almeida, em Elvas, no dia 29 de Maio de 2010, a partir das 15h00, e pretende mais uma vez ser uma mostra do trabalho desenvolvido nas Actividades de Enriquecimento Curricular e no 2.º ciclo, ao longo do presente ano lectivo.


Para a realização deste projecto, as escolas participantes deverão, à semelhança do ano anterior, preparar uma actividade da sua autoria, numa das áreas envolvidas. O culminar deste dia de actividades será um concerto conjunto para apresentação de cinco obras, interpretadas pelos alunos participantes e pela Orquestra Filarmónica Juvenil da Associação Regional de Bandas Filarmónicas “Além Tejo Música”.
O reportório a executar com esta Orquestra Filarmónica (Faixas Áudio) está disponível para download nas seguintes ligações:
1 – ROCKIN RECORDERS (Flauta de Bisel Solo e Orquestra)
http://www.mediafire.com/?nxokltnyi0m

Partitura
2 – SLAPSTICK SHOW (Percussão Corporal e Orquestra
http://www.mediafire.com/?imzgq4imqzz
Partitura
3 – MY HEART WILL GO ON (Inglês) (Flauta de Bisel, Solistas, Coro e Orquestra)
http://www.mediafire.com/?w1wwgwym21e
Partitura
Letra
4 – I WILL SURVIVE (Inglês) (Solistas, Coro e Orquestra)
http://www.mediafire.com/?znmmzzjzzyh

Partitura
Letra
5 – Dó – Ré – Mi (Solistas, Coro e Orquestra)
http://www.mediafire.com/?wzre4wwixg4
Partitura
Ficha de inscrição
Cartaz do Festival
O apoio logístico do evento fica a cargo dos serviços da DREAlentejo, da Câmara Municipal de Elvas, da Associação Regional de Bandas Filarmónicas “Além Tejo Música” e ECM – Edições Convite à Música. Por isso, as escolas participantes deverão indicar, aquando da inscrição, o material de que necessitam para a sua actuação.
A ficha de inscrição deverá ser remetida, até ao dia 17 de Maio de 2010, para a Direcção Regional de Educação do Alentejo, Rua Ferragial do Poço Novo, n.º 22, Apartado 125, 7002-555 Évora.
Para esclarecimentos adicionais, contactar José Rui do Monte ou Fernando de Brito Vintém, através do telefone 266 757 900, extensões 3115 e 3121 ou pelos e-mails josé.monte@dreale.min-edu.pt ou fernando.vintem@dreale.min-edu.pt

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Legislação


Publicado em Diário da República
 
― Aviso n.º 1049-A/2010. D.R. n.º 10, Suplemento, Série II de 2010-01-15, doMinistério das Finanças e da Administração Pública - Gabinete do Ministro
Projecto de regulamento de extensão do acordo colectivo de trabalho n.º 1/2009 (acordo colectivo de carreiras gerais), publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 188, de 28 de Setembro de 2009.
 
― Despacho n.º 1110-A/2010. D.R. n.º 10, Suplemento, Série II de 2010-01-15, doMinistério das Finanças e da Administração Pública - Gabinete do Ministro
Despacho do acordo colectivo de carreiras e de entidades públicas.
 
― Despacho n.º 1175/2010. D.R. n.º 11, Série II de 2010-01-18, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Nomeia a mestra Maria Margarida Dias Pereira de Matos subdirectora-geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, do Ministério da Educação.
 
― Despacho n.º 1176/2010. D.R. n.º 11, Série II de 2010-01-18, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Nomeia para exercer o cargo de subdirector-geral dos Recursos Humanos da Educação, do Ministério da Educação, a licenciada Maria Helena Serol Mascarenhas.
 
― Aviso n.º 1100/2010. D.R. n.º 11, Série II de 2010-01-18, do Ministério da Educação - Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação
Concurso de recrutamento para o exercício de funções docentes de ensino português no estrangeiro.
 
― Despacho n.º 1264/2010. D.R. n.º 12, Série II de 2010-01-19, do Ministério da Educação
Aprova a lista de certificados e diplomas que permitem ao docente requerer a certificação de competências digitais.
 
― Resolução do Conselho de Ministros n.º 5/2010. D.R. n.º 13, Série I de 2010-01-20, da Presidência do Conselho de Ministros
Aprova a Iniciativa Emprego 2010, destinada a assegurar a manutenção do emprego, a incentivar a inserção de jovens no mercado de trabalho e a promover a criação de emprego e o combate ao desemprego.
 
― Portaria n.º 56/2010. D.R. n.º 14, Série I de 2010-01-21, do Ministério da Educação
Terceira alteração à Portaria n.º 550-D/2004de 21 de Maio, que aprova o regime de organização, funcionamento e avaliação dos cursos científico-humanísticos de nível secundário de educação.
 
 


 
Informações Gerais
 
― Sistema de Planeamento e Avaliação de Refeições Escolares (SPARE)
A Direcção-Geral da Saúde (DGS), a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), desenvolveram, no âmbito da Plataforma Contra a Obesidade, uma ferramenta informática para construção e análise de ementas escolares (SPARE).
A sessão de lançamento do SPARE teve lugar no dia 7 de Janeiro, quinta-feira, pelas 14h30, no Auditório da Galp Energia, em Lisboa.
Para mais informações: www.dgidc.min-edu.pt
 
― Programa Ruta Quetzal BBVA - Edicao de 2010 – El Misterio de los Caminos Blancos Mayas
O Programa Ruta Quetzal BBVA, patrocinado pelo grupo financeiro BBVA, com a colaboração da Junta de Castilla y Léon e da Universidade Complutense, atribui a Portugal, em 2010, duas bolsas para participação de jovens estudantes numa viagem de estudos e aventura, este ano dedicada ao tema El Misterio de los Caminos Blancos Mayas. A candidatura, incluindo a ficha de inscrição completamente preenchida e os referidos trabalhos, deverão ser enviados até ao dia 21 de Janeiro de 2010, para o Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação.
Para mais informações: www.gepe.min-edu.pt
 
― A Europa dos Resultados - Descobre a tua Europa
A Setepés - Projectos Artístico Culturais, Lda., concebeu e produziu as publicações 'Descobre a tua Europa', no âmbito do projecto 'A Europa dos Resultados', dirigidas a jovens do Ensino Secundário e Profissional e respectivos professores. O lançamento, programado para o dia 19 de Janeiro, procura dar a conhecer a União Europeia.
Para mais informação: www.rbe.min-edu.pt
 
― I Festival Internacional de Música da Juventude
A República da Eslováquia está a organizar o I Festival Internacional de Música da Juventude, que decorrerá entre 8 e 11 de Julho de 2010 na cidade de Bratislava, e que visa reunir jovens músicos provenientes de vários países do mundo, proporcionando-lhes uma experiência única, nos domínios artístico e cultural.
Para mais informação: www.drec.min-edu.pt
 
― 'Geração Móvel e Desafios' assinala Dia da Internet Segura
Com o objectivo de assinalar o Dia da Internet Segura, que se comemora a 9 de Fevereiro de 2010, a DREN, através do Gabinete de Gestão do PTE, convida todas as escolas a participar na iniciativa Geração Móvel e Desafios.
Para mais informações: www.dren.min-edu.pt
 
― Concurso de Pintura 'Paz e Amizade'
Concurso de pintura patrocinado pelo governo da República da Turquia, subordinado ao tema Paz e Amizade.
Os trabalhos seleccionados serão exibidos num barco que viajará de Estocolmo a Istambul, passando por Lisboa entre 9 de Setembro e 29 de Outubro 2010.
Para mais informação: www.drelvt.min-edu.pt
 
― Encontro Nacional do Projecto Educação para a Cidadania Democrática e para os Direitos Humanos (ECD/EDH)
A Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), em colaboração com o Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE), vai realizar o Encontro Nacional desse Projecto, no dia 26 de Janeiro de 2010, na Fundação Calouste Gulbenkian. A entrada é livre.
Para mais informações: sitio.dgidc.min-edu.pt
 
― Avaliação Externa das Escolas 2008-2009
O relatório da actividade “Avaliação Externa das Escolas 2008-2009” pode ser consultado em: www.ige.min-edu.pt
 
― 50 Anos de Estatísticas da Educação
A publicação “50 Anos de Estatísticas da Educação” (ensino não-superior) apresenta um conjunto de indicadores estatísticos demonstrativos da evolução do sistema educativo: taxa real de escolarização, número de alunos matriculados, número de professores, de educadores de infância e de estabelecimentos de ensino.
Para mais informações: www.min-edu.pt/
 
― “Conta-nos uma história”
A iniciativa “Conta-nos uma história” – Podcast na Educação é um concurso promovido no âmbito do Plano Tecnológico da Educação (PTE), através da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e do Plano Nacional de Leitura (PNL). O concurso, de âmbito nacional, dirige-se a todas as escolas de Educação Pré-escolar e de 1.º Ciclo do Ensino Básico. A candidatura é feita on-line até ao dia 15 de Fevereiro de 2010.
Para mais informações: sitio.dgidc.min-edu.pt


sábado, 6 de fevereiro de 2010

APEE Autismo - Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alunos com Perturbação do Espectro do Autismo


O Objecto

A APEE Autismo - Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alunos com Perturbação do Espectro do Autismo, também designada abreviadamente por APEE – Autismo, congrega e representa Pais e Encarregados de Educação de Alunos com Perturbação do Espectro do Autismo que frequentam as quaisquer escolas da rede publica e/ou privada do 1º, 2º, 3º Ciclo do Ensino Básico, Secundário e Jardim de Infância.

Fins e Competências

São fins da APEE – Autismo:

a) Promover a formação dos Pais e Encarregados de Educação, enquanto membros da comunidade educativa, habilitando-os ao cabal desempenho da sua missão de educadores;

b) Defender os interesses e direitos dos educandos consagrados na Constituição Portuguesa;

c) Intervir no estudo e resolução dos problemas respeitantes à educação dos alunos com PEA que se coloquem ao nível de Jardins-de-infância, Escolas, Agrupamentos de Escolas, Direcções Regionais de Educação, Autarquias e Ministérios;

d) Pugnar pela dignificação do ensino em todas as suas vertentes para estes alunos;

e) Fomentar actividades de carácter pedagógico, formativo, cultural, científico, social, desportivo e de integração;

f) Intervir, como parceiro social, junto de Autarquias, autoridades e outras instituições, de modo a possibilitar e facilitar o exercício dos direitos e o cumprimento dos deveres que cabem aos Pais e Encarregados de Educação;

g) Fomentar a colaboração efectiva entre todos os intervenientes no processo educativo, com finalidades convergentes ou complementares,salvaguardando a independência em relação a quaisquer organizações nacionais ou internacionais;

h) Representar os Pais e Encarregados de Educação de Alunos com PEA nas
Escolas, Agrupamentos, Autarquias e Ministérios;

i) Promover, divulgar e defender a implementação e o respeito pela Carta Europeia dos direitos e responsabilidades dos Pais e Encarregados de Educação;

j) Criar condições para a celebração de parcerias de âmbito cultural, científico e profissional.

Compete à APEE – Autismo:

a) Pugnar pelos justos e legítimos interesses das famílias na sua posição relativa à escola, à educação e à cultura;

b) Estabelecer o diálogo necessário para a recíproca compreensão e colaboração entre todos os parceiros educativos;

c) Promover o estabelecimento de relações com outras associações similares nacionais e internacionais ou suas estruturas representativas, visando a representação dos seus interesses e seus educandos junto de qualquer organização nacional ou internacional e junto de entidades governamentais nacionais ou internacionais.



Rua Nossa Senhora das Dores 111
4000-526 Porto
APEEAutismo@gmail.com

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

“OS DIAS DO DESENVOLVIMENTO” 2010


Dias 21 e 22 de Abril
Centro de Congressos da FIL - Junqueira

O Tema principal dos Dias do Desenvolvimento: “Cidadania e Desenvolvimento”

Os subtemas:
• Comunicação e Desenvolvimento
• Conhecimento, Capacitação e Transferência de Tecnologia
• Democracia, Estado de Direito, Segurança e Desenvolvimento.

O Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) irá realizar, nos dias 21 e 22 de Abril de 2010, a 3ª Edição de “Os Dias do Desenvolvimento” subordinada ao tema “Cidadania e Desenvolvimento”.

O evento que conta com a colaboração do Ministério da Educação, engloba exposições, conferências e seminários e permitirá o conhecimento e a divulgação das actividades da cooperação portuguesa com países em Desenvolvimento, em particular Países de Língua Oficial Portuguesa. Para além deste objectivo e considerando o público alvo desta iniciativa, os alunos/as dos ensinos básico e secundário e respectivos professores/as, pretende-se aproveitar os “Dias do Desenvolvimento” para envolver as crianças e os jovens num percurso orientado, composto por descobertas e pequenas actividades relacionadas com as diferentes iniciativas que têm sido desenvolvidas em prol de um mundo mais justo, equitativo e solidário.

Neste contexto, temos o prazer de convidar todas os alunos/as do ensino básico e ensino secundário, e respectivos professores/as, a participar neste evento através de visitas orientadas de forma a que os “Dias de Desenvolvimento” possam constituir uma actividade de Educação para o Desenvolvimento. Durante 90m pretendemos envolver os alunos na temática do Desenvolvimento, desafiando-as a participarem num percurso organizado com esse objectivo.

As visitas orientadas serão limitadas a 24. Decorrerão 4 visitas em simultâneo em cada horário, de acordo com os diferentes níveis de escolaridade (1.º ciclo, 2.º ciclo e 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário). Os percursos serão diferenciados de forma a incluir as diferentes entidades representadas nos stands.

Nesta edição, os professores irão dispor de um guia pedagógico, que será enviado antes da visita, para que possam orientar as suas turmas. Durante o percurso uma equipa de animadores, cujo papel é fazer a introdução à visita, irá dinamizar pequenas actividades, esclarecer dúvidas a meio do percurso e dinamizar um momento final de reflexão e discussão.

Às escolas que se inscreverem e que não tiverem lugar nas 24 visitas organizadas, será distribuído, também, um guia composto por 4 roteiros temáticos.

As inscrições deverão ser feitas até ao dia 20 de Fevereiro. Envie o formulário para: noemia.marques@pad.mne.gov.pt

Para mais informações, ou qualquer esclarecimento, contactar:
IPAD - Núcleo de documentação e Educação para o Desenvolvimento

Noémia Marques tel. 21 317 67 51

DGIDC - Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular através do endereço isabel.oliveira@dgidc.min-edu.pt
Brevemente será lançado um concurso no contexto deste evento, esteja atento aos sítios do IPAD e da DGIDC.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

As escolas mudaram… em que direcção?

Ninguém recusa a necessidade de promover mudanças substanciais no quotidiano das nossas escolas. Algumas mudanças podem ser dolorosas. No entanto, a dor, a angústia e a tensão vivida pelos docentes, ao longo destes últimos quatro anos, foi inútil.

Maria de Lurdes Rodrigues, a ministra da educação, está em final de mandato. Olhando, em retrospectiva, a obra de política educativa pela qual deu a cara parece assemelhar-se a um campo de pastoreio onde um inábil e sôfrego guardador de rebanhos foi ateando pequenos fogos que, a partir de um determinado momento, se transformaram num incêndio de proporções desmedidas. Um incêndio de uma grandeza tal que não é possível calcular o montante e o impacto real dos prejuízos que possa ter causado.

Ainda que sejamos obrigados a acreditar que tudo se renova, quanto mais não seja porque a desesperança é o pior dos males, somos obrigados, também, a interrogarmo-nos porque é que foi possível viver um tal pesadelo. Trata-se de uma reflexão obrigatória quanto mais não seja porque, no futuro, nos pode ajudar ou a precaver-nos de outras catástrofes idênticas ou a prever, de forma mais rigorosa, os seus contornos e o nosso contributo para as mesmas.

A deriva tecnocrática, sustentada por um voluntarismo insensato que uma maioria absoluta permitiu, é uma das imagens mais marcantes deste governo e deste ministério, sobretudo quando se compreende que tal deriva tecnocrática se transformou numa deriva autocrática. Uma deriva que é responsável pela reforma antecipada de tantos professores que pautaram a sua vida profissional pelo empenho e pela dedicação profissionais, publicamente reconhecidas. Uma deriva que está na origem, também, do profundo cansaço e desânimo que, hoje, se fazem sentir nos discursos dos docentes no activo, os quais se devem, em larga medida, quer à imposição de um programa de avaliação de desempenho que nada tem a ver com avaliação e com desempenho, quer devido à adopção de medidas políticas no domínio da administração e da gestão das escolas, através das quais se expressa tanto a desconfiança face aos modos de governação colegiais, como, subsequentemente, a valorização das atitudes de liderança autoritárias que, assim, são entendidas como uma solução a mobilizar para enfrentar os problemas com os quais se defrontam as escolas nos dias que correm. Parte-se do princípio que é a falta de autoridade nestes contextos que explica as eventuais insuficiências e vulnerabilidades das acções educativas que aí se promovem. Embora este raciocínio faça doer pela linearidade do mesmo, é em função dele que se sustenta a crença que faz depender a competência e a qualidade da acção profissional dos professores dos constrangimentos a que estes possam ser sujeitos pelos respectivos directores.

Ainda que ninguém possa recusar a necessidade de promover mudanças substanciais no quotidiano das nossas escolas ou possa deixar de reconhecer que estas mudanças serão sempre dolorosas, importa considerar, no entanto, que a dor, a angústia e a tensão vivida pelos professores, ao longo destes últimos quatro anos, foi inútil. Isto é, não se deveu, de facto, a um projecto de transformação das escolas suficientemente pertinente e credível, do ponto de vista da valorização de novas atitudes por parte dos docentes, de novas práticas pedagógicas ou de novos modos de relacionamento entre pares. Como a medida, recentemente anunciada, de tornar obrigatório o 12º ano de escolaridade o comprova, muita da governação a cargo da equipa liderada por Maria de Lurdes Rodrigues fez-se para ficar bem na fotografia, de forma a legitimar iniciativas, apaziguando alguns grupos de pressão que foram decisivos, pelo menos até dado momento, para que a ministra sobrevivesse incólume e, simultaneamente, tivesse cumprido a sua quota-parte no combate ao deficit, esse propósito já esquecido, em função do qual se justificou o processo de consolidação da lógica de mercantilização no âmbito da administração das instituições e dos serviços públicos. Só isto explica, aliás, a bonomia demagógica com que o Ministério da Educação não se distanciou da proposta do presidente da CONFAP quando este sugeriu a possibilidade das escolas passarem a estar abertas 12 horas, afirmando, por exemplo, que esta é uma questão que não lhe diz respeito.

Ainda que se possa parodiar a referida proposta, lembrando que se os alunos passando a estar tantas horas nas escolas deixa de fazer sentido haver associações de pais, porque, neste caso, os pais e as mães passam a ser os professores e os educadores que aí trabalhem, importa afirmar, finalmente, que esta é outra das razões que explica o mal-estar que grassa, hoje, entre os docentes. Um mal-estar que tem a ver com a ideia que esta equipa ministerial permitiu acalentar e acalentou, em função da qual a escola necessita de se afirmar como uma instituição de carácter social para poder cumprir o seu papel como instituição educativa. Uma proposta que, como todos adivinhamos, contribuirá, a prazo, para destruir a escola pública, sobretudo quando se hesita em compreender que uma escola cumpre as suas funções sociais, no momento em que cumprir as suas funções culturais e não no momento em que prescindir destas para poder responder àquelas.



Ariana Cosme
Rui Trindade



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Uma conciliação necessária na formação de professores


A recente exigência do grau de mestre – para além de uma licenciatura em educação - para a docência, só pode tornar-se oportuna e útil se a componente de investigação for genuinamente incorporada no 2º ciclo de formação (mestrado).

A legislação sobre os graus académicos e diplomas do ensino superior (DL.74/2006 alterado pelo DL 107/2008) estipula que «no ensino universitário (EU), o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre deve assegurar que o estudante adquira uma especialização de natureza académica com recurso à actividade de investigação, de inovação ou de aprofundamento de competências profissionais (art.º 18, 3)» enquanto no ensino politécnico (EP), o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre «deve assegurar, predominantemente, a aquisição pelo estudante de uma especialização de natureza profissional (art.º 18º, 4)». Mais adiante (art.º 20º, 1, b) refere que o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre integra «uma dissertação de natureza científica ou um trabalho de projecto, originais e especialmente realizados para este fim, ou um estágio de natureza profissional objecto de relatório final (…)».

No conjunto deste articulado são omissas referências explícitas à investigação nos mestrados no EP. Percepciona-se, mesmo que entendido como recomendação, que os mestrados realizados no EU devem ser, primordialmente, de natureza académica com recurso à actividade de investigação e, como consequência lógica, a 2ª parte do curso seria constituída por uma dissertação de natureza científica. Por outro lado, os mestrados no EP devem assegurar a aquisição de uma especialização profissional que, embora não excluindo uma dissertação, culmina num trabalho de projecto ou num estágio. À 1ª vista parecem ser orientações com sentido tendo em conta a natureza potencialmente profissionalizante das formações no EP. No entanto, podem sugerir que as formações, ao nível de pós graduação, para competências profissionais, podem ser feitas, com qualidade, sem investigação ou processos cientificamente fundamentados. Além disso, pode reforçar negativamente as naturais diferenças entre os dois subsistemas desvalorizando, no EP, a investigação enquanto elemento essencial de qualidade em qualquer deles. Em ambos é uma das pedras de toque de qualidade das formações especializadas, independentemente dos modos como nelas é incorporada. Não são as incidências em trabalhos de projecto ou estágios e respectivos relatórios, muito importantes no EP, que deles arreda a investigação. Nem é a subjectividade do discurso da lei que impedirá que, através de diversas metodologias e estratégias, ela tenha um lugar de destaque na realização das pós-graduações profissionalizantes.

Esta questão tem particular relevância na formação inicial de educadores e professores dos 1º e 2º ciclos, realizadas no EP e em algumas universidades.

A recente exigência do grau de mestre – para além de uma licenciatura em educação - para a docência, só pode tornar-se oportuna e útil se a componente de investigação for genuinamente incorporada no 2º ciclo de formação (mestrado). Para isso, percepcionam-se resistências mas também possibilidades. Uma das resistências decorre da excessiva antecipação, para arena da formação inicial, da tradicional representação do professor enquanto prático, valorizando-se o que supostamente resulta, de modo imediato, em qualquer cenário real de ensino. Tal representação tem implicações na concepção dos currículos e nas práticas de formação e supervisão. Estas são, com frequência, exclusivamente baseadas em modelos de «boas práticas», supostamente generalizáveis, observadas e textualmente reproduzidas, isentas de reflexões críticas. Tem sido frágil o protagonismo da investigação como prática ou como explicitação do observado e realizado nos estágios. A ultrapassagem desta resistência, depende dos modos como as instituições, os formadores e supervisores perspectivam a investigação na concepção e realização dos projectos e dos estágios. No núcleo das práticas parece indispensável colocar supervisores com formações, a nível de doutoramento, e percursos de investigação e de práticas reflexivas com qualidade, que permitam apoiar os futuros docentes (a) a tornarem-se investigadores dos seus contextos educacionais e das suas próprias práticas e (b) a conceber quadros de referência profissionais em que as perspectivas práticas e investigativas na docência sejam conciliadas através de atitudes e modalidades de investigação adequadas às diversas exigências dos contextos e sujeitos educativos.


Carlos Cardoso

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ficha de Trabalho - Exercícios de Aplicação sobre Rochas


Download 1 - Dropbox
Download 2 - Mega
Download 3 - Google Drive
Download 4 - Box


Professores consideram que rankings originam “julgamento público negativo” sobre a classe


Estudo analisa as percepções dos professores do ensino secundário sobre rankings de escolas

Em Agosto de 2001 era publicado, em Portugal, o primeiro ranking de escolas. Desde essa altura, os rankings passaram a ser publicitados todos os anos por vários meios de comunicação social e têm estado no centro de um intenso e polémico debate. Atenta a esta questão, Benedita Portugal e Melo, professora do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, conduziu um estudo através do qual procurou analisar a reflexividade simbólico-ideológica do debate mediatizado, mas sobretudo perceber os efeitos da sua publicação nas práticas profissionais dos professores. Intitulado “Os professores do ensino secundário e os rankings escolares - reflexos da reflexividade mediatizada”, o estudo será publicado em livro em Setembro deste ano. Nesta entrevista damos a conhecer, e antecipamos, algumas das conclusões que resultaram deste trabalho de investigação.

O que a levou a avançar com este trabalho?

Este trabalho constitui o objecto de estudo da minha tese de doutoramento. Nessa altura, em 2003, os rankings escolares eram ainda um tema pouco familiar à maioria dos professores do 12º ano e não tinham sido sistematizados pelos meios de comunicação social. Além disso, e apesar das inúmeras reflexões mediatizadas que se iam produzindo em torno deles, os rankings não tinham sido ainda alvo de qualquer estudo científico que analisasse as consequências da sua publicação nas práticas organizacionais e pedagógicas dos docentes do ensino secundário.

Ao mesmo tempo, este era um tema que me interessava também como material pedagógico - os meus alunos colocavam-me variadas questões em torno dos rankings, nomeadamente o seu efeito nas práticas dos professores -, tendo procurado, através do debate que era produzido nos jornais, em particular no Público, explicar-lhes o contexto ideológico que estava por trás da produção e da defesa dos rankings. Por estas razões, e porque as minhas áreas de interesse cruzavam a Sociologia da Educação com a Sociologia da comunicação, decidi avançar para este trabalho.

Que metodologia utilizou?

O trabalho de campo decorreu ao longo de 2005, tendo sido pedido a 85 professores do 12º ano de escolaridade que manifestassem as suas opiniões sobre os rankings escolares relativos a 2001, 2002, 2003 e 2004. Os docentes eram oriundos de seis escolas secundárias situadas em diferentes regiões, ilustrando as disparidades socioeconómicas, culturais e geográficas do país. Estas escolas, aliás, ocupavam posições muito diferentes nos rankings escolares, uma invariavelmente nos primeiros lugares; outras nos últimos lugares; as restantes em posições intermédias.

O que evidenciaram os resultados que recolheu?

O inquérito mostrou que 57,6 por cento dos professores inquiridos discordam da publicação anual das listas que ordenam, por escola, as classificações dos exames de 12º ano, ao passo que 42,4 por cento afirmou concordar com a sua publicação. De uma maneira geral, porém, diria que os rankings escolares não são percepcionados pela maioria destes professores como um meio de dar a conhecer publicamente os resultados da sua competência pedagógica e permitir-lhes recuperar a auto-estima.

Na realidade, os critérios de justiça que passaram a regulamentar as práticas lectivas dos professores e que estes valorizavam poderão estar em causa desde que passaram a ser alvo deste tipo de avaliação pública. A questão passará justamente pelo facto de muitos docentes considerarem que não é o produto das suas práticas que é alvo de uma avaliação pública, mas os resultados que os alunos obtêm nos exames.

Neste sentido, mais de metade dos professores entrevistados entende que os rankings escolares originam um julgamento público negativo sobre eles. Aliás, é bastante mais significativo o número de inquiridos que considera que a acção de todos os professores do ensino secundário público é avaliada negativamente (20,2%) do que aqueles que apenas remetem esta emissão de juízos de valor para os docentes que leccionam nas escolas pior posicionadas (13,8%). Embora alguns destes professores também entendam que esta avaliação da opinião pública se dirige igualmente aos alunos que frequentam o ensino público (11,7%), têm a percepção de que é sobretudo a imagem do seu trabalho que está em causa. A consciência que evidenciam sobre a possibilidade de os rankings escolares terem acentuado a emergência de um mercado escolar é revelada por 18,2 por cento dos inquiridos.

Quais são os argumentos daqueles que se mostraram favoráveis à publicação dos rankings?

Nas justificações dadas pelos inquiridos que são a favor da publicação dos rankings escolares, é possível detectarem-se argumentos próximos das concepções que os entendem como um meio capaz de medir a qualidade do ensino ministrado nos diferentes estabelecimentos escolares, expressos em afirmações como “é sempre uma forma de tomar conhecimento da realidade global do ensino em Portugal” ou “é uma forma de comparação de resultados que considero bastante válida e, por vezes, dá para inferir conclusões quanto aos critérios de avaliação utilizados nas escolas”.

Confrontados com uma retórica que acentua a necessidade de os professores desenvolverem um serviço de qualidade com vista aos interesses dos utentes da escola, estes docentes parecem ter incorporado o discurso dos produtores de opinião que entendem que os rankings escolares produzem informações objectivas e fidedignas sobre a realidade educativa nacional.

Outras perspectivas associam-se a estas mas, apesar de traduzirem o mesmo espírito, mostram-se mais críticas, na medida em que colocam reservas ao processo de elaboração dos rankings escolares. Um outro conjunto de docentes revela-se mais preocupado com a utilização que deveria ser feita dos rankings, defendendo que estes deveriam ser aproveitados para se promover a melhoria do sistema educativo público.

E aqueles que discordam, o que dizem?

A grande maioria dos inquiridos que não concorda com a publicação dos rankings de escolas desconsidera precisamente os critérios “objectivos” que presidem à sua elaboração, entendendo que estes não são adequados para reflectir publicamente a qualidade do seu trabalho e o dos seus pares. Todavia, tal como os professores que concordam com a publicação dos rankings, parte dos inquiridos que apresentam uma opinião oposta não deixa de considerar que estão sujeitos a um julgamento público, porventura mais acentuado devido à existência de um mercado escolar atento aos resultados dos rankings.

Na opinião de outros docentes, o problema deste julgamento público reside justamente no facto de os rankings escolares reflectirem uma imagem errónea da actividade que é realizada nas escolas secundárias públicas. Nesta ordem de ideias, rejeitam a realização de uma hierarquização profissional produzida a partir do exterior da escola, que percepcionam como profundamente penalizadora e injusta.

Ao criticarem os critérios de elaboração dos rankings e ao não considerarem importante o lugar ocupado pela sua escola naquelas listas, outros docentes não só manifestam a sua discordância perante a ordenação e hierarquização do mundo escolar em torno dos valores da eficácia e da produtividade, como ainda denunciam os seus efeitos perversos, isto é, o facto de estes poderem gerar dissonâncias que ameaçam a função democratizadora da escola e o favorecimento de práticas de ensino instrumentalizadas e mercantilizadas.

Em síntese, os dados que estas listagens apresentam não só não traduzem a complexidade do trabalho escolar e o conjunto de dimensões que o envolvem, como inclusivamente ocultam o papel dos factores sociais e culturais no insucesso escolar, aspecto salientado por muitos docentes quando mencionam o facto de os rankings não terem em atenção estas variáveis.

Que tipo de efeitos produzem os rankings escolares nas práticas profissionais?

O facto de a maioria dos professores percepcionarem os rankings escolares como meios que produzem um julgamento público sobre o mundo escolar em geral, e sobre o seu desempenho, em particular, não é condição suficiente para que estes tenham alterado significativamente as suas práticas profissionais quotidianas. Na verdade, apenas 22,4 por cento dos inquiridos assumiram que a publicação dos rankings escolares influenciou o modo como passaram a leccionar.

O processo de recepção das mensagens mediáticas é um processo de “negociação do significado” no qual interferem diversas variáveis. A falta de credibilidade e confiança que os docentes atribuem aos critérios que presidem à elaboração das listas ordenadas das escolas, por um lado, e o facto de ideologicamente defenderem a realização de uma avaliação multidimensional que integre os aspectos qualitativos da realidade educativa, por outro, explicarão porque motivo a grande maioria dos inquiridos não alterou as suas práticas pedagógicas.

Um outro factor poderá, para além disso, ajudar a explicar porque razão uma parte significativa dos docentes não alterou as suas práticas lectivas: muito simplesmente porque estas já visavam o objectivo exame e já tinham em atenção as diferenças entre as notas obtidas na frequência e as notas dos testes nacionais.

Os rankings escolares parecem, assim, ter sobretudo influenciado a forma como os professores passaram a avaliar os seus alunos. A valorização da avaliação aferida dos desempenhos dos alunos em detrimento da avaliação formativa constituirá a consequência mais evidente da adopção destas práticas. O risco de a multiplicidade de olhares sobre os alunos se ir reduzindo e de estes passarem apenas a ser representados como meros reprodutores de conhecimento torna-se então bastante provável, como, aliás, o reconheceram alguns professores.

Os efeitos são mais visíveis nas práticas organizacionais?

Sim, penso que os dados obtidos permitem concluir que os rankings escolares já foram assumidos pelos professores, e pelas próprias escolas, no sentido de interferirem nas práticas organizacionais dos estabelecimentos de ensino. O grau de atenção que é dedicado aos rankings em cada escola é, porém, muito diverso, dependendo de factores tão diversos como a credibilidade que é conferida aos próprios rankings escolares pelos membros dos conselhos executivo e pedagógico, pelos restantes professores e mesmo pela situação de concorrência no mercado escolar vivenciada por algumas escolas. Neste sentido, 37,5 por cento dos inquiridos referiram, por exemplo, que os rankings levaram à adopção de estratégias específicas que permitissem à sua escola melhorar os resultados obtidos nos exames de 12º ano.

Entrevista conduzida por Ricardo Jorge Costa

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O ensino das artes é um problema com três pês


É preciso que a Educação seja encarada de forma transdisciplinar, de forma inclusiva e com metodologias eficazes a desenvolver a partir de opções de fundo que conduzam os jovens por um caminho de crescimento harmónico e cultural que consagre valores universais e direitos individuais.

A função das Expressões Artísticas nos curricula e no quotidiano real das escolas tem sido considerada segundo diferentes pontos de vista e, por isso, sofrido alterações bastante oscilantes nos últimos cem anos.

Para uns, a Arte nas escolas regulares funcionará apenas como um placebo. Para colmatar a doença que a Escola arrasta atrás de si há vários anos, muitos responsáveis pela educação forjam programas de índole artística em actividades super-extracurriculares, esquecendo a necessidade de formação dos professores especialistas e dos docentes generalistas e ainda o facto de as diversas expressões fazerem parte do desenvolvimento global de cada ser humano e deverem estar integradas em qualquer aprendizagem. A placeboterapia é bastante desapropriada neste contexto. Se é possível curar um doente de qualquer doença pressuposta ou real com um medicamento sem qualquer acção farmacológica, já em educação não é possível fazer de conta; mesmo quando se joga, a simulação tem um fim educativo; ainda que em jeito de brincadeira, é sempre uma realidade que pretende desenvolver a capacidade de iniciativa, a criatividade, a inteligência emocional.

Outros há que, não acreditando nas expressões na escola como algo que enriqueça a formação dos estudantes futuros cidadãos do mundo, as vêem como algo que serve para acalmar, um tratamento que, sem curar, consegue aliviar as dores de que “médicos”, “pacientes” e, sobretudo “directores de hospitais” tanto vão padecendo actualmente. As artes como um paliativo. Paliar: disfarçar, encobrir, remediar provisoriamente. Acrescenta-se mais uma coisinha, oferece-se um órgão musical, toma-se uma medida que até parece correcta; é a ideia de que as artes - mais do que o valor que possam ter por si mesmas, integrando faculdades físicas, intelectuais e criativas, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo segundo perspectivas únicas impossíveis com outros meios educativos e para a reinvenção da humanidade cada vez mais urgente neste espaço de neo-botas-de-elástico - servem unicamente de “trampolim” para aprendizagens de disciplinas ainda, reaccionariamente (por que não dizê-lo?) consideradas mais “bem-nascidas”.

No meio de toda esta confusão surgem aqueles para quem as artes resolveriam tudo em educação. A Educação pela Arte, que Herbert Read tão bem defendeu (como outros, antes e depois), se encarada de uma forma absoluta e por isso reducionista, pode acabar por ser bastante paradoxal. Vista como panaceia (remédio para tudo) que vai fazer com que dos indivíduos irradiem potencialidades e possam desenvolver todas as suas múltiplas inteligências corre o risco de não subsistir. Damásio refere que a presença do cognitivo em detrimento do emocional é uma das causas do declínio das sociedades contemporâneas. Creio que é preciso que a Educação seja encarada de forma transdisciplinar, de forma inclusiva e com metodologias eficazes a desenvolver a partir de opções de fundo que conduzam os jovens por um caminho de crescimento harmónico e cultural que consagre valores universais e direitos individuais.

Estes três “pês”, placebo, paliativo e panaceia, poderiam surgir como estratégias, de acordo com determinados contextos escolares. Muito do que a nível cultural se vivenciar nas escolas passará por parcerias com actores locais. O mais difícil é fazer evoluir a cultura e as mentalidades, sobretudo de governantes de verdade absoluta engolida; é em nome do povo que se tomam certas medidas, como o desprestigiar e encurtar cada vez mais a carga horária das expressões no currículo do Ensino Básico Português, de forma a que nem todos venham a ter na sua educação (sem terem que ter uma carreira artística) poesia, música, drama, dança, plástica, ou outras vertentes artísticas? Estamos a falar de curriculum regular para um povo que também tem direito a solfejar como os pássaros livres, a pintar aguarelas que atravessam os pensamentos, a esculpir imagens do futuro, a dançar alegrias rodopiantes, a tocar motivos do quotidiano em sons de cores variadas e a construir castelos de palavras; porque queremos ter bons artistas, mas também pretendemos que eles se sintam em casa, compreendidos e amados pelo seu público. Essa aprendizagem básica e integrada deve fazer parte, também, das principais reivindicações dos professores portugueses. Um país deve abrir muitos caminhos e não ter medo da imaginação, da criatividade e da liberdade que daí advêm. Portugal merece-o e precisa de erguer essa bandeira, para ter o seu lugar na Europa e no Mundo.



Rafael Tormenta