Os crimes de ofensa à integridade física no exterior das escolas aumentaram 40% no último ano lectivo, ultrapassando os roubos e furtos. Contabilizadas todas as ocorrências, só a PSP registou cerca de três mil crimes.
Ao contrário da tendência dos últimos seis anos, "as agressões transformaram-se no crime com mais peso estatístico, registando um aumento de 40 por cento, que vão desde o empurrão até agressões em que as vítimas tiveram de receber tratamento hospitalar", disse à Agência Lusa o subintendente Luís Elias.
Por outro lado, acrescentou, "os roubos no perímetro exterior das escolas diminuíram 17 por cento e os furtos estabilizaram".
As zonas do país mais problemáticas são a Área Metropolitana de Lisboa, com 40 por cento dos ilícitos criminais registados junto das escolas, a Área Metropolitana do Porto, com 24 por cento, e Setúbal, com 6 por cento, discriminou a Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em todo o país, são 328 os agentes da PSP ao serviço do programa "Escola Segura", que, durante o período escolar, tentam manter a calma nos arredores de mais de três mil estabelecimentos de ensino. Nas escolas mais problemáticas, têm instruções para sair do carro e falar com os responsáveis da escola. Nas outras, muitas vezes, basta passar.
O subintendente Luís Elias sublinha que, na globalidade, "as ocorrências registadas pela PSP não aumentaram entre 2006/2007 e 2007/2008", atribuindo este facto ao trabalho das equipas do programa "Escola Segura", criado numa parceria entre os Ministérios da Administração Interna e da Educação e que envolve tanto a PSP como a GNR.
Num país com mais de um milhão e meio de alunos, os crimes registados permitem ao subintendente afirmar que "há um nível de segurança bastante bom, apesar de existirem fenómenos pontuais". No passado ano lectivo registaram-se cerca de 3.000: um em cada três dizia respeito a crimes de ofensa à integridade física.
"A diminuição de roubos aumentou o sentimento de segurança nos membros da comunidade escolar", garantiu o subintendente, lembrando que nestes crimes são "muitas vezes usadas armas brancas, sendo raro o uso de armas de fogo".
Luís Elias aconselha os mais novos a não usar de forma "ostensiva" os telemóveis de última geração, os Ipod, MP3 e até os ténis de marca. Na discrição pode estar a diferença entre ser ou não a vítima. Certo é que são os alunos mais novos, que fazem o percurso casa-escola sozinhos, e que optam por zonas pouco iluminadas ou abandonadas, que se transformam nas presas fáceis para quem precisa de arranjar algum dinheiro rápido.
De acordo com as informações recolhidas pela Polícia, os agredidos são pré-adolescentes entre os 8 e os 14 anos e os agressores são jovens entre os 13 e os 19 anos. Normalmente, as vítimas são estudantes e os agressores ex-alunos, que abandonaram o ensino antes do tempo e que se aproximam da escola "porque têm lá amigos ou vizinhos".
Mas há também jovens que desempenham simultaneamente os dois papéis, sendo vítimas dos mais velhos e agressores dos mais novos. "São crianças com um perfil agressivo-passivo que não conseguem lidar com o facto de serem agredidos, porque se sentem rebaixados e humilhados. Por isso, tornam-se também agressores, como forma de aumentar a sua auto-estima", explicou à Lusa a psicóloga Joana do Carmo, da Associação Nacional de Professores (ANP).
No passado ano lectivo, a ANP manteve durante um mês uma linha de apoio a pais e alunos. Nos 22 dias úteis em que esteve a funcionar chegaram 19 pedidos de ajuda. A maioria eram casos de 'bulling' - crianças vítimas continuadas de agressões físicas ou verbais.
A psicóloga Joana do Carmo alerta para a importância de uma intervenção precoce junto destas crianças, caso contrário os traumas prolongam-se até à vida adulta. Jovens com uma auto-estima muito baixa que não aprendem a lidar com os problemas, nem a fazer amigos, podem "ter dificuldades de adaptação quando chegam ao local de trabalho, transformando-se em profissionais queixosos que nunca estão bem".
Apesar da exposição mediática, "o 'bulling' nas escolas tem vindo a diminuir nos últimos anos", garantiu à Lusa Gina Tomé, investigadora da equipa do Aventura Social e Saúde, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa, que desde 1998 realiza de quatro em quatro anos um estudo sobre "Violência nas Escolas: Vítimas, Provocadores e Outros".
Sílvia Maia
Ao contrário da tendência dos últimos seis anos, "as agressões transformaram-se no crime com mais peso estatístico, registando um aumento de 40 por cento, que vão desde o empurrão até agressões em que as vítimas tiveram de receber tratamento hospitalar", disse à Agência Lusa o subintendente Luís Elias.
Por outro lado, acrescentou, "os roubos no perímetro exterior das escolas diminuíram 17 por cento e os furtos estabilizaram".
As zonas do país mais problemáticas são a Área Metropolitana de Lisboa, com 40 por cento dos ilícitos criminais registados junto das escolas, a Área Metropolitana do Porto, com 24 por cento, e Setúbal, com 6 por cento, discriminou a Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em todo o país, são 328 os agentes da PSP ao serviço do programa "Escola Segura", que, durante o período escolar, tentam manter a calma nos arredores de mais de três mil estabelecimentos de ensino. Nas escolas mais problemáticas, têm instruções para sair do carro e falar com os responsáveis da escola. Nas outras, muitas vezes, basta passar.
O subintendente Luís Elias sublinha que, na globalidade, "as ocorrências registadas pela PSP não aumentaram entre 2006/2007 e 2007/2008", atribuindo este facto ao trabalho das equipas do programa "Escola Segura", criado numa parceria entre os Ministérios da Administração Interna e da Educação e que envolve tanto a PSP como a GNR.
Num país com mais de um milhão e meio de alunos, os crimes registados permitem ao subintendente afirmar que "há um nível de segurança bastante bom, apesar de existirem fenómenos pontuais". No passado ano lectivo registaram-se cerca de 3.000: um em cada três dizia respeito a crimes de ofensa à integridade física.
"A diminuição de roubos aumentou o sentimento de segurança nos membros da comunidade escolar", garantiu o subintendente, lembrando que nestes crimes são "muitas vezes usadas armas brancas, sendo raro o uso de armas de fogo".
Luís Elias aconselha os mais novos a não usar de forma "ostensiva" os telemóveis de última geração, os Ipod, MP3 e até os ténis de marca. Na discrição pode estar a diferença entre ser ou não a vítima. Certo é que são os alunos mais novos, que fazem o percurso casa-escola sozinhos, e que optam por zonas pouco iluminadas ou abandonadas, que se transformam nas presas fáceis para quem precisa de arranjar algum dinheiro rápido.
De acordo com as informações recolhidas pela Polícia, os agredidos são pré-adolescentes entre os 8 e os 14 anos e os agressores são jovens entre os 13 e os 19 anos. Normalmente, as vítimas são estudantes e os agressores ex-alunos, que abandonaram o ensino antes do tempo e que se aproximam da escola "porque têm lá amigos ou vizinhos".
Mas há também jovens que desempenham simultaneamente os dois papéis, sendo vítimas dos mais velhos e agressores dos mais novos. "São crianças com um perfil agressivo-passivo que não conseguem lidar com o facto de serem agredidos, porque se sentem rebaixados e humilhados. Por isso, tornam-se também agressores, como forma de aumentar a sua auto-estima", explicou à Lusa a psicóloga Joana do Carmo, da Associação Nacional de Professores (ANP).
No passado ano lectivo, a ANP manteve durante um mês uma linha de apoio a pais e alunos. Nos 22 dias úteis em que esteve a funcionar chegaram 19 pedidos de ajuda. A maioria eram casos de 'bulling' - crianças vítimas continuadas de agressões físicas ou verbais.
A psicóloga Joana do Carmo alerta para a importância de uma intervenção precoce junto destas crianças, caso contrário os traumas prolongam-se até à vida adulta. Jovens com uma auto-estima muito baixa que não aprendem a lidar com os problemas, nem a fazer amigos, podem "ter dificuldades de adaptação quando chegam ao local de trabalho, transformando-se em profissionais queixosos que nunca estão bem".
Apesar da exposição mediática, "o 'bulling' nas escolas tem vindo a diminuir nos últimos anos", garantiu à Lusa Gina Tomé, investigadora da equipa do Aventura Social e Saúde, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa, que desde 1998 realiza de quatro em quatro anos um estudo sobre "Violência nas Escolas: Vítimas, Provocadores e Outros".
Sílvia Maia
Sem comentários:
Enviar um comentário