O vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) responsável pela área da Educação, António José Ganhão, está convencido de que a desertificação dos concelhos do interior do país continuará a acentuar-se, com ou sem escolas.
«A escola por si só não é um factor essencial de atractividade dos municípios do interior do país», afirmou à Agência Lusa, acrescentando que, contudo, «a não existência de escolas é um contributo para a falta de atractividade».
Na opinião do autarca de Benavente, a desertificação está sobretudo relacionada com a falta de emprego e com a subsistência das famílias, que já não estão dispostas «a trabalharem 16 horas por dia no campo para andarem com a barriga mal cheia».
«Sem famílias, houve a diminuição da população escolar e a consequência é a que assistimos: escolas com um ou dois alunos», lamentou.
António José Ganhão disse que a leitura dos últimos censos «não deixa dúvidas» de que a desertificação se acentuará com ou sem escolas «se não houver projectos de desenvolvimento para o interior», sublinhando, a este respeito, a importância que podem ter os Planos Regionais de Ordenamento do Território.
Está convencido de que a captação de investimentos para o interior do país poderia atrair os jovens, que se fixariam e aí teriam os seus filhos, voltando a haver crianças para encher as escolas.
Ainda que considere que as aldeias sem escolas «são muito tristes para quem lá vive, porque as crianças representam alegria e vida», admitiu que, do ponto de vista pedagógico, «há que perceber e aceitar que não é bom para uma criança viver numa comunidade escolar diminuta».
Isto porque, justificou o autarca, uma criança além de não ter acesso a «ferramentas» hoje consideradas essenciais para a sua formação, como as bibliotecas e as novas tecnologias, «do ponto de vista da sociabilidade teria mais dificuldades em integrar-se» nos níveis superiores de ensino.
António José Ganhão lembrou que «as autarquias do interior do país têm feito tudo o que é possível para evitar a saída da população».
«Desde oferecerem terrenos para a instalação das empresas, a darem subsídios de nascimento ou a chamarem famílias do Brasil para aumentarem a população, tudo têm feito. Mas estes esforços não têm tido as compensações necessárias», acrescentou.
Ter escolas abertas «a qualquer custo» nunca foi a intenção, por exemplo, do presidente da Câmara de Sernancelhe, um concelho situado no Norte do distrito de Viseu, que, apesar de ter 17 freguesias em perto de 230 quilómetros quadrados, deverá ter no próximo ano lectivo apenas 228 crianças no primeiro ciclo do ensino básico, divididas por três pólos escolares e uma escola.
José Mário Cardoso (PSD) defende que, «se tiver qualidade, o ensino é uma forma de ajudar a combater a desertificação», quer seja o ensino básico, quer os outros níveis.
O autarca considera que a transferência de competências para as autarquias nesta área poderá levar a uma «revolução», com resultados positivos, em concelhos pequenos como o de Sernancelhe.
«Se as autarquias forem responsáveis e responsabilizadas pela qualidade do seu ensino isso acabará por se enlaçar nas medidas do combate à desertificação», frisou.
Lusa
«A escola por si só não é um factor essencial de atractividade dos municípios do interior do país», afirmou à Agência Lusa, acrescentando que, contudo, «a não existência de escolas é um contributo para a falta de atractividade».
Na opinião do autarca de Benavente, a desertificação está sobretudo relacionada com a falta de emprego e com a subsistência das famílias, que já não estão dispostas «a trabalharem 16 horas por dia no campo para andarem com a barriga mal cheia».
«Sem famílias, houve a diminuição da população escolar e a consequência é a que assistimos: escolas com um ou dois alunos», lamentou.
António José Ganhão disse que a leitura dos últimos censos «não deixa dúvidas» de que a desertificação se acentuará com ou sem escolas «se não houver projectos de desenvolvimento para o interior», sublinhando, a este respeito, a importância que podem ter os Planos Regionais de Ordenamento do Território.
Está convencido de que a captação de investimentos para o interior do país poderia atrair os jovens, que se fixariam e aí teriam os seus filhos, voltando a haver crianças para encher as escolas.
Ainda que considere que as aldeias sem escolas «são muito tristes para quem lá vive, porque as crianças representam alegria e vida», admitiu que, do ponto de vista pedagógico, «há que perceber e aceitar que não é bom para uma criança viver numa comunidade escolar diminuta».
Isto porque, justificou o autarca, uma criança além de não ter acesso a «ferramentas» hoje consideradas essenciais para a sua formação, como as bibliotecas e as novas tecnologias, «do ponto de vista da sociabilidade teria mais dificuldades em integrar-se» nos níveis superiores de ensino.
António José Ganhão lembrou que «as autarquias do interior do país têm feito tudo o que é possível para evitar a saída da população».
«Desde oferecerem terrenos para a instalação das empresas, a darem subsídios de nascimento ou a chamarem famílias do Brasil para aumentarem a população, tudo têm feito. Mas estes esforços não têm tido as compensações necessárias», acrescentou.
Ter escolas abertas «a qualquer custo» nunca foi a intenção, por exemplo, do presidente da Câmara de Sernancelhe, um concelho situado no Norte do distrito de Viseu, que, apesar de ter 17 freguesias em perto de 230 quilómetros quadrados, deverá ter no próximo ano lectivo apenas 228 crianças no primeiro ciclo do ensino básico, divididas por três pólos escolares e uma escola.
José Mário Cardoso (PSD) defende que, «se tiver qualidade, o ensino é uma forma de ajudar a combater a desertificação», quer seja o ensino básico, quer os outros níveis.
O autarca considera que a transferência de competências para as autarquias nesta área poderá levar a uma «revolução», com resultados positivos, em concelhos pequenos como o de Sernancelhe.
«Se as autarquias forem responsáveis e responsabilizadas pela qualidade do seu ensino isso acabará por se enlaçar nas medidas do combate à desertificação», frisou.
Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário