Yasser Arafat foi, durante largos anos, a mais importante figura do movimento que tem vindo a pugnar pela formação de um Estado palestiniano. Convencido da superioridade das reivindicações do seu movimento, combateu, com ardor, todos aqueles que se opuseram à sua causa, surgindo, nos últimos anos, como uma espécie de mártir.
Arafat sempre se retraiu a expor a sua vida privada. O seu casamento com a palestiniana Suha Tawil, foi mantido em segredo largos meses. Deste enlace teve uma filha, Zahwa. Embora existam divergências sobre o seu local de nascimento, declarou ter vindo ao mundo em Jerusalém, a 24 de Agosto de 1929. Ainda criança, foi, com a sua família, para o Egipto, tendo concluído, em 1956, o curso de engenharia, na Universidade do Cairo. Nesse ano, durante a crise do Canal do Suez, participou voluntariamente no exército egípcio, tendo Iniciado, a seguir, a sua carreira como engenheiro no Kwait.
Em 1959, fundou o grupo Fatah, hoje uma das principais facções da Organização para Libertação da Palestina (OLP). A Organização, formada em 1964, compreendia, para além do Fatah, um apreciável número de grupos que pugnavam pela libertação da Palestina. Foi a Fatah, no entanto, quem, a partir da Guerra dos Seis Dias, ocorrida em 1967, demonstrou possuir um maior poder organizativo, pelo que, desde então, passou a liderar a OLP. A partir dessa altura, Arafat assumiu a presidência do Comité Executivo desta Organização. Uma parte apreciável da população palestiniana passou a ver em Arafat um estratega capaz de zelar pelos seus interesses na disputa territorial com os israelitas.
A ideia inicial da OLP era a constituição de um Estado palestiniano no lugar do Estado de Israel. No entanto, Arafat, ao reconhecer, em 1988, o Estado de Israel, passou a pressupor a existência de um Estado palestiniano coexistindo com os territórios israelitas. Para alguns analistas políticos, este reconhecimento não invalidou a percepção que Arafat detinha sobre o conflito.
Arafat recusou, nos anos noventa, uma proposta de paz apresentada pelo presidente israelita Ehud Barak, uma vez que esse acordo não contemplava uma solução para o regresso dos refugiados palestinianos e não tecia quaisquer considerações sobre o estatuto da cidade de Jerusalém, que ambos os povos disputam.
Em 1993, surgiu, no horizonte, uma esperança para o fim do conflito. Reunidos em Oslo, Arafat e o primeiro-ministro israelista Yitzak Rabin, tentaram conciliar as suas divergências, trazendo para o povo palestiniano a esperança de, em breve, poder constituir um estado próprio. A boa vontade demonstrada por ambos os líderes conduziu a que o prémio Nobel da Paz lhes fosse atribuído em 1995. Na sequência dos acordos de paz estabelecidos na reunião de Oslo, decorreram, em 1996, eleições na Palestina, tendo Arafat sido eleito presidente da Autoridade Palestiniana. Infelizmente, as cláusulas do acordo foram sendo, pouco a pouco, desrespeitadas, o que levou alguns analistas políticos a considerar que se perdeu uma boa oportunidade de encetar novos processos que conduzissem a uma situação de paz real na região.
Tendo fracassado todas as tentativas de conciliação, a guerra entre os dois povos endurece.
No ano 2000, surge, na Cisjordânia, a segunda Infantada, que os israelitas consideram ser impulsionada por Arafat, pelo que cercam os seus escritórios em Ramallah, na Cisjordânia, mantendo-o numa situação de isolamento apenas quebrada a 28 de Outubro 2004, em virtude do líder da Autoridade Palestiniana necessitar de tratamento médico urgente. Conduzido ao Hospital Militar de Paris, acaba por falecer a 11 de Novembro desse ano, deixando atrás de si um sonho por realizar e um futuro incerto na região.
Biografia retirada de O Leme
Biografia retirada de O Leme
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