Mil e quinhentos professores vão ser colocados este ano lectivo nas escolas pelo Ministério da Educação com o objectivo de gerir as bibliotecas, depois de nos últimos anos terem recebido formação. "Há dez anos que ando a lutar por isto. Os professores-bibliotecários são inteiramente gestores e ficam colocados por quatro anos", disse ao CM Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde o lançamento, em 1996.
No início, a rede tinha 164 bibliotecas, hoje são 2063. Em 13 anos, foram investidos 40 milhões de euros e a rede, tutelada pelos ministérios da Educação e da Cultura, serve já cerca de um milhão de alunos.
"Todos os agrupamentos escolares do País têm biblioteca", afirmou Calçada. O plano entra agora numa nova fase: "Não basta ter equipamentos. Se não houver quem as governe, as bibliotecas não cumprem a sua função", afirmou Calçada, sublinhando a importância dos professores-bibliotecários.
Consciente do atraso português – "começámos a fazer as coisas décadas depois dos outros", disse –, a responsável deixa um alerta: "Um dos problemas é que em Portugal aprende-se a ler mal. As crianças lêem devagar, a soletrar... As pessoas têm de perceber que ler é como andar de bicicleta, é preciso treinar muito".
Teresa Calçada sublinhou que "hoje já são muitos os miúdos que levam os pais à leitura". E lembrou que há ainda muito trabalho pela frente: "Vamos avançar agora para as escolas profissionais e reforçar a resposta nas Novas Oportunidades. As bibliotecas vão ter de responder a estas solicitações com novos horários e novos materiais".
"MINISTRA FOI PRÓ-ACTIVA": Teresa Calçada, Coordenadora Rede de Bibliotecas Escolares
Correio da Manhã – Em 13 anos no cargo conheceu vários ministros. Foi fácil trabalhar com todos?
– Sim, porque houve sempre muito boa vontade para este programa, nunca houve anticorpos. Há mérito do nosso gabinete mas também houve sempre um desejo de todos, desde Marçal Grilo até à actual ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, de ver o País equipado com bibliotecas porque era de facto uma necessidade.
– Como foi trabalhar com Lurdes Rodrigues?
– Não podia ter sido melhor. Ela teve sempre uma atitude pró-activa e amistosa.
– O conflito professores/Governo afectou o seu trabalho?
– Não. Os professores souberam sempre separar as águas e nunca senti que deixassem de trabalhar bem por causa dos combates em que estiveram envolvidos.
Correio da Manhã
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