terça-feira, 29 de abril de 2008

Ministra garante mais 10 mil horas de matemática

No final do segundo ano do Plano de Acção para a Matemática, Maria de Lurdes Rodrigues diz estar «optimista» em relação aos resultados do programa e explica que «os chumbos são um mecanismo retrógrado e antigo» com elevados custos financeiros para o Estado
Nove milhões de euros, mais de 10 mil horas de trabalho para a Matemática, cerca de 400 mil alunos e mais de 70 mil professores envolvidos. São os números com que se fazem as contas do Plano de Acção para a Matemática, iniciado em 2005.

Quase no final do segundo de três anos lectivos consagrados à iniciativa que visa tirar Portugal dos últimos lugares nos rankings europeus de Matemática, a ministra da Educação faz um balanço positivo.

«Estou optimista. Acho que os resultados só podem melhorar», garante Maria de Lurdes Rodrigues que encontra a fórmula para o sucesso numa adição: «Não há outra forma de ultrapassar as dificuldades a não ser estudando mais, fazendo mais».

«A situação não é fácil, mas não é impossível», assegura a ministra, sublinhando «a adesão e o entusiasmo extraordinário das escolas e dos professores» ao projecto.

Maria de Lurdes Rodrigues explica que o papel do Ministério da Educação neste plano passou essencialmente por «dar os meios às escolas», que acabaram por desenvolver as suas próprias estratégias para conseguir melhores resultados nesta disciplina.

O reforço das equipas, o apoio de peritos e um maior número de recursos tecnológicos – como quadros interactivos, projectores de vídeo e computadores – foram alguns dos pedidos que chegaram à sede do Ministério na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa.

O Ministério aumentou ainda a oferta de formação contínua para professores de Matemática, definiu um número mínimo de horas consagradas à disciplina no 1.º ciclo do Básico e reforçou os créditos relativos à Matemática na formação de base dos docentes do Básico.

MISNITRA CONSIDERA CHUMBOS «MECANISMO RETRÓGRADO»

Apostada na criação de «um modelo de escola inclusiva», a ministra considera que «os chumbos são um mecanismo retrógrado, antigo» e pretende alterar o cenário actual em que cerca de 20% dos alunos do 9.º ano ficam retidos.

«Precisamos de substituir os chumbos por mais trabalho», explica Maria de Lurdes Rodrigues, que recorda que «o aluno não chumba no último dia de aulas, começa a chumbar no primeiro teste de Outubro».

É por isso que a ministra defende a necessidade de identificar as dificuldades logo no início do ano lectivo e de encontrar estratégias para as combater: «Facilitismo é chumbar. Rigor e exigência é trabalho».

E, para Maria de Lurdes Rodrigues, «o trabalho principal não é feito na sala de aula, é feito nas escolas», pelo que «a organização é uma peça fundamental para o sucesso».

A governante frisa ainda os custos financeiros das reprovações: «Se o aluno custa 3000 euros por ano, quando chumba passa a custar 6000. E se chumbar outra vez custa 9000». E o impacto aumenta nas situações de abandono escolar: «É um investimento não recuperável».

Ainda assim, para a ministra, este é «um custo insignificante face ao custo social de ter no mercado de trabalho jovens com competências deficientes».

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