terça-feira, 1 de abril de 2008

Turma culpa docente

A professora Adozinda Cruz autorizou o uso de telemóveis na aula em que acabou por lutar com uma aluna que atendeu uma chamada. "Deixou-nos usar o telemóvel e faz aquilo?", questionou, indignada, uma estudante do 9.º C que falou ontem sob anonimato. No regresso às aulas, vários alunos da turma contaram o que se passou e que não aparece no vídeo.'Era a última aula antes da Páscoa e deixou-nos 'ouvir música e enviar SMS'. Ao mesmo tempo uma aluna que faltou a um exame anterior fazia um teste na aula. 'Não foi dada matéria e a turma estava a falar à vontade. A Patrícia atendeu o telemóvel e a professora avisou-a para desligar', disse. A jovem não acatou e a docente arrancou-lhe de seguida o aparelho. Indignada, a estudante correu atrás. Tudo acabou com a jovem no conselho executivo.Ontem o 9.º C levou um ‘belo sermão’. Os 45 minutos da primeira aula foram sobre a proibição de telemóveis e o respeito na sala. A reflexão, sugerida pela DREN, foi alargada às outras turmas. Mas o 9.º C enfrentou os avisos com gargalhadas, segundo a turma, que contou que Adozinda'mandava sempre muitos alunos para a rua'.Os primeiros alunos chegaram às 08h00, com os portões fechados por um porteiro zeloso. 'Estamos proibidos de sair, por segurança, relativa à presença dos jornalistas', disse a presidente da associação de estudantes, Célia Perry. No final da manhã nova enchente de alunos admirados à saída. 'Estão a dar demasiada importância. Não foi violência, foi indisciplina', disse Laura Rodrigues, mãe de uma aluna do 8.º ano. O CM tentou, sem sucesso, falar com a docente.Apesar dos avisos, foram ontem apreendidos dois telemóveis usados numa aula. Laura Rodrigues foi uma das mães que tiveram de ir buscar o telemóvel da filha. 'Disseram-nos que os telemóveis confiscados vão para a polícia ou para instituições de caridade, afirmou a presidente da associação de estudantes. O presidente da assembleia geral de alunos, Tiago Andrade, pediu ontem para os media deixarem os alunos em paz. Questionado sobre o episódio violento, o jovem frisou que 'nem todos se comportam assim e que há os que estudam e estão preocupados com o futuro'. Por seu lado, a presidente da associação de estudantes, Célia Perry, aluna do 12.º ano de Artes, admitiu que o 9.º C é 'problemático', mas disse que já 'houve coisas bem piores', sem concretizar. Garantiu ainda que irá enviar uma carta aos jornais se as notícias sobre a escola não pararem. A associação de estudantes, o conselho executivo e a associação de pais estiveram ontem reunidos até ao final do dia. O episódio motivado pelo uso de telemóveis não é caso único. Ricardo Jorge alegou ontem que a professora Adozinda Cruz 'também tirou ao filho, no final do primeiro período, pelo Natal, o MP3 e o telemóvel'. Contudo, o pai concorda com a proibição dos telemóveis na sala de aula e diz perceber os professores. 'Ele só faz asneiras e dá muitas faltas', disse Ricardo, que ontem foi buscar o filho de 14 anos àquela escola.

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