sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Net para alunos do primeiro ciclo nem sempre é «mundo novo»

A Internet e as novas tecnologias são um mundo que nem sempre é novo para os três mil alunos do primeiro ciclo que começaram hoje a receber os computadores portáteis, distribuídos numa mega-operação do Governo.

Aos oito anos, Catarina Sousa, estudante em Mafra, é uma das muitas alunas de todo o país que hoje recebeu um computador, desta vez das mãos do coordenador do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho. Já habituada às novas tecnologias, Catarina Sousa passa a ter agora o seu próprio computador portátil.

«A Catarina é muito activa e muito eufórica com os computadores. Mexe no meu portátil, no do computador do irmão e tem o dela, que é de uma 'geração' mais antiga», disse à Lusa o pai da aluna.

«Sempre que tenho tempo faço desenhos e jogo no computador, vejo sites de jogos e de corridas de carros», contou Catarina Sousa.

Na Amadora, Francisco, de 7 anos, foi um dos 270 alunos da escola Sacadura Cabral que hoje recebeu o seu computador portátil e o entusiasmo é evidente: «É o meu primeiro computador. Isto é muito giro, posso jogar e ir à Internet quando eu quiser».

Já a sua colega Ana Sofia revelou que agora poderá impor regras à irmã que lhe limitava o acesso à Internet. «A minha irmã nunca me deixa mexer no computador dela e eu ficava triste. Agora, ela é que não mexe no meu, que é mais bonito que o dela», disse, ao mesmo tempo em que mostrava a uma amiga como funciona o seu novo «Magalhães».

«Posso desenhar, posso escrever, é giro não é? É pequenino mas é muito bonito», acrescentou.

Mais a sul, na vila alentejana de Portel (Évora), a pequena Inês Coxinho, de seis anos, ficou hoje «encantada» quando recebeu o Magalhães, o seu novo «amigo informático». «Gosto de tudo e tem muitas cores», observou a tímida lourinha, uma das crianças da Escola Básica do primeiro ciclo de Portel que hoje ficaram «felizes» quando receberam computadores portáteis «Magalhães», antes da chegada da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que participou na cerimónia.

«Lá em casa temos um computador, do meu pai, meu e da minha mãe», contou à Lusa Inês, que, a partir de hoje, tem um computador só para ela e já não precisa de partilhar o lá de casa com os pais e que só usa «para jogar» e «quando o pai deixa».

Já na escola de São Mamede de Infesta onde esteve o primeiro-ministro José Sócrates, a «loucura» foi «total» quando à entrada da sala de aula, os alunos se aperceberam que em cada secretária já se encontrava o respectivo computador portátil «Magalhães».

Houve até quem prometesse dar «um beijo» de agradecimento ao primeiro-ministro, que hoje assinalou naquela escola o início da distribuição dos computadores aos alunos do 1º ciclo.

«Eu vou dar-lhe um beijo, porque em minha casa só o meu irmão é que tinha computador», anunciava a Cláudia, em declarações à Lusa.

Nos seus sete anos, esta aluna estava «feliz» por agora poder fazer «coisas giras» como «pintar e jogar» no seu computador.

«Jogar», «pesquisar» e «fazer os trabalhos de casa» eram tarefas que os alunos prometiam cumprir ainda que sem certezas em relação à ligação à Internet.

Mais para o interior, em Sabrosa, na terra onde terá nascido o navegador português que dá o nome ao computador, Joana Ruivo foi uma das alunas que recebeu o novo portátil. Para já, a primeira experiência foi escrever o próprio nome mas a Joana diz que vai aprender com a irmã de 14 anos a navegar na Internet já que ela «passa lá muito tempo a brincar».

José Bruno também tem sete anos, mas para ele o computador já não é novidade alguma. Bruno já joga no computador do pai e diz que vai servir para «jogar muitos jogos».

Mas da escola mais activas na utilização das novas tecnologias e por isso, não foi de estranhar que hoje se tenha sentado na primeira fila para receber o «Magalhães».

Se o entusiasmo de todos é imenso, as regras a definir vão caber aos pais.


A partir de Mafra, Catarina Sousa espera «dar a volta ao mundo» como o descobridor Fernão Magalhães mas sem sair do quarto ou da sala de aula. Para já, ficou com um aviso dos pais: só pode aceder aos jogos do Magalhães desde que tenha os trabalhos de casa todos feitos.

Lusa

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