sábado, 7 de junho de 2008

Amordaçados pela professora


Uma professora foi afastada da escola do 1º ciclo de S. Jorge, Porto de Mós, onde dava aulas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) por ter amordaçado os alunos do 4º ano, de nove e dez anos, durante uma avaliação, para os obrigar a estar calados.


Na aula anterior à avaliação, a professora recomendou aos 21 alunos que não se esquecessem de trazer de casa um lenço – deu como exemplo os lenços de pano que os avós usam para assoar o nariz.

No início da avaliação, a professora, de carteira em carteira, atou os lenços à volta da cabeça dos alunos. Naqueles que não haviam trazido lenço, usou os casacos, cujas mangas davam um nó na boca.

O caso aconteceu na terça-feira efoi denunciado no próprio dia pela professora de turma, Alina Luís, ao Agrupamento de Escolas de Porto de Mós, que afastou a professora. Ontem, já foi outro docente assegurar a aula de TIC – que integra as actividades de enriquecimento curricular.

Alina Luís confirmou ontem a situação ao CM, garantindo que o 'pequeno incidente' estava 'resolvido', escusando-se a explicar como. A mesma atitude foi tomada pela presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Porto de Mós, Olímpia Lima, que apenas adiantou 'não haver a certeza de que tenha sido a primeira vez' que a situação ocorreu.

Segundo apurámos, Alina Luís foi alertada por alguns pais para o caso e entrou na sala de aula durante a avaliação. Foi com estupefacção que constatou que as crianças estavam amordaçadas. Só saiu da sala depois de obrigar a professora a retirar lenços e casacos da boca dos miúdos.

Os pais que se aperceberam do que a docente fez ficaram indignados, mas não chegaramatomar qualquer atitude.

'Não foi necessário agir, porque foram tomadas as medidas necessárias pela professora da turma', disse Fernanda Louro, da Comissão de Pais, adiantando que 'foi tomada a atitude certa no momento certo. Os pais acabaram por ficar tranquilos'.

Fernanda Louro, que tem dois filhos gémeos na turma, destacou o bom comportamento do grupo. 'É verdade que são um pouco faladores, mas os professores têm de os ouvir e de saber lidar com eles'.

'AS CRIANÇAS PERCEBEM QUE É ALGO DISPARATADO'

'As crianças nessa idade, quando são saudáveis, percebem que estão a viver uma situação disparatada e não resulta daí um trauma psicológico', defende Ana Maria Vasconcelos. A pedopsiquiatra diz que as consequências poderiam ser mais negativas se tivessem sido amordaçados apenas alguns alunos, discriminando-os em frente aos restantes. Por isso, prefere salientar a necessidade de pais e estudantes estarem atentos a situações destas e perceberem se um caso acontece isoladamente ou se é acompanhado de outras acções. É que situações deste tipo podem indiciar um estado depressivo ou de ansiedade do docente.

OUTROS CASOS

Fita-cola

Os pais de três alunos do 3.º ano da escola do 1.º ciclo do Salgueiral, Guimarães, processaram a professora de Inglês dos filhos por maus tratos infantis, em Abril. Acusaram a docente de castigar as crianças, sentando-as de frente para a parede e com as bocas tapadas com fita-cola, por situações de mau comportamento. O agrupamento de escolas abriu um inquérito para apurar o que se passou.

Colher de pau

Uma professora de uma turma do 4.º ano de uma escola de Góis foi acusada, em Abril, por um grupo de encarregados de educação, de puxar os cabelos às crianças e de lhes bater com uma colher de pau. Além disso, quando os alunos se portavam mal ou não faziam os trabalhos de casa de forma adequada, trancava-os na casa de banho, onde os agredia 'física e psicologicamente'.

CM

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