quinta-feira, 26 de junho de 2008

Porto: professora agredida no interior de escola


Aconteceu tudo no último dia de aulas, a 13 de Junho. Uma professora (que quer manter o nome sob reserva) saía da Escola EB 2/3 de Paranhos, no Porto, já depois do derradeiro toque de saída, pelas 18h, quando foi interpelada por duas mulheres, que a agrediram e insultaram ainda no interior do recinto escolar. A assistir estava um funcionário da escola, que não reagiu.

A situação foi contada na primeira pessoa ao PortugalDiário, tendo já sido relatada ao Procurador Geral da República, à Ministra da Educação, à Inspecção Geral da Educação e ao Conselho Nacional de Educação. A docente em causa também reportou a situação à PSP e fez exames no Hospital de Santo António e Instituto de Medicina Legal.

«Quando ia a sair da escola, 15 minutos depois do último toque de saída, deparei-me com o portão da escola totalmente aberto e no passeio várias pessoas, entre elas as duas mulheres que me vieram agredir dentro da escola. Uma das agressoras é mãe de dois alunos problemáticos da escola, sendo um deles muito agressivo e tendo ao longo do ano lectivo sido alvo de várias suspensões por agressões a colegas, insultos a professores e outros motivos», contou a professora, relatando que tudo terá começado depois do aluno a ter insultado:

«Disse-lhe que não podia falar assim. Tentou bater-me mas um aluno colocou-se no meio de nós, empurrou-o para trás e disse-me para me ir embora. Depois, percebi que ligou para a sua mãe, pedindo que me espancasse». O aluno em causa tem 11/12 anos.

«As duas mulheres, mãe e filha de 23 anos, entraram na escola aos gritos com insultos e obscenidades e passaram à agressão física, dando-me murros, pontapés e atirando-me ao chão. Eu defendi-me como pude. A filha ainda me fez ameaças de morte», esclareceu a professora, «sem receio de denunciar, porque isto tem de acabar». Fala mesmo na existência de um «gang» na escola, que aterroriza «nomeadamente os outros alunos».

Sentimento de impunidade

A situação apresenta laivos de premeditação. «Soube que já tinham andado à minha procura. Achei estranho ter poucos alunos em área de projecto, mas depois disseram-me que julgavam que eu tinha ido embora porque sabiam que alguma coisa ia acontecer», frisou a docente.

Experiente, diz ter visto «coisas horríveis» noutra escola do Porto onde leccionou e onde chegava a haver agentes policiais dentro do recinto, mas consigo nunca houve registo de problemas. Sente que agora, na EB 2/3 de Paranhos, terá de haver medidas mais interventivas para terminar com as situações de violência.

«A primeira agressão violenta de que me lembro nesta escola foi há dois anos atrás, em que familiares de um aluno entraram na escola com cães considerados de raça perigosa e espancaram o funcionário, deixando-o em péssimas condições, tendo ido parar ao hospital. O referido aluno continuou a frequentar a escola como se nada se tivesse passado e continuou a fazer o que lhe apetecia com impunidade total. Houve denúncias para o Conselho Executivo, mas o nosso esforço foi em vão, porque só no final do ano lectivo é que estes alunos tiveram uma suspensa, leve», conta.

Sem protecção

«Os casos gravíssimos sucederam-se durante todo o ano lectivo, com especial incidência à sexta-feira da parte da tarde, que é o período da semana em que há pouquíssimos professores a leccionar e que há um menor número de elementos do Conselho Executivo na escola», refere a docente, registando outros casos de agressões a alunos na estação de Metro.

«Estes alunos agressores passeiam-se pela escola em busca de mais uma briga violenta ou de uma vítima, não cumprindo as regras que são impostas aos outros alunos», vinca, chocada com a sensação de impunidade vigente e a falta de protecção: «A minha escola não dá protecção ao pessoal docente, funcionários e mesmo aos alunos, uma vez que durante todo o ano houve um número muito elevado de agressões a alunos por parte de grupos de alunos organizados, que são quase sempre os mesmos».

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