quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ministra acusa professores de imprudência na crítica

Educação. Falhas apontadas à prova de Português do 12.º ano irritaram Maria de Lurdes Rodrigues, que acusou os professores de procurar "protagonismo". Ontem, a ministra anunciou melhoria nas notas das provas de aferição e quase cem mil fizeram teste de Português do 9.º
Lurdes Rodrigues não reconhece falhas nas provas do 12.º ano
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, criticou a Associação de Professores de Português (APP), que apontou várias falhas aos exames de Português do 12.º ano, feitos terça-feira por 60 mil alunos. A APP, que ontem voltou a não receber do ministério os critérios de correcção das provas, neste caso de Português do 9.º ano, mantém "tudo" o que disse.

"Há muita falta de prudência quando se fazem afirmações sobre as provas", disse a ministra, para quem certos comentários indiciam "algum [desejo de] protagonismo".

Em declarações ao DN, Paulo Feytor Pinto, da APP, tinha apontado às provas o uso indevido de dois termos da Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário (em revisão), referências ao padre António Vieira, que não faz parte do programa do 12.º, e formulação pouco clara de uma questão relativa a Os Lusíadas.

"Não saiu nenhum texto do padre António Vieira", afirmou a ministra, considerando ainda que, em relação à pergunta sobre Os Lusíadas, foi Feytor Pinto quem errou: "A pergunta está certa e o professor errou." Já Carlos Pinto Ferreira, director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), responsável pelas provas, foi mais além: "Esse presidente da APP teve uma atitude lamentável", considerou.

Contactado pelo DN, Paulo Feytor Pinto garantiu que "a direcção da APP mantém tudo o que disse sobre a prova". Em relação à referência ao padre António Vieira, precisou que esta surgia "num texto de António Oliveira Martins", mas disse que a pergunta poderia conduzir os alunos a escreverem sobre a obra do jesuíta do século XVII. Quanto às críticas recebidas, o presidente da APP limitou-se a dizer que "vivemos num País livre e desenvolvido, onde toda a gente tem direito a uma opinião". Já em relação ao facto de a APP não ter recebido os critérios das provas, como acontecia todos os anos, disse apenas "que a questão deve ser colocada a quem tomou essa decisão". O DN colocou a pergunta ao ministério, mas não obteve resposta.|


DN

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