terça-feira, 3 de junho de 2008

Refeição "gourmet" servida a alunos do 1º ciclo e do pré-escolar de escola em Alvalade

Os alunos da escola nº 101 de Alvalade, em Lisboa, tiveram hoje direito a um almoço "gourmet", confeccionado pelo chefe Fausto Airoldi, uma iniciativa autárquica que pretende alertar para a necessidade de as crianças fazerem refeições saudáveis.

O chefe do restaurante Pragma e presidente da Associação dos Cozinheiros Profissionais de Portugal transformou hoje o menú pré-definido em propostas originais: uma sopa de macedónia tornou-se numa espuma de batata com macedónia salpicada, almôndegas com esparguete e salada de cenoura "tranformaram-se" em almôndegas com bolo de esparguete e cenoura e uma simples laranja foi apresentada pingada de mel e azeite.

Uma "refeição super diferente", com uma sopa "branca e com cores", na opinião de Clara, de 5 anos, e "um segredo" para Susana, também com 5 anos.

As duas crianças do jardim de infância e primeiro ciclo da escola n.º 101 partilham a opinião em relação a um ponto. Nenhuma gostou da sopa, até porque, segundo disseram à Lusa, não são grandes fãs daquele prato.

A opinião das duas meninas em relação à sopa é partilhada pelos colegas mais velhos. Bernardo e Simão, ambos com 8 anos, também não gostaram do prato. "Sabia a puré de batata, mas chama-se espuma", disse Bernardo.

Mas, sabores à parte, para Rodrigo, de 9 anos, que se afirma como "um grande apreciador" de comida, "o mais importante é que seja servida com requinte".

Fausto Airoldi concorda que é necessário sensibilizar os responsáveis das escolas para servirem "comida sã", mas mais importante que isso, o chefe defende que deve chegar-se aos pais.

"Comer bem começa em casa", disse.

A opinião é partilhada por Rosário Dias, uma das autoras sobre o estudo de comportamento alimentar "Mais olhos que barriga", que na fase 1 teve como "objecto de estudo" 373 crianças de 4, 5 e 6 anos. Na fase 2, em preparação, o estudo irá incidir nos miúdos com idades entre os 7 e os 10 anos.

"Pedimos às crianças que desenhassem a sua refeição preferida e também a que achavam que deviam comer. A grande maioria gosta muito do clássico bitoque e de salsichas, mas sabe que deve comer alimentos cozidos e vegetais", explicou uma das autoras do primeiro livro suportado por uma investigação científica sobre o comportamento alimentar de crianças entre os 4 e os 6 anos.

"Se alguém ensinar, temos a certeza que a criança aprende. Através do estudo conseguimos concluir que aos 4 anos, os miúdos já têm noção do que devem comer", afirmou a professora.

O livro infantil "Ora parte um prato", que é um "programa de educação alimentar" e teve como base o estudo "Mais olhos que barriga", foi apresentado no almoço preparado por Fausto Airoldi.

Na obra, uma edição da Câmara Municipal de Lisboa, um "prato encantado" ensina aos mais pequenos o que devem comer, e o que devem evitar, em cada uma das refeições que compõem o dia-a-dia.

O livro, que será distribuído às crianças do primeiro ano das escolas do primeiro ciclo da capital, tem ainda uma parte destinada aos pais e educadores, que, para Rosário Dias e Fausto Airoldi, "devem ser os primeiros a aprender".

As refeições "gourmet" irão chegar em breve a outras escolas da rede pública da capital.

Com esta iniciativa a autarquia pretende "chamar a atenção de pais e educadores, e sensibilizar a opinião pública e as empresas que fornecem as refeições, para os cuidados alimentares", disse a vereadora da Educação, Rosalia Vargas.

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